Campeões de desânimo na terceira edição do festival, a banda mostrou energia na edição 2011
Dez anos depois, o Red Hot Chili Peppers compensou o público do Rock in Rio pelo show displicente realizado na edição de 2001. A apresentação começou com pouco atraso, por volta da 1h da madrugada, de cara com uma música nova, “Monarchy of Roses”, do recém-lançado I’m With You – e a empolgação de ver Anthony Kiedis, Flea, Chad Smith e Josh Klinghoffer subirem ao palco foi rapidamente vencida pela falta de impacto da escolha de repertório.
A falha foi corrigida já na segunda faixa, “Can’t Stop”, a primeira de várias que foram cantadas em coro pela plateia de estimadas 100 mil pessoas (segundo a organização) do Palco Mundo. O mar de gente unido aos telões que transmitiam imagens estilizadas prejudicou a visão de quem optou por assistir à apresentação de mais longe.
“Este é o meu amigo Flea”, brincou o vocalista Kiedis em um dos muitos momentos de camaradagem com o baixista, para depois emendar uma piada com a pronúncia dos brasileiros. “Mas vocês o chamam de Flêa.” Já o baterista Smith parecia mais entrosado com o brasileiro Mauro Refosco, percussionista que dá apoio à banda na turnê atual, com quem dividiu um momento de batucada mais para o fim da noite.
O guitarrista Klinghoffer, que substituiu John Frusciante no novo álbum, demonstrou boa presença de palco (bastante semelhante à de seu antecessor, é verdade), mas derrapou ao não se mostrar muito acostumado ao repertório – soando inseguro, às vezes – e alterando riffs e solos (a introdução de “Under the Bridge”, por exemplo, mostrou uma liberdade ousada, mas estranha aos ouvidos).
Os californianos passearam pela carreira, resgatando músicas mais antigas, como “Me & My Friends”, de 1987. “Escrita quando vocês ainda eram espermatozoides nadando nos testículos de seus pais”, explicou Flea. “Ou melhor, de antes de seus pais terem testículos. Antes de inventarem os testículos!” Kiedis completou: “É de AT – antes dos testículos.” O trabalho arqueológico foi respeitado, mas as faixas mais bem recebidas da noite foram mesmo as de a partir dos anos 90: “Californication”, “Dani California”, “By the Way” e “Give It Away” (que encerrou a noite, precedida pela pedrada “Blood Sugar Sex Magik”).
No bis, o Red Hot Chili Peppers voltou ao palco vestindo camisetas com o rosto de Rafael Mascarenhas, filho da atriz Cissa Guimarães, vítima fatal de um atropelamento no ano passado e que completaria 20 anos no sábado da apresentação. “Parabéns, Rafa”, disse Kiedis.