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Hiperativa indie

JD Samson viaja pelo mundo como DJ, prepara disco novo do MEN e um DVD ao vivo do Le Tigre - e ainda tem tempo para colaborar com Christina Aguilera e falar sobre sua relação com o feminismo

Por Fernanda Catania Publicado em 09/06/2010, às 13h40

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JD Samson vem ao Brasil para se apresentar com o MEN - Reprodução/MySpace
JD Samson vem ao Brasil para se apresentar com o MEN - Reprodução/MySpace

Prestes a se apresentar em três cidades brasileiras com o MEN, no festival Popload Gig, JD Samson arrumou uma brecha em sua concorrida agenda para conversar com a Rolling Stone Brasil. Ela prepara um disco novo do MEN, um DVD do Le Tigre, viaja pelo mundo com DJ e acabou de participar do novo disco da Christina Aguilera - claro, sem nunca deixar sua atuação como feminista de lado.

Clique aqui para conferir entrevista com os integrantes do Girls, que também se apresentam no Popload Gig, e mais do bate-papo com JD Samson.

Por que você e a Johanna decidiram criar o MEN, em vez de divulgar algo novo com o Le Tigre?

Johanna e eu fomos DJ juntas por muito tempo. Então, chegou um momento em que nos demos conta de que queríamos continuar a fazer nossas próprias músicas, e isso foi ao mesmo tempo em que decidimos dar um tempo com o Le Tigre. Mas nós nos pegamos falando muito sobre música, mostrando coisas que estávamos fazendo uma para a outra, então achamos interessante criar outro projeto, diferente do Le Tigre, tipo o que dava na nossa cabeça. Mais interessante que isso é que Johanna ficou grávida e nós meio que tivemos que misturar dois projetos, um que eu estava fazendo e o MEN, que é como ficou agora. Por enquanto, Johanna não vai fazer turnê com a gente para cuidar do bebê.

Como você diferencia o trabalho do Le Tigre, MEN e sua carreira como DJ?

Meu trabalho como DJ é completamente diferente do que qualquer trabalho em banda, porque você sempre sabe ler a multidão, entende? É muito interessante, você pode tocar o que eles querem, algo que você sabe como eles vão reagir. É difícil ler o público quando você faz um show, principalmente quando eles não ouviram a música antes. É difícil saber o que estão achando e se vão gostar, então se torna mais delicado o modo como você deve se comunicar com eles, o que vai falar entre uma música e outra, coisas do tipo. Já sobre o Le Tigre e o MEN, eu acho que o MEN está em um nível muito diferente em relação à musicalidade, porque eu aprendi muito com o Le Tigre em termos de produção, coprodução, trabalhar com música mesmo. Então acho que estou usando tudo isso no MEN para construir um gênero na música que não havia antes, que é dançante e divertido, mas ao mesmo tempo político.

Você é muito próxima do movimento feminista e de direitos iguais. Você acha que estas questões restringem seu público ou essa é mesmo a sua intenção?

Eu não acho [que restrinja]. Acho que isso faz parte do que eu sou. É uma comunidade da qual eu faço parte, que tenho sorte de ouvirem minha música, admirarem minha arte, mas não é para confrontar com ninguém. O ponto do feminismo é que junta as pessoas em um senso comum de interesses, de igualdade. Com meu trabalho eu acho que ajudo as pessoas a se sentirem felizes e livres.

Estas questões são sua maior motivação como artista?

Não sei. Acho que o feminismo é muito importante, e é meio que um estilo de vida, que coloca junto outros problemas, como racismo, homofobia, diferença de classes, coisas assim. Para mim, tudo isso está embaixo do guarda-chuva do feminismo, sabe? Eu apenas quis criar um espaço onde as pessoas pudessem se sentir abertas, livres e animadas, um lugar onde as pessoas possam ser quem realmente são, sem precisar fingir ser alguém que não é.

Você já foi julgada negativamente por isso?

Ah, acho que sim. Acredito que muita gente tem receio do movimento feminista, então acho que eles julgam quem é feminista. Mas eu tento não ligar para o que os outros falam. Penso que sou orgulhosa de ser quem eu sou e é isso que realmente importa. Já estou cansada do povo tentar atingir as pessoas, é notícia velha, sabe? [risos] Seja você mesmo, faça o que você achar que deve fazer para ser a melhor pessoa que você quer ser, mas não preciso ouvir pessoas falando como devo ser.

O Le Tigre escreveu e produziu "My Girls", uma das faixas de Bionic, novo disco de Christina Aguilera. Como foi trabalhar com ela?

Foi maravilhoso. Ela é uma artista incrível, uma mãe maravilhosa e uma pessoa muito divertida. Foi legal, bem natural. Não tive a impressão de que trabalhar com Aguilera tenha sido muito diferente de trabalhar com o Le Tigre ou o MEN, sabe? Senti que foi uma ótima colaboração, fui muito sortuda de trabalhar com ela, porque acho que ela é uma mulher muito relevante para o movimento feminista.

Como rolou o convite?

A minha namorada estava trabalhando com ela e a Aguilera pediu para ela nos colocar em contato.

Vocês gravaram mais músicas juntas?

Sim. Nós fizemos duas músicas, "My Girls" e outra, que eu acho que vão segurar até o próximo disco dela, ou talvez nem usem.

Com que outro artista pop você gostaria de trabalhar?

Gostaria de trabalhar com artistas do hip hop, ou Kelly Clarkson, que eu amo. Missy Elliot, Lady Gaga, Beyoncé, Kanye West, ah, quem quiser, sabe? Estou muito aberta a tudo o que a vida me trouxer. É muito legal ver até onde os artistas vão, a indústria da música está em um momento em que você fazer o que quiser, se abrir para qualquer coisa.

E o Le Tigre? Vocês estão trabalhando em algo novo?

Estamos produzindo um DVD, o que está tomando bastante do nosso tempo, porque temos que pedir autorização pro uso de imagem de muita coisa. Por exemplo, nós participamos de um festival junto com o Slipknot, então temos que ligar para os caras para ver se eles liberam a imagem deles pro nosso DVD. Deve sair dentro dos próximos seis meses. Vão ser músicas ao vivo de vários shows diferentes, com informações documentadas, entrevistas, imagens de bastidores, além de imagens e vídeos feitos por fãs e coisas do tipo.

Há planos para um disco de inéditas?

Não temos planos de lançar nada novo agora, mas estamos sempre abertas para novas ideias...

Você conhece artistas brasileiros?

Sim, Bonde do Role e CSS. Adoro a música deles e eles são meus amigos. Gosto deles porque nós saímos e nos divertimos juntos. [risos]

Você se formou em cinema. Tem planos de trabalhar em algo na área?

Agora não. Estou focada em música. Gostaria de trabalhar com alguns diretores em vídeos do MEN do próximo álbum, mas estou mais focada mesmo na música.