Os 3 motivos que levam Miley Cyrus a não fazer turnês

Miley Cyrus não realiza um show completo desde 2022, ano em que decidiu participar de alguns festivais isolados — como a edição brasileira do Lollapalooza. Desde então, ela lançou um álbum, Endless Summer Vacation (2023), agendou para o fim deste mês outro disco, Something Beautiful, e se envolveu em outras iniciativas, como regravar uma música do Talking Heads (“Psycho Killer”) para um tributo e colaborar com Beyoncé em “II Most Wanted”, faixa de Cowboy Carter (2024). E nada de turnê.

A excursão mais longa, diga-se, aconteceu há mais de uma década. A Bangerz Tour, realizada ao longo de 2014, contou com 78 apresentações em um período de oito meses. Outros shows aconteceram após isso — a exemplo da mencionada visita ao Brasil —, mas de modo pontual, nunca sob uma agenda tradicional de grande artista.

Em entrevista a Zane Lowe (via Consequence), Cyrus revelou que tudo deve continuar desta forma. Não há planos para realizar turnês. E seus três motivos são convincentes: proteger suas cordas vocais, manter-se longe dos vícios e priorizar a saúde financeira de sua carreira. Inicialmente, ela explica:

“A fisicalidade do que faço, o atletismo, as substâncias químicas produzidas no seu corpo quando você está nesse nível causam muito estresse. Trabalhando de dentro para fora, tenho certos protocolos que me mantêm sóbria. Isso é superimportante para mim. Então, parte disso é me manter mental, física, espiritual e emocionalmente bem — e quero enfatizar o ‘fisicamente’ por causa do quão desgastante é uma apresentação física ao vivo.”

A preocupação com seu instrumento de trabalho, a voz, ocorre devido a um diagnóstico de edema de Reinke, um inchaço provocado pela presença de líquido no chamado espaço de Reinke, localizado na laringe. Como resultado, as pregas vocais adquirem uma característica gelatinosa. Esta condição, inclusive, foi a responsável por fazer Miley cantar mais grave — e, em suas palavras, foi originada por “abuso das cordas vocais” e “ficar acordada, bebendo, fumando e festejando depois de cada show”.

“Minha voz sempre soou assim. Faz parte da minha anatomia única. [Um grande pólipo nas cordas vocais] me deu muito do timbre e da textura que me fizeram ser quem eu sou, mas é extremamente difícil de se fazer show, porque é como correr uma maratona com pesos nos tornozelos. Mesmo quando estou falando, às vezes, no final do dia, ligo para minha mãe e ela diz: ‘ah, você parece estar falando por um rádio’. É assim que você sabe que estou realmente cansada, porque isso cria aquele som definitivo de ‘fritura’ vocal.”

O problema vocal de Miley Cyrus

Ainda de acordo com Miley Cyrus, o pólipo nas cordas vocais com o qual convive representa certo tipo de risco. Segundo ela, uma de suas pregas vocais é danificada sempre que ela canta.

“No exército, dizem: ‘dois é um, um é nenhum’. Agora, eu tenho ‘um’ — e ‘um é nenhum’. É por isso que eu protejo tanto o que tenho.”

A artista chegou a ser submetida a uma cirurgia vocal em 2019. Todavia, não é de seu interesse passar por outra operação. Ela insiste, inclusive, que sua performance soa única devido a esta condição física.

“Minha voz é super única por causa disso, mas tenho esse edema de Reinke e um grande pólipo nas minhas cordas vocais e não estou disposta a cortá-lo porque existe a chance de acordar de uma cirurgia e não soar como eu mesma.”

Desafios financeiros

De modo mais breve, o último dos três motivos — desafios financeiros — foi abordado por Miley Cyrus como uma espécie de consequência. Se a artista não pode realizar tantos shows em série, fica bastante caro fazer turnê.

“A turnê não é gratuita. Então, se eu não puder fazer uma certa quantidade de shows, matematicamente não faz sentido promover isso da maneira que preciso.”

A americana garante que outros colegas de profissão sofrem do mesmo problema. Segundo ela, “muitos artistas não fazem turnês tanto quanto gostariam ou costumavam fazer”.

Explicações anteriores

Em entrevista de 2023 à British Vogue, Miley Cyrus apresentou mais justificativas para não realizar turnês. A cantora deixou claro que simplesmente busca fazer o que deseja — e excursionar não está em sua lista de prioridades, ainda mais por grandes arenas.

“Depois do último show [em grande arena em uma turnê] que fiz [em 2014], eu meio que olhei para isso mais como um questionamento. E eu não consigo. Não apenas ‘não consigo’ porque nesse caso falo de capacidade, mas é o meu desejo. Quero viver minha vida em prol do prazer ou realização de outra pessoa que não seja a minha? Cantar para centenas de milhares de pessoas não é realmente o que eu amo. Não há conexão. Não há segurança.”

À época, a afirmação causou polêmica. Fãs se sentiram até mesmo desprezados ou abandonados pela superestrela, que voltou às redes sociais para detalhar ainda mais o seu ponto de vista:

“Para esclarecer, sinto-me conectada a meus fãs agora mais do que nunca. Quando eu venço, nós vencemos. Mesmo que eu não os veja cara a cara todas as noites em um show, meus fãs estão profundamente em meu coração. Estou constantemente criando novas maneiras de me manter conectada com o público que amo – sem sacrificar meus próprios fundamentos.”

Ainda em seu comunicado, Cyrus apontou que sua opção em manter-se distante das turnês não a afastou dos fãs, mas, sim, dos holofotes colocados pela mídia. Dessa forma, ela consegue se preservar, além de manter uma rotina mais saudável que não envolva constantes viagens. Por fim, deixou claro: o hiato das longas turnês também pode acabar a qualquer momento.

“Quando me apresentei para vocês, foram alguns dos melhores dias da minha vida e continuaremos essa jornada juntos, como temos feito nas últimas quase duas décadas. Isso não tem nada a ver com falta de apreço pelos fãs e tudo a ver com simplesmente não quero ficar em um vestiário. Que é a realidade da vida na estrada. […] Não quero dormir em um ônibus em movimento. Não é o melhor para mim agora e se você está atento a minha carreira, perceberá que estou sempre mudando e minha percepção sobre isso também pode mudar.”

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