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“Seria uma estupidez completar 30 anos e não comemorar”, diz Branco Mello, do Titãs

Em entrevista exclusiva, banda fala sobre aniversário, o show do disco Cabeça Dinossauro e o futuro em 2013

Pedro Antunes Publicado em 19/10/2012, às 16h15 - Atualizado às 22h40

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Titãs foi a banda convidada para embalar a festa de seis anos da <i>Rolling Stone Brasil</i>, no Cine Joia, em São Paulo - Thais Azevedo
Titãs foi a banda convidada para embalar a festa de seis anos da <i>Rolling Stone Brasil</i>, no Cine Joia, em São Paulo - Thais Azevedo

Já se passaram três décadas desde que um grupo de jovens de cabelos e roupas esquisitas decidiu fundar o Titãs do Iê Iê Iê. Hoje, os nove integrantes agora são quatro – e o nome encurtou para Titãs. Mas, no camarim do Cine Joia, instantes antes de subirem ao palco como a atração musical da festa de 6 anos da Rolling Stone Brasil, Branco Mello, Paulo Miklos, Sérgio Britto e Tony Bellotto ainda parecem os mesmos garotões de 1982.

A Festa Parece uma Vida: 30 anos de Titãs.

É a tal fórmula da juventude do rock and roll. Inexplicável, sim, mas coerente. E o momento pede por essa volta ao tempo. No festejado 2012, a banda aproveita para olhar para trás com carinho. “Uma banda como o Titãs, completando 30 anos de carreira, é algo que tem que ser comemorado”, opina Branco.

Saiba como foi o show do Titãs na festa de aniversário de 6 anos da Rolling Stone Brasil.

Para o grupo, a primeira ação do ano foi o show do cultuado disco Cabeça Dinossauro, de 1986, executado na íntegra. O que começou como um show único no Sesc Belenzinho, em São Paulo, acabou tornando-se uma temporada de sete noites, cujos 3,5 mil ingressos disponíveis desapareceram em questão de poucas horas. Foi o estalo para que o Titãs percebesse que o público também queria embarcar nessa comemoração.

“Grande parte do repertório era presente nos shows que fazíamos por aí”, diz Britto, responsável pela voz, teclados e baixo na atual formação da banda. "É como se fosse uma festa”, completa, quase que parafraseando os versos de “Diversão”, canção escrita por ele e Nando Reis, de Jesus Não Tem Dentes no País dos Banguelas (1987).

Cabeça Dinossauro , um disco carregado de críticas sociais, ao Estado e à igreja, foi lançado em uma época de mudanças políticas no país, com o fim de décadas de ditadura militar. “Não é um disco panfletário”, explica o guitarrista Bellotto. “Mas ele conseguiu ser a voz de um momento”.

A viagem de volta ao tempo com o novo olhar sobre o álbum trouxe ao Titãs uma percepção que havia se perdido com o passar dos anos, shows e discos. “Fizemos outros arranjos ao longo da trajetória”, relembra Miklos, que passou a escutar com atenção a guitarra de Marcelo Fromer (guitarrista morto em 2001), já que teria que assumir o instrumento nas novas apresentações. "Teve esse barato. Fui ouvir a guitarra, os timbres", diz. "O resultado do cuidado que tivemos é o tesão em cima do palco. A gente tá se divertindo à beça."

Branco continua: “Naturalmente, virou uma comemoração maior do que aquela para o Cabeça. Começamos a pensar nos ex-Titãs [Nando Reis, Charles Gavin e Arnaldo Antunes]”. O encontro resultou em um show especial, um no Espaço das Américas (SP), em 6 de outubro. Ali, durante uma hora, o quarteto se tornou um septeto, um reencontro musical que não acontecia desde a gravação do programa Acústico MTV, de 1997.

Na ocasião, Charles Gavin reassumiu as baquetas; Nando Reis, o baixo e a voz; e Arnaldo Antunes cantou e fez divertidas coreografias. “Pudermos saborear a presença deles, desde o camarim, nos ensaios, até o show. Foi muito legal lembrar aquilo tudo e ver que, mesmo que eles tenham suas carreiras paralelas, eles estão com a gente”, diz Bellotto.

Não que o Titãs seja saudosista, ou goste de viver das glórias passadas. Pelo contrário, eles não querem ouvir qualquer um desses termos. “Não é revisitar ou rever o repertório. É mesmo uma celebração”, diz Branco. Britto concorda, enfático: “Acho que a gente está vivendo a nossa música, canções que fazem parte da nossa vida. É um repertório da nossa vida inteira. Acho justo e legítimo tocar um disco que foi um marco. Foi a gente que fez. Nada de estar vivendo do passado. Estamos celebrando a nossa vida".

Com 2012 chegando ao fim, o Titãs já pensam no ano que vem e na turnê Futuras Instalações, na qual a banda voltará a fazer algo que era corriqueiro antigamente: testar músicas inéditas no palco. “Dá uma outra pegada para as músicas antes de entrar no estúdio. É igual cachorro vira-lata, que passa por muita coisa. A música fica mais enxuta, mais poderosa”, brinca Britto. Um disco de inéditas também deve sair do forno em breve, garantem eles.

Veterano com 30 anos de estrada, Miklos aproveitou para dar dicas para a "novata" Rolling Stone Brasil e seus 6 anos de existência. “Vocês são muito jovens ainda, né?”, diz, gargalhando. "Mas é assim: vão falar que vocês estão vivendo do passado, que o logotipo ficou fora de moda, que o texto é coisa do anos 90. Tudo isso faz parte. Vocês estão criando uma marca. A revista é uma vitrine importante para o que acontece com o país e pelo mundo. Vocês têm a chance de ser uma visão alternativa de assuntos que podem ser tratados com profundidade... Poxa, dei uma dica incrível!"

"Ouçam os mais velhos", Branco completa. E os quatro Titãs riem juntos – como fazem há 30 anos.