System of a Down estrela documentário

Filme sobre genocídio armênio
está em cartaz na Mostra de SP

Por Fernanda Soares

Serj Tankian lidera manifestação que pede reconhecimento oficial do genocídio armênio
Serj Tankian lidera manifestação que pede reconhecimento oficial do genocídio armênio - Divulgação

O massacre de armênios no início do século 20 – não reconhecido como genocídio até a atualidade por organismos políticos internacionais – é o tema central do documentário Screamers, da jornalista armênia Carla Garapedian. Costurado por trechos de recente turnê européia da banda System of a Down, o filme é exibido nesta terça, na Mostra de Cinema de SP (sala e horário mais abaixo). Veja o trailer no pé da matéria.

Em Screamers, o desafio de Garapedian foi o de fazer um filme que, além de situar o espectador quanto ao genocídio armênio pelos turcos otomanos entre 1915 e 1923, partisse deste caso específico para comentar os extermínios sistemáticos em massa que ocorreram ao longo da história desde então até os dias de hoje, em Darfur. E o fio condutor – às vezes ineficiente do ponto de vista da narrativa – é a música do System of a Down.

Além de fazer rock’n’roll, a banda liderada por Serj Tankian (do hit “Toxicity”) luta para que o massacre armênio seja reconhecido mundial e oficialmente como um genocídio. Além da óbvia visibilidade que a banda traz para a questão, seus integrantes têm importante papel no documentário – todos vêm de famílias de sobreviventes do massacre. O avô de Tankian é quem, na maior parte, relembra a matança e sua tragédia pessoal.

Há muitas e extensas imagens da turnê, o que pode agradar mais aos fãs da banda do que ao espectador interessado na questão política, mas há também o depoimento de artistas e autoridades, que dão pistas do porquê do não reconhecimento oficial do massacre armeno por parte de organismos internacionais: o enorme risco político e econômico que isso causaria à Turquia.

Quando fica difícil par Garapedian ligar blocos temáticos pelas imagens da turnê do System of a Down, a documentarista insere imagens dos inúmeros cadáveres (e semicadáveres) empilhados na Alemanha nazista, em Ruanda, na Bósnia, no Iraque e em Darfur.

No filme da jornalista, a repetição das mesmas imagens de corpos esqueléticos, distribuídas ao longo dos anos em diferentes países e contextos, dá indicações expressas da crença da diretora de que, independentemente do número de mortos de um genocídio, sempre haverá sobreviventes, e que o reconhecimento e a memória destas pessoas devem ser mantidos vivos pelos Screamers, não só para que o trauma seja amenizado, mas também para que estes crimes não se repitam.

Screamers, de Carla Garapedian

23/10, terça, às 21h – Sessão 358

UNIBANCO ARTEPLEX 2

Rua Frei Caneca, 569, 3º andar. Informações: 11 3472-2365

28/10, domingo, às 13h30 – Sessão 825

ESPAÇO UNIBANCO 3

Rua Augusta, 1470. Informações: 11 3288-6780

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