Rolling Stone Brasil
Busca
Facebook Rolling Stone BrasilTwitter Rolling Stone BrasilInstagram Rolling Stone BrasilSpotify Rolling Stone BrasilYoutube Rolling Stone BrasilTiktok Rolling Stone Brasil

Anthrax promove ode ao mosh pit em São Paulo

Público ficou eufórico com apresentação inédita da formação (quase) clássica da banda nova-iorquina; show teve abertura do Misfits

Cassiano Pereira Publicado em 28/04/2012, às 14h43 - Atualizado às 15h04

WhatsAppFacebookTwitterFlipboardGmail
Joey Belladonna em sua primeira passagem pelo Brasil à frente do Anthrax - Thais Azevedo
Joey Belladonna em sua primeira passagem pelo Brasil à frente do Anthrax - Thais Azevedo

O Anthrax encerrou nesta sexta-feira, 27, no HSBC Brasil, em São Paulo, sua terceira passagem pelo Brasil. Entretanto, é possível dizer que esta teve um peso especial, já que Joey Belladonna, o vocalista presente na época em que a banda elevou-se ao nível das quatro principais bandas de thrash metal nos anos 80 (junto a Megadeth, Slayer e Metallica), nunca havia se apresentado no país. A formação é clássica (se não contarmos a ausência menos importante de Dan Spitz na guitarra), portanto o clima pré-show era de ansiedade. O estilo mais dramático de Belladonna, que remete a Dio e Bruce Dickinson, faz a sonoridade da banda mudar radicalmente em relação aos tempos de John Bush, que veio nas últimas vezes para cá.

Clique na galeria à esquerda para ver fotos dos shows do Misfits e do Anthrax.

A veterana banda de punk rock Misfits abriu a noite tocando para muita gente que foi especialmente para vê-los (era grande a quantidade de pessoas com a camiseta da banda). Com o característico visual de tema de terror, o Misfits tocou por mais de uma hora o seu punk rock melódico de “malditos 35 anos”, como disse o fundador Jerry Only antes de tocar “She”, que tem essa mesma idade.

Cantando de maneira similar a Glenn Danzig, Jerry faz a melhor performance possível sem o famoso vocalista, que não está com eles desde o início dos anos 80. Entretanto, a prova de que a banda renovou seu público veio quando eles tiveram uma recepção calorosa a músicas como “American Psycho”, que vieram depois que Glenn saiu. Por ter Dez Cadena, ex-Black Flag, tocando guitarra, eles chegaram até a tocar uma cover da lendária banda de hardcore, “Thirsty and Miserable”. No fim, mostraram que seus refrães podem manter o público interessado por um bom tempo.

O Anthrax foi festejado na casa desde o primeiro instante em que começou a tocar, quando o líder e baterista Charlie Benante soltou os blast beats (rajadas de caixa, prato e bumbo tocadas rapidamente ao mesmo tempo) que abrem o mais recente álbum do grupo, Worship Music (2011), muito bem recebido por crítica e fãs. Vendo a banda afiada e tocando com um som exageradamente alto, o público não demorou para abrir um mosh pit de aproximadamente 20 metros de diâmetro no meio da pista.

O primeiro grande momento veio logo depois, com a nova “Fight ‘Em Till You Can’t”, que mostra a banda na mesma forma que estava no auge do thrash metal, quando lançou o disco Among The Living, em 1987. Desse disco, eles tocaram na sequência a célebre “Caught in a Mosh”, uma homenagem ao mosh pit que só fez o mesmo aumentar e se manter na ativa durante o show inteiro, com os fãs felizes, dançando com largos sorrisos – e sem a violência que às vezes se dá em alguns shows com essa prática.

Alternando músicas novas e clássicos no início do show, o Anthrax comprovou que Worship Music já é adorado pelos fãs, o que fez com que a dinâmica da apresentação funcionasse com excelência. O público, que já estava eufórico, foi desafiado no meio de “Indians” por Scott Ian, quando a banda parou de tocar e ele incitou que todos dançassem e pulassem na parte em que ele grita “war dance”. Ele foi, obviamente, prontamente atendido.

O restante do show foi marcado pela escolha de músicas variadas pré-anos 90, sem nenhuma da fase com John Bush. É só assistir a “Only” sendo cantada por Belladonna no Youtube para ver que foi uma escolha sábia. Vieram também outros hinos old school, como “Among The Living” e “Deathrider”, a ultrarrápida “primeira música do primeiro álbum”, como sempre destaca Scott antes de tocá-la.

A sequência final do bis começou com “I’m The Man”, uma das primeiras fusões entre rap e metal da história, uma cover de “Refuse/Resist”, do Sepultura, em homenagem a Andreas Kisser (que já tocou temporariamente com a banda) e o final com a poderosa “I Am The Law”, outra do clássico Among The Living.

A impressão geral é de que o show do Anthrax promove uma atmosfera mais alegre e positiva do que os outros grandes do thrash metal. Muitos dos temas de músicas da banda giram em torno da celebração de filmes, séries, histórias em quadrinhos e heavy metal, diferente dos temas satânicos, políticos e de angústia humana de seus colegas. Por serem assim, assumidamente bem-humorados e fãs de cultura pop em geral, eles fazem nos notar que são músicos vivendo um sonho e esperando que o público o aproveite junto com eles. São muito bem-sucedidos.

Veja abaixo o set list do Anthrax:

“Earth on Hell”

“Fight 'Em Till You Can't”

“Caught in a Mosh”

“Antisocial”

“I'm Alive”

“Indians”

“In the End”

“Got the Time”

“Deathrider”

“Medusa”

“Among the Living”

Bis:

“Be All, End All”

“Madhouse”

“Metal Thrashing Mad”

Bis 2:

“I'm the Man”

“Refuse/Resist”

“I Am the Law”