Altos e baixos

Cantor com pouca presença de palco e músicas novas prejudicaram debute do Journey em palcos brasileiros

Paulo Cavalcanti

Arnel Pineda, vocalista do Journey desde 2007, em São Paulo, na Via Funchal
Arnel Pineda, vocalista do Journey desde 2007, em São Paulo, na Via Funchal - Divulgação/Stephan Solon/Via Funchal

Apesar de ter mais de 30 anos de existência, o Journey, um dos representantes do chamado AOR (Adult Oriented Rock), nunca havia tido a oportunidade de tocar no Brasil. Mas, na última quarta-feira, 30, na Via Funchal, em São Paulo, o quinteto formado por Neal Schon, Ross Valory, Jonathan Cain, Arnel Pineda e Deen Castronovo finalmente debutou em nossa terra.

Antes do Journey subir ao palco, outro grupo lendário do rock – pelo menos em nome – marcou presença. O Sweet entrou às 21h e tocou por cerca de 40 minutos. Só que esta formação do Sweet é bem capenga – só o baixista Steve Priest é integrante original. Brian Connolly, cantor dos hits nos anos 70, morreu em 1997. Sem ele, o Sweet se torna caricato e sem sentido. Joe Retta, o cantor estepe, mais parece um Seu Madruga cabeludo. De qualquer forma, teve gente que curtiu relembrar hits da era do glam rock como “Fox on The Run” e “Ballroom Blitz”.

O Journey, a atração principal da noite, sofreu com o mesmo problema da banda de abertura. Steve Perry, o cantor que marcou os tempos áureos do Journey, deixou o barco no final da década de 90. Depois, o grupo trocou de vocalista várias vezes. O filipino Arnel Pineda, que ocupa o posto de frontman desde 2007, pula, agita e até veio com uma camiseta verde escrita “Brasil”. Enfim, tentou fazer valer o seu salário. Só que seu carisma é zero. Afinado, mas estridente, está mais para um participante de algum American Idol do que para um verdadeiro rock star.

Em pelo menos duas músicas Pineda deu sossego e o baterista Deen Castronovo assumiu os vocais. O set list foi esquizofrênico. A banda atacava com algum grande hit que levantava o publico (“Separate Ways”, “Wheel in The Sky”, “Faithfully”, “Open Arms”), mas depois vinha com alguma música nova de Eclipse, o disco que deve sair no próximo mês – e o balde de água fria era inevitável.

A casa de shows estava lotada e era fácil perceber que pelo menos metade era grande fã e cantava os hits sem perder uma sílaba sequer. O resto estava lá mesmo só para ouvir “Don’t Stop Believin'”, mega-sucesso que estourou há exatamente 30 anos e que recentemente foi revivido pelo elenco da série Glee. Depois da execução desta música, houve a inevitável dispersão e muita gente nem acompanhou o bis, que teve “Anyway You Want it”, “Lovin’, Touchin’, Squeezin'” e “Who’s Crying Now”.

TAGS: don-stop-believin, journey