Com trama surpreendente, Disney cria versão profunda e cativante de Cruella em filme com Emma Stone [REVIEW]
Seguindo a ideia de Malévola, Cruella mostra o passado de uma versão completamente original da vilã dos 101 Dálmatas
Mariana Rodrigues (sob supervisão de Yolanda Reis)
Esqueça os 101 Dálmatas, pois Cruella apresenta uma versão completamente original, mais sombria e profunda de uma das maiores vilãs da Disney. Com enredo surpreendente, figurinos elaborados e atuações de peso, é um dos melhores live-actions do estúdio até hoje.
Estrelado por Emma Stone e Emma Thompson com direção de Craig Gillespie, chegou aos cinemas e ao Disney+ nesta sexta, 28 de maio, e acompanha a juventude da temida designer de moda. Apesar de seguir a premissa de histórias como Malévola (2014), o filme conta com apenas algumas referências da animação original e tem êxito ao fazer o público se afeiçoar por uma personagem a qual sempre foi uma grande vilã.
Nessa versão, Stone é Estella, uma jovem ambiciosa com sonho de se tornar uma grande estilista. Após perder a mãe na infância, muda-se para um velho apartamento com os amigos Horácio (Joseph MacDonald) e Jasper (Ziggy Gardner) e vive de pequenos furtos, até finalmente conseguir um emprego na Liberty, uma das lojas de departamento mais populares de Londres, Inglaterra, na década de 1970.
No entanto, o trabalho está distante de ter qualquer envolvimento com moda até ela ser convidada pela própria Baronesa (Emma Thompson) para ser uma das designers da marca. Mesmo assim, a relação com a nova chefe não é nem um pouco amigável, e Estella resolve aceitar o “lado Cruella” para criar a figura de uma estilista quem compete com a Baronesa pela atenção da mídia.
Estella versus Cruella
Emma Stone interpretou desde adolescentes como Olive, em A Mentira (2010), até personagens mais densas como Abigail, em A Favorita (2018). Em Cruella, consegue criar uma dualidade impressionante entre a tímida e sonhadora Estella e a determinada e ambiciosa Cruella. Apesar de serem a mesma pessoa, a atriz soube trabalhar muito bem os lados de cada uma.

Ao longo do filme, a jovem designer começa a se perder na sede de poder e deixar cada vez mais de lado o jeito sensível e emotivo, mostrando-se mais perversa e aproximando-se da versão de Cruella a qual conhecemos. Mesmo assim, devido ao passado complicado e às cenas emocionantes nas quais ela conversa com a falecida mãe, fica claro como essa Cruella não é a verdadeira vilã do filme.
Além disso, em termos de vilania, ela tem uma concorrente de peso. A princípio, a Baronesa parece apenas uma mulher forte quem manda no mundo da moda. Até certo ponto, a relação dela com Estella se assemelha muito a de Andy (Anne Hathaway) e Miranda (Meryl Streep) em O Diabo Veste Prada (2006). Mas diferente de Andy, Estella realmente está ali para provar o próprio valor e não apenas por falta de opções.
Ela é inteligente e vai fazer o máximo possível para mostrar isso ao mundo, no entanto, a Baronesa não hesita em tomar atitudes ainda mais cruéis para impedir a nova concorrente. Graças a genialidade do roteiro, Cruella apresenta um incrível arco de redenção ao longo do filme, o qual faz o público entender ainda mais as dores da personagem e tomar o lado dela da história. Mesmo assim, ela ainda está mais para uma anti-heroína do que mocinha.
A importância da moda
Cruella também é um filme sobre moda. Em muitas cenas, os figurinos são as verdadeiras estrelas do show e contribuem não só para a estética do longa, mas também para refletir a personalidade dos personagens.

A designer Jenny Beavan soube muito bem como transmitir a essência da Baronesa em um visual refinado e elegante, com inspirações em nomes como Christian Dior e Cristóbal Balenciaga, evidenciando a preferência da personagem pelo clássico. São peça em tons mais neutros como branco, bege e preto, com cortes retos e um estilo mais próximo dos anos 1960.
Em contraste, Cruella se mostra muito mais rebelde e ousada, criando looks os quais lembram coleções de estilistas como Vivienne Westwood e Alexander McQueen. Apesar de não ter os mesmos recursos da Baronesa na hora de criar as próprias roupas, isso não a impede de utilizar a criatividade e refletir nos vestidos toda a ambição da personagem.
Muito disso deve-se ao ambiente no qual ela está inserida. Estella vive em Londres na década de 1970, uma época dominada pelo movimento punk, o qual preza por um jeito mais agressivo, audacioso e independente, do qual ela entende mais que ninguém. Era um período com grandes mudanças não apenas na moda e na música, mas também em um novo estilo de vida.
Assim como a Cruella, a Disney não teve medo de ousar nessa produção em todos os sentidos, resultando na fórmula perfeita para um filme que mistura a nostalgia da história original com a modernidade, capaz de unir o público de todas as gerações com uma trama surpreendente e, muitas vezes, de tirar o fôlego.
Cruella está em cartaz nos cinemas e disponível no Disney+ pelo Premier Access no valor de R$ 69,90. Confira o trailer:
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