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Há um ano no Brasil, Netflix busca agora aumentar o catálogo e agradar os gostos locais

O CEO disse à Rolling Stone Brasil que a empresa está ajudando o comediante Rafinha Bastos a engrenar uma carreira nos Estados Unidos

Stella Rodrigues Publicado em 31/08/2012, às 16h17 - Atualizado em 10/08/2016, às 11h55

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Rafinha Bastos: "Eu gosto de incomodar" - Victor Affaro
Rafinha Bastos: "Eu gosto de incomodar" - Victor Affaro

Presença constante na lista de populares no serviço de vídeos on demand Netflix, Rafinha Bastos poderá colher muitos frutos dessa parceria. No Brasil para comemorar um ano da versão brasileira do site, Reed Hastings, CEO da empresa, sentou com a reportagem da Rolling Stone Brasil para refletir a respeito desses primeiros 12 meses. Uma das coisas que ele contou é que a companhia está ajudando Rafinha a começar uma carreira nos Estados Unidos. “Ele esteve na nossa abertura e foi para Los Angeles algumas vezes. Queremos ajudá-lo a ser bem-sucedido nos Estados Unidos também, cruzar essa barreira. Tem sido uma colaboração ótima”, afirma Hastings.

Porém, a primeira preocupação de Hastings, antes mesmo da entrevista, é a recepção que seu produto teve no país durante esse tempo. Ele quis saber quais problemas foram detectados, se a qualidade dos vídeos era boa e o que nós achávamos que poderia melhorar. De fato, as maiores reclamações dos brasileiros quanto ao serviço moram nessa área, além dos frequentes pedidos de expansão do catálogo disponível no Brasil. A empresa está trabalhando nessas duas vertentes, enquanto busca aumentar o número de assinantes. Segundo Hastings, em nove meses, a Netflix alcançou um milhão de assinantes na América Latina.

A companhia está animada com os conteúdos novos que estão chegando. O premiado documentário Senna deverá estrear na semana que vem e, em janeiro, a aclamada série Arrested Development volta na forma de uma temporada inteirinha, com dez episódios, que sobem de uma vez. “Vai todo mundo faltar no trabalho dizendo que está doente, será um grande dia”, brinca Hastings. Ainda sem novidades a respeito da tão comentada ideia da empresa de coproduzir uma série brasileira, o CEO conta que a grande estratégia comercial da empresa aqui – e fora do país também – está no boca a boca. “Tentamos pensar no que vai deixar os assinantes mais felizes, porque aí eles contam para os amigos sobre isso. Arrested é algo que muita gente queria que continuasse há muito tempo. Aí acontece o boca a boca. A mesma coisa com House of Cards, que será um thriller político muito particular. Canais de internet nunca fizeram produções caras e grandes assim. Achamos que vai causar muita impressão”, disse ele sobre o remake que tem David Fincher (A Rede Social) na direção e é protagonizado por Kevin Spacey.

Nesse mundo da internet, em que predominam produções menores, mais baratas e curtas, a Netflix quer sair na frente investindo em nomes já bem-sucedidos do cinema e da TV, como o de Jenji Kohan (Weeds), que está por trás de Orange Is the New Black, e Eli Roth, especialista em terror, que está desenvolvendo Hemlock Grove, ambas séries previstas para o ano que vem.

Enquanto isso, a empresa continua com seus planos de expansão. Para os próximos meses, isso significa uma entrada no mercado nórdico (Noruega, Dinamarca, Suécia e Finlândia.), facilitada pela coprodução norueguesa e norte-americana Lilyhammer, primeira série da Netflix. A longo prazo, quer dizer buscar um licenciamento global, ou seja, comprar séries e filmes com permissão de adicioná-los ao catálogo de todos os países de uma vez. “Mas temos que ficar grandes o suficiente para poder escrever um cheque gordo para licenciar mundialmente.”

“Agora estamos em 50 países no mundo todo. A descoberta é que seres humanos são muito parecidos”, reflete o empresário a respeito do aprendizado nesses 12 meses no Brasil. “Muitas das séries e filmes que são populares, são assim no mundo todo. Algo que aprendemos recentemente é o quão grande é Jogos Vorazes. Estava nos cinemas há cinco meses, lançamos há duas semanas no nosso serviço e tem sido algo muito grande para a gente no Brasil.” Em seu fim de semana de estreia, o longa garantiu à Netflix um recorde de horas assistidas. Outra surpresa já havia sido revelada, mas ainda é interessante para a empresa. “A gente não tinha UFC em lugar nenhum. Começamos no Brasil e fez tanto sucesso aqui que levamos para outros países.” E há também a comédia, um filão já bastante explorado. “Fizemos também algo que já fazíamos faz tempo nos Estados Unidos, que é promover o stand-up. Estamos trabalhando com Rafinha para termos mais especiais de stand-up, temos cinco ou seis agora", complementa Jonathan Friedland, executivo chefe de comunicação do serviço.

Outro desafio por aqui é com a programação da Globo. “Licenciaram um monte de conteúdo para a gente mas, até agora, só para o México, a Colômbia... não para o Brasil! Talvez um dia. Nos Estados Unidos, quando começamos com o streaming, a NBC e a CBS não liberavam para a gente. Mas conforme fomos crescendo, as coisas foram melhorando", analisa Hastings.

Uma curiosidade sobre o embrião da empresa é que ela surgiu na mente de Hastings em um dia que ele teve que pagar US$ 40 de multa por atrasar a entrega de uma fita VHS na locadora – acabou que seriam os US$ 40 mais bem gastos da vida dele. Alguns anos depois, nasceu a indústria de DVD e ele viu como seria fácil e barato enviá-los por correio. “Depois vimos que o streaming acabaria com isso, então resolvemos criar o serviço de DVD só temporariamente”, diz ele, afirmando que o plano sempre foi de acabar com a entrega física de filmes e ficar só com o online. Embora emissoras de TV tenham, pelo menos a princípio, visto os serviços online de vídeo on demand como um inimigo, as locadoras tiveram uma relação diferente, para Reed. “O que mata as locadoras é a pirataria, não esses serviços. As locadoras estão fechando faz tempo por isso, muito antes desses serviços.”