TRILHA DO AMOR

O disco brasileiro que embalou a lua de mel de Alice Cooper

Em visita ao Brasil, ícone do rock conta como um álbum de um gênio da música nacional marcou seu casamento com Sheryl Goddard

Guilherme Gonçalves (@guiiilherme_agb)

Sheryl Goddard e Alice Cooper em 1980
Sheryl Goddard e Alice Cooper em 1980 - Foto: Images Press / IMAGES / Getty Images

A relação entre Alice Cooper e Brasil ficou fortemente marcada pelo show pioneiro que o artista realizou em 1974, em São Paulo. Foi ele o primeiro ícone da música pesada a desembarcar no país, que na época ainda não estava na rota das grandes turnês internacionais.

No entanto, essa história não parou por aí. Alice voltou outras vezes, inclusive para tocar no Rock in Rio, em 2015 e 2017. Mais recentemente, no último dia 14 de junho, esteve aqui no festival Best of Blues and Rock.

O vocalista Alice Cooper
O vocalista Alice Cooper – Foto: Leca Suzuki @lecasuzukiphoto

 

Nessa visita recente, o astro do shock rock acrescentou mais um episódio marcante de sua ligação com o Brasil. Em entrevista coletiva antes do show no Parque Ibirapuera, Alice revelou que um disco de Tom Jobim embalou sua lua de mel em 1976 com Sheryl Goddard, sua esposa até hoje.

Alice falou (transcrição via Alpha FM):

“Quando eu e minha esposa nos casamos em 1976, o álbum da nossa lua de mel foi Wave, do Antônio Carlos Jobim. Esse era o nosso disco favorito na época. Toda vez que eu ouço qualquer música dele, me lembro da nossa lua de mel.”

Tom Jobim e o álbum Wave

Lançado em 1967, Wave é o quinto álbum de estúdio do carioca Antônio Carlos Jobim. O disco foi gravado nos Estados Unidos com músicos americanos e saiu pela gravadora A&M Records.

Com repertório pautado pelo jazz e inteiramente composto por Tom Jobim, Wave foi aclamado pela crítica, em especial canções como “Triste”, “Look to the Sky” e a faixa-título.

Em 2007, a Rolling Stone Brasil elegeu Wave como o 92º melhor álbum nacional na lista com Os 100 Maiores Discos da Música Brasileira”.

A primeira visita de Alice Cooper ao Brasil

A visita inaugural de Alice Cooper ao Brasil ocorreu quando tudo “ainda era mato”: entre março e abril de 1974, muito antes de o maior país da América do Sul se tornar rota frequente de shows internacionais. Artistas como Bill Haley e Carlos Santana já tinham aparecido por aqui, mas Cooper foi o responsável pelo primeiro grande espetáculo de rock estrageiro em território nacional.

À época, ele realizou três apresentações em São Paulo (todas no Salão de Exposições do Anhembi) e outras duas no Rio de Janeiro (uma no Canecão e outra no Ginásio do Maracanãzinho). Um dos compromissos na capital paulista chegou a bater um recorde citado com orgulho por Alice em entrevista a Igor Miranda para a Rolling Stone Brasil:

“Ainda está no Guinness Book como o maior público em local fechado de todos os tempos: 158 mil pessoas [no Salão de Exposições do Anhembi]. Temos boas lembranças do público brasileiro, especialmente das vezes que fomos ao Rock in Rio, pois também adoram o Hollywood Vampires. Agora, imagine colocar 160 mil pessoas num lugar fechado. É uma cidade inteira. Se todos batem palmas, fica tão alto que você não acredita. Até hoje falamos sobre aquele show no Brasil, foi um evento enorme e magnífico.”

As outras visitas reuniram públicos massivos, como habitual. Independentemente disso, Vincent Furnier garante:

“Se alguém tapasse seus olhos e falasse: ‘não vamos te dizer onde você está’, quando você está no palco, você saberia que está no Brasil. É sempre uma plateia enorme.”

+++ LEIA MAIS: Alice Cooper oferece muito mais do que “rock teatral” no Best of Blues and Rock
+++ LEIA MAIS: As duas bandas brasileiras homenageadas por Nita Strauss (Alice Cooper)
+++ LEIA MAIS: Alice Cooper fala à RS sobre show no Brasil, livro dos recordes, Nita Strauss e ex-companheiros

TAGS: Alice Cooper, antônio carlos jobim, Tom Jobim