"MOSTRA A TUA CARA"

A música de Cazuza que o convenceu a revelar diagnóstico de aids

Ícone brasileiro, cantor e compositor falecido em 1990 levou cerca de dois anos para assumir publicamente que havia contraído o vírus HIV

Guilherme Gonçalves (@guiiilherme_agb)

Cazuza em 1988
Cazuza em 1988 - Foto: reprodução / YouTube

Em 1985, vieram os primeiros sintomas como febre e convulsões. Em 1987, o doloroso diagnóstico: Cazuza havia contraído o vírus HIV e tinha aids.

O cantor e compositor brasileiro, no entanto, ainda levou mais dois anos até se sentir à vontade para assumir publicamente a doença.

Somente em 1989 Cazuza revelou ao mundo que lutava contra a aids. Nesse processo, uma música de sua própria autoria o convenceu a assumir que era portador do vírus.

Trata-se da canção Brasil, lançada no álbum Ideologia (1988). Em um dos versos, Cazuza canta “Brasil, mostra a tua cara”, e isso o motivou a contar a verdade sobre seu estado de saúde.

Cazuza em 1987
Cazuza em 1987 – Foto: reprodução / YouTube

 

No ano seguinte, em uma viagem aos Estados Unidos, Cazuza decidiu abrir o jogo. Júlio Ettore, especialista em rock nacional, comentou a respeito em seu canal no YouTube (via Whiplash).

Segundo Júlio, o jornalista Zeca Camargo, à época correspondente da Folha de S. Paulo, foi o primeiro a publicar a informação:

“Cazuza tomou a decisão de revelar, mas isso só ocorreu no carnaval de 1989, quando ele foi para Boston para exames. (…) Na entrevista, o Zeca perguntou sobre a internação. O Cazuza disse que estava com uma doença e estava de saco cheio e sem paciência. O Cazuza pegou uma taça de vinho e falou para o Zeca escrever que a ‘maldita’ é a aids. O Zeca disse que ficou sem reação.”

Cazuza não parou

Mesmo debilitado, Cazuza ainda fez uma turnê nacional, O Tempo Não Para, dirigida por Ney Matogrosso. Ele fez aparições públicas até junho de 1990 e morreu um mês depois, na manhã do dia 7 de julho de 1990, no Rio de Janeiro.

Em recente entrevista ao Fantástico, da TV Globo, Lucinha Araújo, mãe de Cazuza, afirmou:

“A lembrança maior que tenho dele é a coragem, coragem com tudo, principalmente com a doença. Nunca vi ele se queixar, sempre tinha esperança. Ele achava que a vida tinha dado tanto para ele que não podia se queixar, tinha que ter esperança.”

Ela acrescenta:

“Ele morreu, mas está vivo no coração de todos os brasileiros. É impressionante como ele é querido.”

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