Viola Davis sobre criar oportunidades para atrizes negras: ‘É meu legado e meu dever’

“Na minha mente, eu vejo uma linha. E, além dessa linha, vejo campos verdes, flores lindas, belas e brancas mulheres, tentando me alcançar com seus braços esticados por cima daquela linha, mas eu não vejo como chegar lá. Eu não consigo passar daquela linha”, declamou Viola Davis, citando a abolicionista Harriet Tubman no palco da 67ª edição do Emmy Awards, em 2015, ao ganhar a sua primeira estatueta pelo papel da durona advogada Annalise Keating em How to Get Away with Murder (2014-2020).

“A única coisa que separa as mulheres de cor de qualquer outra pessoa é a oportunidade. Você não pode ganhar um Emmy por papéis que simplesmente não existem”, acrescentou a artista, emocionada.

Algum tempo depois, a partir da terceira temporada da série de sucesso, além de protagonista, Viola também seria creditada como produtora de How to Get Away with Murder. Desde então, a atriz tem trabalhado para criar as oportunidades que, no passado, foram negadas a ela.

“Sinto que é meu legado e meu dever criar um trabalho que signifique algo para alguém. E que signifique algo para alguém que é como eu, que está à margem, como uma jovem atriz negra, e só quer participar”, afirmou a atriz, que produz e estrela G20, novo longa original do Prime Video, em entrevista à Rolling Stone Brasil.

Ao lado do marido, o ator Julius Tennon, que também assina a produção executiva da novidade, Viola desembarcou em um atípico e chuvoso Rio de Janeiro, no último dia 4 de abril, para promover o longa, que já está disponível no catálogo da plataforma de streaming e traz a atriz como a presidente dos Estados Unidos em uma missão para salvar o seu país e o mundo.

Parte do seleto grupo de artistas que conquistaram o EGOT — título dado a vencedores dos prêmios Emmy, Grammy, Oscar e Tony — e frequentemente comparada a Meryl Streep, uma das maiores atrizes do cinema internacional, Viola viu a sua carreira escalonar após o sucesso de How to Get Away with Murder, garantindo o seu trabalho em grandes sucessos cinematográficos, como Um Limite Entre Nós (2016) — que rendeu o seu primeiro Oscar —, O Esquadrão Suicida (2021), A Mulher Rei (2022) e Jogos Vorazes: A Cantiga dos Pássaros e das Serpentes (2023):

“Agora que a minha carreira chegou a outro nível, e Julius e eu tivemos a chance de criar uma produtora, nós queríamos ter material para aquela garotinha cor de chocolate, que está à margem, e para as pessoas de cor, mulheres… O amplo espectro da humanidade”, completou a atriz.

“É assim que nós somos”, acrescentou Julius. “O que nós queríamos era criar uma companhia que pudesse dar oportunidades àqueles que talvez não estivessem em certo nível, mas fossem incrivelmente talentosos e merecessem uma oportunidade. Assim, você leva as pessoas aonde elas podem chegar.”

“Você não vai conseguir levar todo o mundo, mas você dá a oportunidade. E oportunidade gera oportunidade. Então, você dá a oportunidade para alguém e, depois, ela passa o bastão para outra pessoa”, continuou. “E é assim que se cria um fluxo. É assim que você começa a mudar as coisas, criando oportunidades e, então, outros fazem a mesma coisa.”

Qual é a história de G20?

Quando a cúpula do G20 é atacada, a presidente dos Estados Unidos — uma heroína de guerra, esposa e mãe de dois — se torna o principal alvo de um plano para saquear o mundo. Após escapar da captura de criminosos, ela precisa ser mais esperta que o inimigo para proteger sua família, defender seu país e salvar os líderes mundiais.

Além de Viola Davis, G20, que é dirigido por Patricia Riggen (Os 33), ainda conta com Antony Starr (The Boys), Anthony Anderson (Os Infiltrados), Ramón Rodríguez (Will Trent: Agente Especial), Marsai Martin (Black-ish), Elizabeth Marvel (Acima de Qualquer Suspeita), Sabrina Impacciatore (The White Lotus), MeeWha Alana Lee (A Great Divide), Christopher Farrar (Kindred: Segredos e Raízes) e Douglas Hodge (Coringa). Assista ao trailer:

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