Lil Baby não ganhou o Grammy, mas fez história com performance de ‘The Bigger Picture’
Com a apresentação icônica, o rapper mostrou a urgência e importância dos versos da canção, que falam sobre racismo e violência policial
Camilla Millan
Se você ainda não conhecia o rapper Lil Baby, a cerimônia do Grammy 2021 no domingo, 14, mostrou toda a potência e talento do rapper de 26 anos. O músico foi indicado a duas categorias da premiação, e apesar de não ganhar, deixou a marca com a performance de “The Bigger Picture”.
Lil Baby foi indicado com “The Bigger Picture” às categorias Melhor Performance de rap e Melhor Música de rap no Grammy 2021 – e perdeu ambas para o hit “Savage”, de Megan Thee Stallion com Beyoncé. Contudo, o rapper protagonizou um dos momentos mais icônicos da noite com uma performance cinematográfica da música.
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“The Bigger Picture” foi lançada em junho de 2020, em meio aos protestos do movimento Black Lives Matters após o assassinato de George Floyd por policiais brancos. Na música, o rapper pede justiça, fala sobre a violência policial e o racismo estrutural – e a intenção nos versos já é de emocionar.
No entanto, a performance no Grammy deu uma potência ainda maior à música, e mostrou que os versos não perderam a força e a urgência. O rapper se apresentou em um cenário de manifestações contra a brutalidade policial – e a apresentação iniciou com o ator e ativista Kendrick Sampson protagonizando uma cena que infelizmente, é rotineira: a abordagem policial racista e violenta contra homens pretos.
Durante a cena, lê-se uma citação de James Baldwin, romancista norte-americano. Em seguida Lil Baby iniciou a apresentação com os versos potentes em meio ao cenário de manifestações e injustiças raciais.
“Ontem à noite, as pessoas que protestavam em Minneapolis aumentaram/ Como manifestantes foram açoitados por gás lacrimogêneo e balas de borracha/ A mensagem principal aqui, a mensagem principal aqui, a mensagem principal aqui/ É que eles querem ver os oficiais envolvidos/ Eles querem ver os policiais presos,” cantou o artista.
A apresentação também incluiu uma aparição surpresa do rapper Killer Mike, da canção “Run the Jewels”. No meio da performance, a ativista Tamika Mallory também apareceu para pedir mudança ao presidente dos EUA Joe Biden: “É um estado de emergência. Foi um ano e tanto. Inferno por mais de 400 anos. Meu povo, é hora de ficarmos. É hora de exigirmos a liberdade que esta terra promete. Presidente Biden, exigimos justiça (…)”.
Um dos momentos mais mercantes da performance foi quando Lil Baby cantou os versos de frente para o ator de um policial branco, com o escudo de acrílico característico, assim como nos protestos reais. E ao invés de ser barrado pelos oficias, ele consegue ultrapassar a barreira e se juntar a um grupo maior de manifestantes – uma indicação de que nada pode os impedir de protestar e reivindicar justiça.
No final da performance, o rapper sobe em um carro para cantar os últimos versos: “É maior que preto e branco/ É um problema com todo o modo de vida/ Não pode mudar da noite para o dia/ Mas temos que começar em algum lugar/ Pode muito bem começar aqui/ Nós fizemos um inferno de um ano/ Vou fazer valer a pena enquanto estou aqui/ Deus é o único homem que eu temo” – e os fogos de artifício são o fechamento icônico e merecido.
A performance arrepiante traduziu a importância da canção, que apesar de não ganhar um Grammy, é urgente em letra e conceito. Lil Baby escancarou a violência policial e o racismo em uma das noites mais famosas da indústria musical – e o fez com a atitude de alguém que não vai parar por aí.
Confira alguns trechos da apresentação:
#LilBaby addresses police brutality in his powerful #GRAMMYs performance pic.twitter.com/eOWpkP9Fmk
— Mike Adam (@MikeAdamOnAir) March 15, 2021
Lil Baby might have just given one of the most powerful Grammy performances ever👏🏾👏🏾👏🏾 pic.twitter.com/jUl3jqDZ3w
— CULTURE CENTRAL (@_CultureCentral) March 15, 2021
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Aconteceu nesta noite de domingo, 14, a 63ª edição do Grammy Awards, a maior premiação de música dos Estados Unidos. Pela primeira vez, o evento foi realizado de modo virtual, sem plateia, com perfomances e entregas dos prêmios de forma remota devido à pandemia do coronavírus.
Entre os destaques das 83 categorias estava Beyoncé, que teve nove indicações, Dua Lipa, Taylor Swift e Roddy Rich, com seis cada um.
O comediante Trevor Noah comandou a noite que teve apresentações de Taylor Swift, BTS, Billie Eilish, Cardi B, Doja Cat, Harry Styles, Dua Lipa, Post Malone, Black Pumas, Chris Martin, DaBaby, Miranda Lambert, Maren Morris, John Mayer, Haim, Mickey Guyton, Brandi Carlile e Brittany Howard.
Confira abaixo todos os vencedores do Grammy 2021:
Álbum do Ano
Folklore – Taylor Swift
Gravação do Ano
“Everything I Wanted” – Billie Eilish
Música do Ano
“I Can’t Breathe” – H.E.R.
Álbum Pop
Future Nostalgia – Dua Lipa
Música de Rap
“Savage” – Megan Thee Stallion Featuring Beyoncé
Perfomance Solo Pop
“Watermelon Sugar” – Harry Styles
Artista Revelação
Megan Thee Stallion
Álbum Country
Wildcard – Miranda Lambert
Performance de Pop em Duo/Grupo
“Rain on Me” — Lady Gaga e Ariana Grande

Performance de Pop Tradicional
“American Standard” — James Taylor

Performance de Rock
“Shameika” — Fiona Apple
Música de Rock
“Stay High” – Brittany Howard
Gravação de Dance
“10%” – Kaytranada Featuring Kali Uchis
Álbum de Música Eletrônica
“Bubba” – Kaytranada
Performance de Metal
“Bum-Rush” — Body Count
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Música de Rock
“Stay High” — Brittany Howard
Álbum de Rock
The New Abnormal — The Strokes

Álbum de Música Alternativa
Fetch the Bolt Cutters — Fiona Apple
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Performance de R&B Tradicional
“Anything for You” — Ledisi

Música R&B
“Better Than I Imagined” — Robert Glasper, Meshell Ndegeocello & Gabriella Wilson

Álbum de R&B Progressivo
It Is What It Is — Thundercat
Performance de R&B
“Black Parade” – Beyoncé
Álbum de R&B
Bigger Love — John Legend

Performance de Rap
“Savage” — Megan Thee Stallion Feat. Beyoncé

Melhor Performance de Rap Melódico
“Lockdown” – Anderson Paak
Álbum de Rap
“King’s Disease” — Nas

Produtor do Ano
Andrew Watt

Trilha Sonora de Mídia Visual
Jojo Rabbit – Kristen Anderson-Lopez, Robert Lopez, Tom MacDougall & Dave Metzger, compilation producers
Trilha Sonora Original para Mídia Visual
Coringa – Hildur Guðnadóttir
Melhor Box de Edição Especial Limitada
Ode To Joy – Lawrence Azerrad & Jeff Tweedy (Wilco)
Música para Mídia Visual
“No Time to Die” (007 Sem Tempo Para Morrer) — Billie Eilish O’Connell & Finneas Baird O’Connell
Melhor Álbum de Notas
“Dead Man’s Pop” – The Replacements
Melhor Álbum Instrumental Contemporâneo
“Live At The Royal Albert Hall” – Snarky Puppy
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Melhor Álbum Histórico
“It’s Such a Good Feeling: The Best of Mister Rogers” – Lee Lodyga & Cheryl Pawelski, compilation producers; Michael Graves, mastering engineer (Mister Rogers)
Melhor Álbum Técnico – não clássico
Hyperspace – Drew Brown, Julian Burg, Andrew Coleman, Paul Epworth, Shawn Everett, Serban Ghenea, David Greenbaum, John Hanes, Beck Hansen, Jaycen Joshua, Greg Kurstin, Mike Larson, Cole M.G.N., Alex Pasco & Matt Wiggins, engineers; Randy Merrill.
Melhor Gravação Remixada
Roses (Imanbek Remix) – Imanbek Zeikenov, remixer (SAINt JHN)
Melhor Álbum Técnico, Clássico
“Shostakovich: Symphony Nº 13, Babi Yar” – David Frost & Charlie Post, engineers; Silas Brown, mastering engineer (Riccardo Muti & Chicago Symphony Orchestra)
Produtor do Ano, Clássico
David Frost
Melhor Performance Orquestral
“Ives: Complete Symphonies” – Gustavo Dudamel, conductor (Los Angeles Philharmonic)
Melhor Gravação de Ópera
Gershwin: Porgy And Bess – David Robertson, conductor; Frederick Ballentine, Angel Blue, Denyce Graves, Latonia Moore & Eric Owens; David Frost, producer (The Metropolitan Opera Orchestra; The Metropolitan Opera Chorus)
Melhor Performance Coral
“Danielpour: The Passion Of Yeshuah” – Joann Falletta, conductor; James K. Bass & Adam Luebke (James K. Bass, J’Nai Bridges, Timothy Fallon, Kenneth Overton, Hila Plitmann & Matthew Worth; Buffalo Philharmonic Orchestra; Buffalo Philharmonic Chorus & UCLA Chamber Singers)
Melhor apresentação de música de câmara / pequeno conjunto
“Contemporary Voices” – Pacifica Quartet
Melhor Solo Instrumental Clássico
“Theofanidis: Concerto For Viola and Chamber Orchestra” – Richard O’Neill; David Alan Miller, conductor (Albany Symphony)
Melhor Álbum Clássico de Vocal Solo
“Smyth: The Prisoner” – Sarah Brailey & Dashon Burton; James Blachly, conductor
Melhor Compêndio Clássico
Thomas, M.T.: From The Diary Of Anne Frank & Meditations On Rilke – Isabel Leonard; Michael Tilson Thomas, conductor; Jack Vad, producer
Melhor Composição Clássica Contemporânea
Rouse: Symphony Nº5 NO. 5 – Christopher Rouse, composer (Giancarlo Guerrero & Nashville Symphony)
Clipe Musical
“Brown Skin Girl” — Beyoncé
Filme de Música
Linda Ronstadt: The Sound Of My Voice — Linda Ronstadt
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