Os problemas de saúde que acometeram Bill Ward nas últimas décadas
Baterista do Black Sabbath enfim voltará a se apresentar com a banda após ficar fora da última reunião por suposta limitação para tocar
Guilherme Gonçalves (@guiiilherme_agb) com pauta de Igor Miranda
O evento de despedida do Black Sabbath, Back to the Beginning, conta com um elenco estelar de atrações e convidados. Todavia, um de seus maiores atrativos é algo aparentemente simples: o fato de Bill Ward estar presente.
Por outro lado, é importante ressaltar o “aparentemente simples”. Ao longo das últimas décadas, o baterista de 77 anos foi acometido por uma série de problemas de saúde. Mesmo quando parecia que iria subir ao palco novamente com a banda, acabava ficando fora da festa.
Foi assim na turnê de despedida anterior, em 2016; na gravação e na excursão do último álbum do grupo, 13 (2013); e também em outras ocasiões do passado. Para entender a linha cronológica das ausências de Bill, é preciso voltar um pouco mais no tempo.
Alcoolismo de Bill Ward
Os primeiros problemas de saúde mais sérios de Bill Ward remontam ao início da década de 1980. Abalado com a saída de Ozzy Osbourne do Black Sabbath, o baterista não lidou tão bem com a entrada de Ronnie James Dio na banda e, mesmo tendo participado de Heaven and Hell (1980), conta que praticamente não se lembra de ter gravado o álbum.

O abuso de bebidas alcóolicas levou Bill a “desaparecer” durante a turnê do disco. Essa foi a primeira vez em que Vinny Appice precisou substituí-lo.
Após ficar fora do álbum Mob Rules (1981), o baterista original do Sabbath retornou em Born Again (1983), com Ian Gillan no vocal. Logo saiu novamente.
Década de 1990 e problemas visíveis
Corta para a década de 1990. Bill Ward, que já havia se apresentado com o Sabbath no festival Live Aid (1985), retorna para os shows da banda abrindo para Ozzy Osbourne em sua primeira turnê de despedida, a No More Tours, em 1992.
Em 1997, quando da turnê que gerou o álbum ao vivo Reunion (1998), Bill sofreu um ataque cardíaco durante os ensaios e ficou ausente em praticamente toda a excursão. Foi substituído por Mike Bordin (Faith No More). Ele só conseguiu fazer os dois shows finais, que acabaram gravados para o lançamento oficial.

Em meados da década de 2000, Bill esteve envolvido no embrião do projeto Heaven & Hell, que promoveu o reencontro entre Dio e os membros originais Tony Iommi e Geezer Butler, mas sob nova alcunha. Porém, o baterista se afastou dos trabalhos, dando lugar novamente a Vinny Appice, responsável pela bateria no disco The Devil You Know (2009).
Fora da aguardada reunião
A reunião mais aguardada — e frustrada —, porém, foi a de 2011. Os quatro integrantes originais do Black Sabbath anunciaram um novo álbum de estúdio com a formação clássica, o que não acontecia desde Never Say Die! (1978).
No entanto, Bill acabou excluído do disco e da turnê subsequente, sendo substituído, respectivamente, por Brad Wilk (Rage Against the Machine) e Tommy Clufetos (Ozzy, The Dead Daisies).

Nessa época começou o fogo cruzado de declarações entre o baterista e Sharon Osbourne. Enquanto a esposa e empresária de Ozzy alegava que o baterista não tinha mais condições de saúde para desempenhar um bom papel, ele retrucava dizendo que o contrato oferecido era “inassinável”.
Na época, Ozzy emitiu um comentário pelas redes sociais e afirmou:
“Bill, pare com essa cortina de fumaça sobre um ‘contrato inassinável’ e sejamos honestos. Lá no fundo, você sabia que não era capaz de gravar o álbum e fazer uma turnê de 16 meses. Infelizmente para você, nossos instintos estavam corretos, pois você esteve hospitalizado várias vezes em 2013. Sua última hospitalização foi para uma cirurgia no ombro, da qual você agora diz ter se recuperado recentemente. Isso significaria que nossa turnê mundial teria sido cancelada. Então, como tudo isso é culpa minha? Pare de se fazer de vítima e seja honesto consigo mesmo e com nossos fãs.”
Mea culpa parcial
Posteriormente, Bill Ward admitiu que estava acima do peso na época. Ele passou por uma cirurgia gastrointestinal, mas, em entrevista a Rei Nishimoto, do Ghost Cult (via Blabbermouth), rechaçou as acusações de que não conseguiria tocar:
“Nunca estive numa situação em que não conseguisse tocar bateria. É muito triste que tenham feito declarações sobre mim que insinuassem que eu não era capaz de tocar bateria. “Em nenhum momento, minha capacidade de tocar bateria foi prejudicada ou minha saúde esteve prejudicada. Fiquei muito bravo com essas sugestões e com o que estava acontecendo.”
Em 2017, Bill voltou a ser hospitalizado em decorrência de problemas no coração. O baterista precisou cancelar shows de novos projetos, como da banda Day of Errors.
Bill Ward está bem?
Recentemente, cessaram as notícias sobre novas intercorrências de saúde em relação a Bill Ward. O baterista está confirmado para o show que promete marcar a despedida definitiva dos pais do heavy metal.
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A despedida do Black Sabbath
O evento Back to the Beginning está marcado para sábado, 5, no Villa Park, em Birmingham, na Inglaterra. Haverá transmissão por meio do site oficial do festival.
Tony Iommi, Ozzy Osbourne, Geezer Butler e Bill Ward subirão ao palco juntos pela última vez, acompanhado das seguintes atrações:
Metallica
Guns N’ Roses
Tool
Slayer
Pantera
Gojira
Alice in Chains
Halestorm
Lamb of God
Anthrax
Mastodon
Rival Sons
Convidados adicionais:
Billy Corgan (Smashing Pumpkins)
David Draiman (Disturbed)
Duff McKagan
Fred Durst (Limp Bizkit)
Lzzy Hale
Jake E. Lee
Jonathan Davis (Korn)
K.K. Downing
Mike Bordin (Faith No More)
Papa V Perpetua (Ghost)
Rudy Sarzo
Sammy Hagar
Slash
Sleep Token II (Sleep Token)
Tom Morello
O evento terá caráter beneficente, com todo o lucro destinado a três instituições de caridade: Cure Parkinson’s, Birmingham Children’s Hospital e Acorn Children’s Hospice.
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