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Ex-integrantes devem participar dos shows dos Rolling Stones

Mick Jagger, Keith Richards e Ron Wood dão mais detalhes sobre os quatro shows já agendados, e adiantam que há planos para mais datas

Brian Hiatt / Tradução: J.M. Trevisan Publicado em 24/10/2012, às 13h12 - Atualizado às 14h57

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Rolling Stones - Rankin/Divulgação
Rolling Stones - Rankin/Divulgação

Depois de meio século de sucessos, vícios, confusões e desavenças, os Rolling Stones se juntaram em tempo de celebrar o aniversário de meio século no palco. Mas Mick Jagger não está muito a fim de sentimentalismo. “Eu queria que a turnê chamasse Fuck Off [foda-se]”, diz o vocalista. “Mas ninguém quis.” Keith Richards acrescenta: “Manter uma banda junta há tanto tempo, principalmente no rock and roll, é provavelmente algo único na história da música. Afinal, foi para isso que nasci: fazer história na música”.

Rolling Stones 50 anos: uma carreira em fotos.

O que os Stones anunciaram até agora não é bem uma turnê: farão quatro shows este ano – em 25 e 29 de novembro na arena O2 em Londres, e em 13 e 15 de dezembro, no Prudential Center em Newark, Nova Jersey. Mas Richards duvida que eles parem por aí. “Minha experiência com os Rolling Stones diz que uma vez que o colosso começa a se mover, não há como pará-lo. Assim, sem querer dar uma resposta afirmativa definitiva – sim. Não estamos fazendo tudo isso para apenas quatro shows!” Os Stones esperam que o ex-guitarrista Mick Taylor (que deixou a banda em 1974) e o baixista Bill Wyman (ausente desde 1993) participem desses shows, mas apenas como convidados em algumas músicas. Richards enfatiza que Darryl Jones, baixista que excursiona com a banda há muito tempo, não deve sair. “Darryl não tem o reconhecimento devido”, diz o guitarrista. “Ele e Bill podem conversar sobre as músicas em que querem participar.” Para o show final em Newark (transmitido ao vivo via pay-per-view), é provável que mais convidados apareçam – Ron Wood cita Eric Clapton e Jeff Beck como possibilidades. A banda dá de ombros quanto às reclamações sobre o preço de mais de US$ 800 dos ingressos para os melhores lugares. “Como Keith disse: ‘Parece justo’”, diz Wood. “Eu pagaria! Já gastamos cerca de um milhão em ensaios, e não estamos nem na metade. E o palco vai custar milhões e milhões.”

Os Stones têm também um novo documentário abordando sua carreira, Crossfire Hurricane, dirigido por Brett Morgen, que estreia na HBO norte-americana em 15 de novembro. Em menos de duas horas, o filme passa por toda a história da banda, dos primeiros shows no Marquee Club até a chegada de Wood, mantendo um tom relativamente leve durante a narrativa. “Eu nunca quis fazer um filme nostálgico”, diz Jagger. “Tem que ser meio irreverente.”

Um pré-requisito para a volta dos Rolling Stones foi o pedido de desculpas de Richards a Jagger pela sequência de insultos que o guitarrista incluiu em seu livro, a biografia best-seller Vida (2011). “Ele se desculpou, olhando na minha cara”, diz o cantor calmamente. “Por isso você tem que deixar todas essas coisas de lado. São águas passadas, sério. Espero que a gente possa continuar trabalhando.” Richards complementa: “Era algo que precisava ser tirado da porra do caminho para que a gente pudesse colocar a banda na estrada. Você sabe, sou capaz de me desculpar até com Deus se você quiser. Estou cagando. Eu disse: ‘Siga em frente, irmão, siga em frente’. Se você é casado com alguém há 50 anos, pode ter suas briguinhas aqui e ali, e não ligamos de ter as nossas em público ocasionalmente. Não podemos nos divorciar – estamos fazendo isso pelas crianças!”

“Doom and Gloom”, o single recém gravado para a última coletânea de sucessos da banda, GRRR!, soa mais ou menos como os Stones clássico, apesar dos ajustes de produção modernos. Mas isso não quer dizer que Jagger e Richards tenham revivido sua parceria nas composições. A música começou como uma demo que Jagger fez sozinho, e até o riff de guitarra que abre a faixa é tocado por Jagger, não Richards. “Não estou nem aí”, diz o guitarrista. “Ele nunca teria aprendido a tocar isso se eu não tivesse ensinado.” Outro fato que influenciou o longo hiato desde o final da turnê Bigger Bang (2007) foi a luta de Wood contra o alcoolismo. Ele agora está em seu terceiro ano de sobriedade, e espera manter a marca na estrada, embora as turnês anteriores tenham sido sempre um desafio. “No passado”, diz Wood, “havia sempre aquela vodka secreta, como aquela antes de entrar no palco. Que nunca era só uma, aliás.” Richards também está bebendo significantemente menos. “Não exagero mais”, diz ele. “Gosto de uma taça de vinho durante a refeição e tal, mas parei com essa coisa de acordar e beber, sabe? Se larguei a heroína, posso largar qualquer coisa. Não é grande coisa para mim, faço para impressionar os outros. Mas se me aparecerem com uma droga nova incrível, serei o primeiro a usar, pode acreditar.”

Richards sustenta que seu uso de substâncias, ou o não uso, tem pouco efeito no modo como toca, mas Wood discorda. “É um prazer tocar com Keith agora”, diz Wood. “Era um saco na última turnê, perto do final, porque ele estava pegando firme nessa coisa da bebida e da negação. Mas agora ele percebeu que precisa se cuidar.” Uma vez que o guitarrista principal não está totalmente sóbrio, Wood se sente inclinado a ficar de olho. “Não vou ficar dando sermão”, diz. “Só vou intervir se perceber algum perigo.”


Os Stones parecem tão genuinamente empolgados com seus ensaios recentes em Paris que incluíram faixas raramente tocadas, como “I Wanna Be Your Man”, composta por Lennon e McCartney, e a balada “Lady Jane”, de Aftermath (1966). “Quando você entra para tocar, pensa: ‘Ah, Cristo, sou um velho senil’”, diz Richards. “Mas não é verdade! A energia acumulada nestes cinco anos é incrível.”

Para Jagger, se apresentar com os Stones significa fazer jus à sua reputação de maravilha física eternamente jovem, algo que ele afirma ser uma impressão altamente exagerada. “Somos todos humanos”, diz ele, “e ninguém dura para sempre. Por outro lado, você tenta se manter em forma. Obviamente, não dá para fazer as mesmas coisas [no palco] que você fazia quando tinha 19 anos, por isso tem que fazer outras coisas. Não há milagre na vida.” Mas ele sabe que os fãs esperam que ele seja algum tipo de exceção: “De certa forma é um fardo, não? Melhor que eu esteja OK pelo menos”.

A exigência física é ainda mais pesada para Charlie Watts e seu 71 anos, que tem um massagista para suas costas a postos depois de cada ensaio. “Tocar bateria cobra um preço alto”, diz Wood, “ver ele tocando como se não fosse nada, fazendo como se cada batida soasse como fogos de artifício, tudo isso acaba estourando nas costas dele, sabe? Ele sofre terrivelmente.”

Os Stones estão se preparando para serem questionados se esta será a despedida da banda. Mas como sempre, jamais irão confirmar. “Não é o tipo de cartada que, na minha opinião, deveria ser usada”, diz Jagger, que afirma ainda querer gravar outro álbum dos Stones em algum ponto. “Conheço muita gente que apela para isso, mas o tiro sempre sai pela culatra.”

Os Rolling Stones não esqueceram que não estarão sozinhos na estrada neste fim de ano, com tantos de seus contemporâneos – Bob Dylan, The Who e Paul McCartney, só para citar alguns – também tocando para plateias enormes. “O que posso dizer?”, diz Richards. “É uma baita geração”.