Ofuscada por titãs da MPB, Miúcha ganha destaque em presídio europeu

Frenquentemente lembrada como irmã de Chico Buarque, esposa de João Gilberto e aluna de Vinicius de Moraes, Heloisa Maria Buarque de Holanda (1937-2018), a Miúcha, teve a sua vida e a carreira na música celebradas no documentário Miúcha, a Voz da Bossa Nova, que recentemente foi exibido para as detentas do maior complexo penitenciário da Europa, o Fleury-Mérogis, em Paris, na França.

A artista – que começou a sua carreira na música na década de 1960, em bares, e tinha uma técnica vocal que a permitia transitar entre diversos gêneros musicais, como samba, jazz e bossa nova – foi apresentada às mulheres do presídio na última terça-feira, dia 20 de fevereiro, através de uma exibição especial do filme de Liliane Mutti e Daniel Zarvos, graças à iniciativa da associação Lire C’ést Vivre, em parceria com o Centro Audiovisual Simone de Beauvoir, que leva cinema e debate para os presídios.

Miúcha, a Voz da Bossa Nova é resultado de uma ampla pesquisa do acervo da artista e de documentos preservados pela Cinemateca Brasileira. O filme retrata as dificuldades de Miúcha por ser mulher e artista, e a luta para ser reconhecida em um universo dominado por homens, especialmente quando eles fazem parte do seu convívio.

Ainda nesta semana, o documentário será exibido na seção masculina do complexo penintenciário francês, com mediação de debate feita pelo crítico de cinema Frédèrick Pagès. A ideia é mexer com os homens do presídio, já que cerca de 10% dos detentos estão no lugar por crimes cometidos contra as mulheres.

No Brasil, Miúcha, a Voz da Bossa Nova está disponível no catálogo do Globoplay. Assista ao trailer:

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