Oruam estampa capa de revista internacional: ‘Sou um anti-herói’

O rapper Oruam, de 24 anos, é o destaque da nova capa da revista britânica Dazed. Na edição, divulgada nesta segunda-feira (2), o artista carioca comenta a chamada “Lei Anti-Oruam”, proposta por parlamentares brasileiros que visa proibir o financiamento público de shows com artistas acusados de promover o crime ou o uso de drogas.

A legislação, que começou a tramitar em 2024, ganhou força após a prisão de outros nomes do funk e do rap, como MC Poze do Rodo, e tem sido apontada como uma tentativa de censura cultural. 

“Tem um projeto de lei com o meu nome, então sou muito famoso. Eles vão se lembrar de mim para sempre”, afirmou à revista.

Na entrevista assinada pelo jornalista Felipe Maia, Oruam — nome artístico de Mauro Davi dos Santos Nepomuceno — fala sobre como sua trajetória pessoal e familiar moldou sua obra. Filho de Marcinho VP, um dos líderes do Comando Vermelho e preso desde 1996, o rapper conta que teve sua primeira experiência artística no palco durante o lançamento do livro do pai, em 2017:

“Escrevi um poema para o meu pai e ele me pediu para recitá-lo. Quando desci do palco, as pessoas começaram a pedir para tirar fotos comigo.”

Oruam também relembra o impacto da prisão da mãe em 2010 e diz que foi ela quem o incentivou a escrever: ““Minha mãe me fez ser quem sou hoje e costumava me dizer: ‘Um dia, você também vai ser chefe’. Quando mostrei meus primeiros poemas, ela me disse que eu era muito bom nisso. E quem lia, chorava. Se você provoca esse tipo de reação, isso é arte.”

Em 2024, o rapper realizou shows internacionais em Lisboa e Luanda, e agora mira uma expansão de carreira:

“Quero aprender inglês e lançar música nos Estados Unidos e Reino Unido. Meu sonho é gravar com o Justin Bieber.”

A revista também destaca a estética marcante do artista, conhecido pelo cabelo vermelho e pelas referências visuais intensas. “Não consigo ser artista e ser igual a todo mundo. Preciso ser original, preciso ser marcante”, diz.

Na mesma entrevista, Oruam define seu lugar na cena:

“Não consigo descrever esse sentimento. É como se eu tivesse que ser um herói… Na verdade, sou um anti-herói. Pode anotar isso, chefe.”

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