The Cure faz maratona com mais de três horas de sucessos no Rio

A banda abriu a turnê brasileira, que ainda passará por São Paulo no sábado, 6

Carlos Eduardo Lima

Publicado em 05/04/2013, às 12h18 - Atualizado às 16h44
O The Cure estreou a turnê no Brasil com apresentação no Rio de Janeiro, no HSBC Arena - Roberto Filho/AgNews
O The Cure estreou a turnê no Brasil com apresentação no Rio de Janeiro, no HSBC Arena - Roberto Filho/AgNews

O Cure lançou um disco ao vivo em 2011, Bestival, em que Robert Smith e banda davam um aviso para o mundo: “estamos vivos e resolvemos revisitar todas as nossas fases e sucessos. Se a turnê passar pela sua cidade e você for fã, não perca o show”. Claro que não foi preciso qualquer pronunciamento, o fã do The Cure, ao ver um CD duplo com 32 sucessos de momentos distintos da carreira do grupo, já estava subindo pelas paredes. Para agravar a situação, o grupo não dava as caras por aqui há 17 anos. Tempo demais para uma banda com tantos admiradores e sucessos.

Mesmo com esse cenário potencialmente favorável, a HSBC Arena, ponto de partida da LatAm Tour 2013, que percorrerá, além do Rio, São Paulo, Assunção, Buenos Aires, Santiago, Lima, Bogotá e Cidade do México, não estava lotada na noite da última quinta-feira, 4, por motivos que incluem engarrafamentos homéricos na Barra da Tijuca (o que fez a banda atrasar meia hora para dar tempo de mais fãs chegarem ao local) e o preço elevado dos ingressos. Descontados esses detalhes, os que compareceram ao local puderam se esbaldar em mais de três horas de show.

Diante dos seus 54 anos, Robert Smith sabe que tem um belo repertório e uma bela encarnação do Cure. Ao lado dele, nas guitarras, está Reeves Gabrels, que colaborou com a banda em 1997 e notabilizou-se ao integrar o Tin Machine, projeto paralelo de David Bowie. Além disso, Gabrels também tocou em discos do Camaleão, como Outside (1995), Earthling (1997) e ‘Hours...’ (1999). No baixo está o sócio-fundador, Simon Gallup, conservadíssimo para os seus 53 anos. Além deles, o bom baterista Jason Cooper e o tecladista Roger O'Donell completam o line-up. Dessa forma, Smith tem condições de mandar bala em set lists abrangentes, além de garantir uma marca registrada do Cure ao vivo: a reprodução quase fiel das gravações de estúdio.

Os trabalhos iniciaram-se com a tradicional abertura de "Open", já emendando em "High", ambas do disco Wish (1992). A partir daí, Smith foi alternando sucessos de todas as facetas da banda: o Cure fofo se representou com "Mint Car", "Why Can't I Be You" e "Friday I'm In Love"; o hitmaker deu as caras com "Inbetween Days", "Close To You" e "Just Like Heaven"; o depressivo do fim dos anos 80 apareceu com "Pictures Of You", "Lovesong" e "Lullaby"; enquanto o Cure do início dos anos 80 foi fartamente revisitado em "Charlotte Sometimes", "Let's Go To Bed" e "A Forest". Com dois retornos ao palco, além da longa duração do show, muita gente foi deixando o local.

Aos que resistiram às intempéries, Smith entabulou um bis final com pequenos clássicos como "Love Cats", "The Caterpillar", preparando para a trinca arrasa-quarteirão que encerrou a noite, com "Boys Don't Cry", "10:15 Saturday Night" e "Killing An Arab", esta última, causa de controvérsias por conta de letra e título, cuja inspiração está no livro O Estrangeiro, do escritor franco-argelino Albert Camus.Todas essas canções remetem aos tempos do primeiro disco da banda, Three Imaginary Boys (1979).

Mais que nostalgia e competência, o show do The Cure é extremamente profissional, levado adiante por um humilde e competente Robert Smith, que borra sua perene maquiagem de tanto suar a camisa no palco. Um belo show de uma banda essencial do rock.