TATEANDO O SOM

Os discos do Deep Purple que geram arrependimento em Ritchie Blackmore

Guitarrista demonstra pouco apreço pelo início da banda, que só engrenou com as entradas do vocalista Ian Gillan e do baixista Roger Glover

Guilherme Gonçalves (@guiiilherme_agb) com pauta de Igor Miranda

Ritchie Blackmore durante show em 1974
Ritchie Blackmore durante show em 1974 - Foto: Fin Costello / Redferns

Que o Deep Purple é uma das bandas de hard rock mais importantes da história, não há dúvida. No entanto, o grupo só começou a pavimentar esse status a partir de seu quarto álbum de estúdio, In Rock, lançado em 1970.

Antes disso, a banda ainda estava tateando seu som. Nos três primeiros discos — Shades of Deep Purple (1968), The Book of Taliesyn (1968) e Deep Purple (1969) —, o que se ouve é um conjunto de integrantes com pouca unidade e sem saber se quer executar rock psicodélico, progressivo ou hard rock.

Ritchie Blackmore participou desse período embrionário do Deep Purple. Todavia, o guitarrista não guarda boas recordações, tampouco se orgulha de ter gravado os três trabalhos supracitados.

Deep Purple em 1969 (E-D): Rod Evans, Jon Lord, Ritchie Blackmore, Nick Simper e Ian Paice
Deep Purple em 1969 (E-D): Rod Evans, Jon Lord, Ritchie Blackmore, Nick Simper e Ian Paice – Foto: Evening Standard / Hulton Archive / Getty Images

 

Em entrevista de 2017 ao site The Quietus (via Far Out), Blackmore afirmou:

“Não estou particularmente orgulhoso dos três primeiros discos que fiz com o Deep Purple. Eles parecem estar divagando por todos os lados. Não tínhamos um nicho específico e não sabíamos bem para onde estávamos indo.”

Na época, a banda era formada, além de Blackmore, por Rod Evans (vocal), Nick Simper (baixo), Jon Lord (teclados) e Ian Paice (bateria).

Blackmore se recorda:

“Havia bons músicos envolvidos e eles tocavam bem, mas não criamos muita coisa. Já o In Rock foi muito bom, eu adorei.”

Ritchie Blackmore em 1984
Ritchie Blackmore em 1984 – Foto: Gutchie Kojima / Shinko Music / Getty Images

 

A mudança no Deep Purple

No citado In Rock, o Deep Purple contou com as chegadas de Ian Gillan (vocal) e Roger Glover (baixo) substituindo, respectivamente), Rod Evans e Nick Simper.

As modificações surtiram efeito, e a banda deslanchou rumo ao panteão do hard rock, sendo um nome fundamental também para o desenvolvimento do algo ainda mais pesado, o heavy metal, assim como Led Zeppelin e Black Sabbath.

Nem os clássicos agradam por completo

Apesar disso, não são todos os álbuns dessa fase que agradam Ritchie Blackmore. Como o próprio disse, ele “adora” In Rock e Machine Head (1972), mas não morre de amores por outros dois trabalhos da fase Mark II: Fireball (1971) e Who Do We Think We Are (1973).

“O próximo, Fireball, eu odiei. Who Do We Think We Are foi provavelmente um dos piores discos para mim, porque eu realmente não tinha ideias, e estávamos sendo tão pressionados, em turnê o tempo todo, e quando não estávamos em turnê, ficávamos doentes.”

A partir de 1974, o Deep Purple passou a contar com uma nova configuração, com as saídas de Ian Gillan e Roger Glover e as chegadas de David Coverdale e Glenn Hughes. Mas essa já é uma outra história…

+++ LEIA MAIS: Por que Ritchie Blackmore odiava a música de David Bowie
+++ LEIA MAIS: As duas maiores influências do Deep Purple, segundo Ritchie Blackmore
+++ LEIA MAIS: Os problemas de saúde que afetam Ritchie Blackmore atualmente

TAGS: deep purple, ritchie blackmore