AQUECIMENTO OSCAR

Antes de Emilia Pérez, França “roubou” Oscar vencido pelo Brasil

Em 2025, o representante francês é o principal rival de Ainda Estou Aqui, de Walter Salles, na categoria de Melhor Filme Internacional

Angelo Cordeiro (@angelocordeirosilva)

Antes de Emilia Pérez, principal rival de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025, França "roubou" Oscar vencido pelo Brasil
Antes de Emilia Pérez, principal rival de Ainda Estou Aqui no Oscar 2025, França "roubou" Oscar vencido pelo Brasil - Divulgação/Paris Filmes/Sony Pictures Brasil

Neste domingo, dia 2 de março, acontece a 97ª edição do Oscar e, neste ano, o Brasil tem grandes chances de conquistar a sua primeira estatueta de ouro: Ainda Estou Aqui, longa de Walter Salles (Central do Brasil), está indicado em três categorias, incluindo Melhor Filme Internacional, em que tem mais chances de sair vitorioso.

Porém, para que isso aconteça, a produção estrelada por Fernanda Torres (Tapas & Beijos) — que disputa a categoria de Melhor Atriz com nomes como Demi Moore (A Substância) e Mikey Madison (Anora) — precisa bater o seu principal rival, Emilia Pérez, representante da França, um “inimigo antigo” do Brasil, que já “roubou” o prêmio de nossas mãos no passado.

Brasil já ganhou o Oscar, mas não trouxe a estatueta para casa

Em 1960, nós chegamos bem perto de conseguir um Oscar com Orfeu Negro (1959), gravado no Brasil, em meio ao Carnaval do Rio de Janeiro, e estrelado por Breno Mello (1931-2008), ator e jogador de futebol brasileiro, e Léa Garcia (1933-2023), que conquistou o prêmio de Melhor Filme Estrangeiro, mas o “careca de ouro” acabou indo parar bem longe daqui.

Adaptado da peça Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, e coproduzido entre Brasil, França e Itália, Orfeu Negro conta a história de Orfeu (Breno Mello), um condutor de bonde e sambista do morro, se apaixona por Eurídice (Marpessa Dawn), uma jovem do interior, que vai para o Rio de Janeiro fugindo da morte (Adhemar Ferreira da Silva), representada por um homem fantasiado que a persegue. O amor de Orfeu por Eurídice, entretanto, desperta a ira da ex-noiva de Orfeu, Mira (Lourdes de Oliveira), enquanto a morte acompanha tudo de perto.

Apesar das polêmicas sobre a forma exótica com que o longa retratou o Rio de Janeiro no longa, Orfeu Negro trata de temas relacionados ao Brasil, foi filmado em solo brasileiro e ainda foi estrelado por artistas brasileiros. O filme venceu a Palma de Ouro no Festival de Cannes, em 1959, e o sucesso mundial rendeu uma indicação ao Oscar do ano seguinte, na categoria de Melhor Filme Estrangeiro.

Entretanto, a Academia de Artes e Ciências Cinematográficas classificou o filme como apenas francês, devido à nacionalidade de seu diretor, Marcel Camus. Com a vitória, Orfeu Negro se tornou o primeiro filme em língua portuguesa a vencer o Oscar e, até hoje, o único na categoria de Estrangeiro/Internacional, mas a estatueta acabou ficando com a França.

Atualmente, as regras da Academia são diferentes e, para que um filme represente o seu país de origem, é necessário que boa parte da obra seja falada em sua língua nativa, o que consagraria Orfeu Negro como um filme brasileiro.

Apesar de o Brasil não ter sido considerado vitorioso, Orfeu Negro teve um importante impacto cultural, servindo como produto de disseminação da cultura brasileira no mundo. O artista americano Jean-Michel Basquiat já citou o longa como uma de suas primeiras inspirações e o ex-presidente americano Barack Obama afirmou que o filme era o preferido de sua mãe.

Em 1962, o Brasil pôde comemorar uma vitória genuinamente sua: O Pagador de Promessas (1962) venceu a Palma de Ouro em Cannes. E, no ano seguinte, o longa se tornou o primeiro da América do Sul a ser indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro, mas o vencedor foi Sempre aos Domingos (1962), concorrente da… França.

Filmado no Brasil, estrelado por artistas brasileiros e falado em português, Orfeu Negro venceu a maior premiação do cinema em 1960, mas o prêmio não veio para as estantes brasileiras (Foto: Divulgação)
Filmado no Brasil, estrelado por artistas brasileiros e falado em português, Orfeu Negro venceu a maior premiação do cinema em 1960, mas o prêmio não veio para as estantes brasileiras (Foto: Divulgação)

 

Especial de cinema da Rolling Stone Brasil

O cinema é tema do novo especial impresso da Rolling Stone Brasil. Em uma revista dedicada aos amantes da sétima arte, entrevistamos Francis Ford Coppola, que chega aos 85 anos em meio ao lançamento de seu novo filme, Megalópolis, empreitada ousada e milionária financiada por ele próprio.

Inabalável diante das reações controversas à novidade, que demorou cerca de 40 anos para sair do papel, o cineasta defende a ousadia de ser criativo da indústria do cinema e abre, em bom português, a influência do Brasil em seu novo filme: “Alegria”.

O especial ainda traz conversas com Walter Salles, Fernanda Torres e Selton Mello sobre Ainda Estou Aqui, um bate-papo sobre trilhas sonoras com o maestro João Carlos Martins, uma lista exclusiva com os 100 melhores filmes da história (50 nacionais, 50 internacionais), outra lista com as 101 maiores trilhas da história do cinema, um esquenta para o Oscar 2025 e o radar de lançamentos de Globoplay, Globo Filmes, O2 Play e O2 Filmes para os próximos meses.

O especial de cinema da Rolling Stone Brasil já está nas bancas de jornal, mas também pode ser comprado na loja da editora Perfil por R$ 29,90. Confira:

 
 
 
 
 
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Oscar 2025: Quem vence o prêmio de Melhor Filme? Vote no seu favorito!

  • Ainda Estou Aqui (65%, 115 Votos)
  • Conclave (8%, 15 Votos)
  • Anora (6%, 10 Votos)
  • A Substância (6%, 10 Votos)
  • O Brutalista (5%, 9 Votos)
  • Wicked (5%, 8 Votos)
  • Um Completo Desconhecido (2%, 3 Votos)
  • Emilia Pérez (2%, 3 Votos)
  • Duna: Parte 2 (1%, 2 Votos)
  • O Reformatório Nickel (1%, 2 Votos)

Total de Participantes:: 177

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Angelo Cordeiro é repórter do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo. Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, escreve sobre filmes desde 2014. Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Pisciano, mas não acredita em astrologia. São-paulino, pai de pet e cinéfilo obcecado por listas e rankings.
TAGS: Ainda Estou Aqui, emilia pérez, orfeu negro, oscar, Oscar 2025