Nostalgia dos fãs salva show do Roxette em São Paulo
Banda sueca se apresentou no Credicard Hall nesta quinta, 14
Paulo Terron
A dupla sueca Roxette pode agradecer aos deuses da saudade: os anos 90 foram extremamente gentis com ela. A grande lista de hits de 20 anos atrás garantiu que a apresentação realizada na última quinta, 14, no Credicard Hall, em São Paulo, fosse um sucesso – mesmo que apenas em relação à receptividade da plateia.
Desde a boa abertura da noite – com a dobradinha “Dressed for Success” e “Sleeping in My Car” – ficou claro que a vocalista Marie Fredriksson e o guitarrista Per Gessle teriam de superar uma série de desafios, o primeiro deles sendo o som alto (mas pouco definido) do local. Essa desvantagem acabaria, ao longo da noite, jogando a favor da banda. Com músicos complementares medíocres, era até melhor não ouvir com clareza as entradas dos instrumentos – em especial os horríveis riffs de teclado e os mal tocados solos de guitarra (não executados por Gessle, curiosamente). Se soubesse que encontraria uma plateia tão carinhosa e barulhenta, talvez o Roxette tivesse convocado músicos melhores para a turnê brasileira.
Marie também luta constantemente contra suas limitações físicas. Depois de alguns anos lutando contra um tumor no cérebro, a cantora mostra alguma dificuldade para se movimentar no palco, além de limitações vocais: canta de uma forma anasalada e nem sempre consegue manter a afinação. Como o companheiro de palco chegou a declarar, é um milagre que ela ainda se apresente ao vivo. Nas faixas mais rápidas – “How Do You Do!”, “Dangerous” – a vontade e empolgação da moça quase consegue mascarar os problemas.
Já as baladas poderiam ser momentos tensos, com seus arranjos mais calmos e maior ênfase na voz. Por sorte, a nostalgia dos fãs tirou o foco da vocalista – em vários momentos o Credicard Hall, lotado, roubou a função de Marie para desempenha-lha com paixão e precisão. “It Must Have Been Love” e “Spending My Time” foram as campeãs absolutas, com casais apaixonados parando o coro apenas para celebrar o amor com beijos. Foi a vitória da nostalgia e da memória afetiva.