CRÍTICA

No 3º episódio, ‘Alien: Earth’ peca com protagonistas enquanto fortalece histórias paralelas

No novo capítulo da série do Disney+, a história aprofunda tramas secundárias, tirando o foco da narrativa principal; leia a crítica

Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)

No 3º episódio, Alien: Earth peca com protagonistas enquanto fortalece histórias paralelas; leia a crítica
No 3º episódio, Alien: Earth peca com protagonistas enquanto fortalece histórias paralelas; leia a crítica - Divulgação/FX

Primeira série do universo de AlienAlien: Earth inicia promissora. Além de apresentar os protagonistas da história e nos situar em meio à queda de uma nave espacial na Terra, contendo espécimes alienígenas, a produção estabelece a atmosfera que conquistou os fãs da franquia e abriu caminho para introduzir novos elementos.

Agora, no terceiro episódio, que já está disponível no Disney+, Alien: Earth retoma um momento de grande impacto: o resgate de Hermit (Alex Lawther, Andor) por sua irmã, Wendy (Sidney Chandler, Não Se Preocupe, Querida).

O conflito com o Xenomorfo, que deveria carregar peso dramático, acaba funcionando para expor a fragilidade desses personagens como protagonistas. Tanto Wendy quanto o irmão são construídos para ocupar o centro da trama. Porém, à medida que a narrativa avança, eles se tornam cada vez mais desinteressantes. O roteiro parece querer que nos importemos, mas não oferece elementos narrativos sólidos para justificar esse investimento emocional.

Em paralelo, temos tramas secundárias que já se mostram muito mais ricas que a principal. O arco de Morrow (Babou Ceesay, Wolfe), por exemplo, consegue sustentar reflexões sobre identidade e limite humano. Seu monólogo sobre o conflito entre sua humanidade e sua natureza robótica, aliado à interpretação carregada de exaustão de Ceesay, transmite uma densidade dramática que falta aos demais núcleos. É aqui que a série toca em um terreno fértil: o da contradição existencial, algo que sempre esteve na essência da franquia Alien.

Já a narrativa do Boy Kavalier (Samuel Blenkin, Mickey 17), o “menino gênio”, que agora detém as espécimes, apresenta um problema de proporção. Embora tenha potencial para explorar o perigo de lidar com múltiplas criaturas, o roteiro concentra mais tempo apenas no Xenomorfo. O resultado é uma sensação de desperdício: o universo se abre em possibilidades — quatro espécimes diferentes, cada uma com implicações próprias —, mas a narrativa opta pelo caminho mais previsível, reduzindo a complexidade que poderia gerar.

Outro ponto que merece destaque é o arco dos sintéticos com mentes infantis. O retorno a Neverland amplia uma atmosfera perturbadora, já que as reações dessas “crianças” não seguem um padrão único. Nibs (Lily Newmark, Han Solo: Uma História Star Wars) e Slightly (Adarsh Gourav, O Tigre Branco), por exemplo, demonstram efeitos psicológicos claros, sugerindo que a experiência está corroendo sua estabilidade. Em contrapartida, outros permanecem estranhamente imunes, quase indiferentes. Esse núcleo, ainda que menos explorado, carrega um grande potencial de horror psicológico. 

Assim, o episódio deixa clara uma contradição estrutural: enquanto investe tempo e energia nos personagens menos cativantes, guarda seus melhores elementos narrativos para os secundários. O resultado é um episódio que quer equilibrar ação e reflexão, mas que balança ao escolher seu propósito principal.

LEIA TAMBÉM: O terror que fez as buscas por ‘o cachorro morre no final?’ crescerem 2000%


Qual foi o melhor filme de 2025 até agora? Vote no seu favorito!

Ver resultados

Loading ... Loading ...

Jornalista em formação pela Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Giulia Cardoso começou em 2020 como voluntária em portais de cinema. Já foi estagiária na Perifacon e agora trabalha no núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.
TAGS: Alex Lawther, Alien: Earth, Babou Ceesay, Lily Newmark, noah hawley, Samuel Blenkin, Sydney Chandler, Timothy Olyphant