AQUECIMENTO OSCAR

A sombria história real que inspirou A Garota da Agulha, indicado ao Oscar 2025

Representante da Dinamarca na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional neste ano, o longa está disponível na Mubi

Angelo Cordeiro (@angelocordeirosilva)

A sombria história real que inspirou A Garota da Agulha, indicado ao Oscar 2025
A sombria história real que inspirou A Garota da Agulha, indicado ao Oscar 2025 - Divulgação/Nordisk Film

Representante da Dinamarca na disputa pelo Oscar de Melhor Filme Internacional deste ano, A Garota da Agulha, que está disponível no catálogo da Mubi, é inspirado em uma sombria história real. Saiba tudo sobre o concorrente de Ainda Estou Aqui na maior premiação do cinema a seguir:

Atenção: o texto a seguir contém spoilers de A Garota da Agulha!

Qual é a história de A Garota da Agulha?

Com direção do sueco Magnus von HornA Garota da Agulha é um misto de drama e suspense, que se passa na capital dinamarquesa, Copenhague, logo após a Primeira Guerra Mundial.

Na história, a jovem e trabalhadora Karoline (Vic Carmen Sonne, Holiday) é uma operária que perde seu emprego por causa de sua gravidez, fruto de um caso amoroso com seu abastado chefe.

Com o desaparecimento de seu marido em combate e o relacionamento fracassado com o patrão, Karoline se vê abandonada e sozinha, caindo numa situação miserável cada vez maior.

Um dia, a garota encontra consolo e uma forma diferente de sobreviver com Dagmar (Trine Dyrholm, Rainha de Copas), uma carismática mulher mais velha, diretora de uma agência de adoção clandestina, que existe sob o disfarce de uma loja de doces.

Karoline e Dagmar criam uma conexão e um vínculo intensos, mas o mundo da jovem desaba quando ela percebe o peso do trabalho da mulher, no qual já estava envolvida involuntariamente, e uma descoberta chocante coloca Karoline de novo diante de um horror insuportável.

Inspirações no expressionismo alemão e em true crime

A Garota da Agulha se inspira no expressionismo alemão, movimento que surgiu em meados de 1920 época em que o filme se passa. A história de Karoline é um retrato da Europa pós-guerra.

Além disso, o longa também faz referência ao gênero true crime através da trama de Dagmar Overbye, que é baseada na história real de uma das serial killers mais famosas da Dinamarca.

Quem foi Dagmar Overbye?

Dagmar Johanne Amalie Overby (1887-1929) assassinou dezenas de crianças em Copenhague. Sua motivação era financeira: ela lucrava sendo a intermediária entre mães que queriam se livrar dos filhos e quem receberia as crianças. Mas era tudo mentira: não havia famílias adotivas, e Dagmar matava as crianças entregues a ela.

Acredita-se que Dagmar agiu entre 1913 e 1920, uma época em que os registros de nascimento e de adoção eram precários. Isso ajuda a explicar por que demorou tanto para que ela fosse pega. Por matar tantas crianças, ela ganhou o apelido de “Angel Maker” (“a Criadora de Anjos”).

Dagmar enforcava, afogava e queimava as crianças. Muitos dos restos mortais foram encontrados no forno do sistema de aquecimento de sua casa. Os registros das cenas do crime serviram de base para a produção de A Garota da Agulha. As 122 páginas de transcrição do julgamento de Overbye também inspiraram o roteiro, assinado por von Horn e pela dinamarquesa Line Langebek

Overbye confessou ter matado 16 crianças, mas acredita-se que o número real seja bem maior. A criminosa foi condenada à morte, mas depois sua pena mudou para prisão perpétua. Ela morreu na cadeia em 1929.

O que é fato e o que é ficção em A Garota da Agulha?

A versão de Overbye que aparece em A Garota da Agulha é muito mais velha do que a assassina da vida real. Dyrholm está na casa dos 50, enquanto Overbye estava na casa dos 30 quando os eventos aconteceram. Ela também era uma mentirosa compulsiva, que era menos organizada do que a representação de Dyrholm.

Karoline nunca existiu de verdade. Ela é inspirada na mulher que teria denunciado Dagmar à polícia depois de se arrepender de ter entregue seu bebê a ela. Assista ao trailer de A Garota da Agulha a seguir:

Especial de cinema da Rolling Stone Brasil

O cinema é tema do novo especial impresso da Rolling Stone Brasil. Em uma revista dedicada aos amantes da sétima arte, entrevistamos Francis Ford Coppola, que chega aos 85 anos em meio ao lançamento de seu novo filme, Megalópolis, empreitada ousada e milionária financiada por ele próprio.

Inabalável diante das reações controversas à novidade, que demorou cerca de 40 anos para sair do papel, o cineasta defende a ousadia de ser criativo da indústria do cinema e abre, em bom português, a influência do Brasil em seu novo filme: “Alegria”.

O especial ainda traz conversas com Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello sobre Ainda Estou Aqui, um bate-papo sobre trilhas sonoras com o maestro João Carlos Martins, uma lista exclusiva com os 100 melhores filmes da história (50 nacionais, 50 internacionais), outra lista com as 101 maiores trilhas da história do cinema, um esquenta para o Oscar 2025 e o radar de lançamentos de Globoplay, Globo Filmes, O2 Play e O2 Filmes para os próximos meses.

O especial de cinema da Rolling Stone Brasil já está nas bancas de jornal, mas também pode ser comprado na loja da editora Perfil por R$ 29,90. Confira:

 
 
 
 
 
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Angelo Cordeiro é repórter do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo. Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, escreve sobre filmes desde 2014. Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Pisciano, mas não acredita em astrologia. São-paulino, pai de pet e cinéfilo obcecado por listas e rankings.
TAGS: a garota da agulha, oscar, Oscar 2025