CURIOSIDADE

Michael Madsen odiou gravar uma das cenas mais icônicas de sua carreira

Ator, morto aos 67 anos, quase desistiu de filmar a emblemática cena de tortura em Cães de Aluguel por conflito emocional com o personagem

Angelo Cordeiro (@angelocordeirosilva)

Michael Madsen odiou gravar uma das cenas mais icônicas de sua carreira
Michael Madsen odiou gravar uma das cenas mais icônicas de sua carreira - Divulgação/Miramax

Michael Madsen, ator morto nesta quinta-feira, 3 de julho, aos 67 anos, eternizou-se como um dos vilões mais marcantes do cinema com sua interpretação de Mr. Blonde em Cães de Aluguel (1992), dirigido por Quentin Tarantino (Era Uma Vez em… Hollywood). Mas, por trás da atuação fria e sádica que o tornou um ícone, havia um ator profundamente desconfortável com o conteúdo violento que precisava encenar.

Conhecido por papéis de durão, Madsen era, na vida real, avesso à violência e essa contradição ficou evidente durante a gravação da cena mais infame do filme e uma das mais icônicas de sua carreira: quando Mr. Blonde tortura um policial (interpretado por Kirk Baltz), cortando sua orelha ao som de “Stuck in the Middle with You“, do Stealers Wheel, criando um contraste brutal entre o clima da música e a crueldade da cena.

Em entrevistas ao longo dos anos, Madsen revelou ter odiado gravar a cena — venerada por fãs até os dias atuais. O desconforto aumentou quando Baltz improvisou a frase “Eu tenho filhos em casa”, que não estava no roteiro. À época, Madsen havia acabado de se tornar pai, e a fala o atingiu em cheio. “A ideia de matar um cara que poderia ser eu, um pai de família, quase me paralisou”, contou o ator.

A cena quase foi cortada do longa. Harvey Weinstein, produtor do filme, tentou removê-la, mas Quentin Tarantino foi irredutível e insistiu em mantê-la e o momento acabou se tornando um dos mais lembrados da carreira de Madsen. Apesar de o filme evitar um banho de sangue explícito, a violência psicológica, especialmente durante a tortura, foi suficiente para chocar plateias.

Para Madsen, no entanto, o preço do sucesso foi alto. “A fama é uma faca de dois gumes. Há muitas bênçãos, mas também muitas coisas pesadas que vêm com ela”, disse ele ao The Hollywood Reporter, em 2018. “Acho que fui mais crível do que deveria. Acho que as pessoas realmente me temem. Elas me veem e dizem: ‘Puta merda, é aquele cara!’”

Na mesma entrevista, Madsen fez questão de enfatizar que o homem por trás do personagem era muito diferente. “Mas eu não sou esse cara. Sou apenas um ator. Sou pai, tenho sete filhos. Sou casado, estou casado há 20 anos. Quando não estou fazendo um filme, estou em casa, de pijama, assistindo a The Rifleman na TV, com sorte com meu filho de 12 anos fazendo um cheeseburger para mim.

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Angelo Cordeiro é repórter do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo. Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, escreve sobre filmes desde 2014. Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Pisciano, mas não acredita em astrologia. São-paulino, pai de pet e cinéfilo obcecado por listas e rankings.
TAGS: cães de aluguel, Michael Madsen, quentin tarantino