CRÍTICA

Marvel se mantém em alta ao explorar o poder da união no novo Quarteto Fantástico

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos chega com a responsabilidade de manter a curva de ascensão do Universo Cinematográfico da Marvel após o sucesso de Thunderbolts*

Henrique Nascimento (@hc_nascimento)

Marvel se mantém em alta ao explorar o poder da união em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos; leia a crítica
Marvel se mantém em alta ao explorar o poder da união em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos; leia a crítica - Divulgação/Marvel Studios

Três meses após o lançamento de Thunderbolts*, uma das melhores produções recentes do Universo Cinematográfico da Marvel (MCU), a franquia está de volta com um novo capítulo, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, que não só carrega o peso de introduzir a aguardada Família Fantástica em universo estabelecido ao longo de duas décadas, mas também ajudá-lo a se recuperar da decadência que vem caindo nos últimos anos.

Na novidade, que chega aos cinemas brasileiros a partir desta quinta-feira (24), Reed Richards (Pedro Pascal, The Last of Us), Sue Storm (Vanessa Kirby, Napoleão), Johnny Storm (Joseph Quinn, Stranger Things) e Ben Grimm (Ebon Moss-Bachrach, O Urso) são os heróis da Terra-828, que adquiriram os poderes de elasticidade, invisibilidade, controle do fogo e força sobre-humana, respectivamente, após uma missão malsucedida no espaço.

Porém, quando a Família Fantástica é confrontada com a ameaça do deus espacial Galactus (Ralph Ineson, A Bruxa) e o seu enigmático arauto, a Surfista Prateada (Julia Garner, Ozark), a responsabilidade de salvar o planeta recai sobre o grupo que, outrora adorado, transforma-se em algoz ao se negar a pagar o alto preço cobrado pelo Devorador de Mundos.

Quarteto Fantástico: Primeiros Passos se destaca, a princípio, por dedicar pouquíssimo espaço para (re)apresentar o grupo. Afinal, após 36 filmes lançados no Univeros Cinematográfico da Marvel — e apenas na franquia, sem contar as produções da antiga 20th Century Fox, incluindo três filmes sobre o Quarteto Fantástico, e da Sony Pictures —, ninguém cai em uma sessão dessas por acaso, não é mesmo?

Com essa decisão, a novidade abre espaço para explorar a família como um todo, mas também individualmente. Exceto por Ben Grimm, o Coisa, que acaba perdido com uma trama fraca sobre a sua aparência e as dificuldades desde que adquiriu os seus poderes, nós entramos na cabeça de Reed Richards, o Sr. Fantástico, para entender a sua dificuldade para lidar com a responsabilidade que assumiu não só como herói, mas também como pai; testemunhamos a força de Sue Storm, a Mulher Invisível, que é capaz de arriscar a própria vida por um bem maior; e descobrimos que Johnny Storm, o Tocha Humana, tem mais inteligência e coração do que faz parecer.

Porém, não é um, não são dois, ou três, mas quatro heróis — amigos, familiares, amores — que fazem do Quarteto Fantástico o que ele é. É junto (e somente dessa forma) que o grupo consegue lidar com a responsabilidade de salvar os habitantes da Terra sem se sacrificar no processo, lidando com todas as adversidades e, principalmente, imprevisibilidades de sua difícil missão contra Galactus, que chega com o porte de vilões como Thanos (Josh BrolinDeadpool 2) e Kang, o Conquistador (Jonathan MajorsLovecraft Country), e funciona para mostrar a força da Família Fantástica como um grupo — além de render uma das cenas mais emocionantes da franquia até hoje, que colocou o cinema em um silêncio que não se via desde o desfecho traumatizante de Vingadores: Guerra Infinita, de 2018.

Além da história, também se destaca o universo construído por Matt Shakman. Responsável por WandaVision (2021), em que mergulhou no universo dos sitcoms para trabalhar a história de Wanda Maximoff (Elizabeth Olsen) e Visão (Paul Bettany), o cineasta criou uma Nova York retrofuturista, misturando um estilo sessentista com tecnologia futurística, que remete a outra família bastante popular na cultura pop: os Jetsons, da animação homônima lançada na década de 1960, acrescentando uma bem-vinda nostalgia à novidade.

Por fim, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos também trabalha bem outra questão cobrada com afinco pelos fãs da Marvel nos últimos anos: os efeitos especiais. Aqui, o cuidado parece ter sido redobrado e, apesar de não estar perfeito, o filme supera o trabalho amadorístico visto em produções como Viúva Negra (2021), Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022) e Thor: Amor e Trovão (2022).

É compreensível que, a essa altura, a descrença em novidades da Marvel seja gigante, mas o novo Quarteto Fantástico é uma oportunidade de ver a franquia fora da armadilha que ela criou para si: ao mesmo tempo em que se preocupa em agradar aos fãs, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é um filme que anda com as próprias pernas.

Ele abraça o compromisso de (re)apresentar, de forma independente, esse aguardado novo grupo de heróis — sem cair no marasmo de esmiuçar os seus detalhes mais uma vez — e explora o conceito de “a união faz a força”, um clichê que, no futuro, promete ser importante para a equipe e os seus colegas multiversais no enfrentamento contra o Doutor Destino (Robert Downey Jr., o antigo Homem de Ferro) em Vingadores: Doomsday, previsto para 2026, e Vingadores: Guerras Secretas, que deve chegar em 2027 para encerrar a Saga do Multiverso.

Depois de Thunderbolts*, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos é mais um acerto da Marvel. Que essa curva continue em ascensão.

LEIA TAMBÉM: Robert Downey Jr. estreia como Doutor Destino em Quarteto Fantástico: Primeiros Passos?

Qual foi o melhor filme de 2025 até agora? Vote no seu favorito!

Ver resultados

Loading ... Loading ...

Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, em São Paulo, Henrique Nascimento começou como estagiário na Veja São Paulo e passou por veículos como SBT, Exitoína, Yahoo! Brasil e UOL antes de se tornar coordenador do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.
TAGS: Ebon Moss-Bachrach, joseph quinn, Julia Garner, marvel, matt shakman, MCU, pedro pascal, Quarteto Fantástico: Primeiros Passos, ralph ineson, Saga do Multiverso, Universo Cinematográfico da Marvel, vanessa kirby, vingadores, Vingadores: Doomsday