ENTREVISTA

Roy Khan fala à RS sobre show revisitando Kamelot em SP, Edu Falaschi e futuro

Em movimentação inédita de sua carreira, cantor celebrará os 20 anos do álbum ‘The Black Halo’ em performance no Tokio Marine Hall

Igor Miranda (@igormirandasite)

Roy Khan
Roy Khan - Foto: Gabriel Ramos @gabrieluizramos para IgorMiranda.com.br

O show de Edu Falaschi no Tokio Marine Hall, em São Paulo, no próximo dia 5 de julho, é importante não apenas pela atração principal. Uma das atrações de abertura é simplesmente Roy Khan, uma das vozes mais celebradas do power metal mundial. E o cantor norueguês preparou algo diferente: uma performance em celebração aos 20 anos de The Black Halo, talvez o seu álbum mais importante junto ao Kamelot, banda que o tornou globalmente conhecido.

Acompanhado pelos brasileiros do Maestrick e por uma orquestra, Khan promete um set de aproximadamente 40 minutos, tocando as canções mais conhecidas do disco original de 2005. Ao que tudo indica, será o pontapé inicial de um novo projeto do artista, enfim decidido a revisitar a obra produzida junto ao grupo que integrou entre 1998 e 2011.

 
 
 
 
 
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Roy, diga-se, chegou a abandonar a carreira musical quando decidiu sair do Kamelot por esgotamento e questões de saúde mental. O norueguês só retornou mesmo à música em 2017, com o Conception, justamente a banda que integrava no início dos anos 1990. Porém, nunca havia voltado a cantar as composições de seu grupo mais famoso.

Em entrevista à Rolling Stone Brasil, Roy Khan fala sobre o vindouro show em São Paulo (cujos ingressos estão à venda no site Ticketmaster), relembra o período de The Black Halo, discute sua saída do Kamelot e entrega um pouco de seus próximos planos. Confira!

Entrevista com Roy Khan (Conception, ex-Kamelot)

Sobre a ideia de celebrar os 20 anos de The Black Halo com show junto a Edu Falaschi em São Paulo:
Roy Khan: “Ano passado, fiz uma participação em um show do Edu Falaschi no Tokio Marine Hall. Falamos sobre os álbuns que estão completando aniversário e eu mencionei que The Black Halo completaria 20 anos em 2025. Então, conversamos sobre fazer a mesma coisa de novo, mas comigo cantando mais músicas do que da última vez. E terá uma orquestra. Não tocaremos o álbum na íntegra, pois sou convidado e teremos outras atrações, então, tivemos que limitar a algo como 40 minutos, umas sete ou oito músicas. Mas será ótimo tocar essas músicas que representam uma era tão importante da minha carreira.”

Sobre dividir o palco com o Maestrick, banda brasileira que o acompanhará no show e com quem ele já trabalhou em estúdio:
RK: “Conheci o Fábio Caldeira e os caras do Maestrick no mesmo show. Ele mencionou que eles estavam trabalhando em um álbum e que tinham uma música na qual estavam pensando em me pedir para fazer alguns vocais. Alguns meses depois, me perguntaram se eu queria gravar ‘Lunar Vortex’, ótima música. Gravamos à distância, mas também tínhamos uma turnê sul-americana com o Conception em junho passado. Fábio me ligou de novo e perguntou se eu poderia ficar mais alguns dias para fazer o clipe, eu aceitei.”

 
 
 
 
 
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Sobre a amizade com Edu Falaschi e sua opinião a respeito do trabalho do brasileiro:
RK: “Nos conhecemos há anos e conversamos de vez em quando, em festivais e ocasiões especiais. Mas nos aproximamos quando Edu me convidou para o show do ano passado em São Paulo. Edu é um cara incrível. Só não conheço muito o material dele, pois não conheço muito bem muitas bandas do meu gênero. Não ouço muita música que seja meio parecida com a que eu toco. Conhecia ‘Heroes of Sand’ e algumas outras. E, claro, o Angra também estava gravando com o Sascha [Paeth] e o Miro em Wolfsburg na época em que também comecei a trabalhar com eles. Conheço a banda, o estilo e tudo mais, mas não conheço as músicas em detalhe.”

Sobre a possibilidade de continuar fazendo shows celebrando seu legado no Kamelot:
RK: “No momento, temos apenas este show e mais um na Dinamarca [nota: outros compromissos no Japão foram confirmados após a entrevista]. Depois, vou ver que tipo de ofertas vão chegar e veremos. Mas é definitivamente algo que eu gostaria de fazer. Estou morrendo de vontade de tocar essas músicas daquele período novamente, não só porque eu as amo, mas porque esse período é muito importante para a minha carreira. Lembro que em 2011, quando saí do Kamelot, muita gente tinha acabado de descobrir a banda e nunca tinha me visto ao vivo.”

O que Roy Khan acha de The Black Halo nos dias de hoje:
RK: “Acho ótimo, destaca-se como uma obra de arte maravilhosa, tanto musicalmente quanto liricamente. Vejo esse álbum como um acaso de sorte, de várias pessoas e diferentes talentos estando em sintonia e tocando no auge de suas capacidades. Foi a primeira vez que trabalhamos com a Simone Simons, vocalista do Epica. Shagrath, do Dimmu Borgir, está lá também. E também foi o primeiro álbum que fizemos para a gravadora SPV. Pela primeira vez, tínhamos um orçamento suficiente para fazer tudo o que tínhamos em mente. […] Sentíamos que tínhamos algo em andamento que era o melhor que já tínhamos feito. A popularidade aumentou e, criativamente, também sentia que melhorávamos. Ainda assim, não tínhamos a mínima ideia de que seria o clássico que realmente se tornou.”

O problema de saúde que afetou Roy Khan durante as sessões de The Black Halo:
RK:
“Criamos bastante do álbum na Noruega. Lembro que uma das sessões de composição aconteceu no meu porão. Costumávamos compor na Flórida, na Alemanha, na Noruega. Às vezes, simplesmente nos encontrávamos em algum lugar, alugávamos um lugar e escrevíamos. Mas lembro que tinha uma doença ocular estranha, ou uma doença autoimune, que fazia meu sistema imunológico atacar meus nervos visuais. Em algum momento, tive de ficar hospitalizado por uns quatro meses e depois ainda tive que ficar na Noruega para fazer controles e exames de visão por mais alguns meses. Tivemos que fazer a pré-produção também aqui na minha casa, na Noruega.”

Sobre a decisão de sair do Kamelot em 2011 devido a questões de saúde mental, como burnout e depressão:
RK: “Saúde mental é importante não só na música, mas para as pessoas no geral, especialmente jovens. Isso demanda atenção e cuidado. Ao se estar em uma banda, especialmente na linha de frente, como a figura principal… isso coloca muita pressão sobre você. É preciso estar com a mente no lugar certo e ter os movimentos certos para navegar em tal ambiente. De toda forma, acho que a conscientização aumentou nos últimos anos, mas é importante seguir discutindo sobre.”

Os aprendizados durante a pausa completa na carreira musical, entre 2011 e 2017:
RK: “Era realmente uma necessidade para mim simplesmente sair daquela cena. Eu estava fisicamente doente só de pensar em ir para o aeroporto. Fiquei farto daquela coisa toda. No começo, eu nem conseguia ouvir música na TV. Depois de um tempo, as coisas voltaram à minha mente e eu lentamente entendi que, mesmo que tudo isso tenha me afetado muito naquela época, ainda era a minha paixão. Ainda queria trabalhar com música e cantar. No fim das contas, acabei voltando. É tudo uma questão de como você vive sua vida naquele ambiente.”

Veja também: entrevista com Edu Falaschi


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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Começou em 2007 a escrever sobre música, com foco em rock e heavy metal. É colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022 e mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, revista Roadie Crew, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram e outras redes: @igormirandasite.
TAGS: Conception, edu falaschi, Entrevistas Igor Miranda, Kamelot, Roy Khan