CRÍTICA

‘Os Roses: Até Que a Morte os Separe’ faz do caos conjugal dos outros a nossa diversão

Releitura moderna e bem-humorada do clássico de Warren Adler chega aos cinemas brasileiros nesta quinta, 28, com Olivia Colman e Benedict Cumberbatch

Angelo Cordeiro (@angelocordeirosilva)

Os Roses: Até Que a Morte os Separe faz do caos conjugal dos outros a nossa diversão; leia a crítica
Os Roses: Até Que a Morte os Separe faz do caos conjugal dos outros a nossa diversão; leia a crítica - Divulgação/20th Century Studios

Os Roses: Até Que a Morte Os Separe, novidade baseada no romance A Guerra dos Roses (1981), de Warren Adler, faz uma releitura moderna da história que já teve uma versão lançada em 1989, dirigida por Danny DeVito (Matilda), e que contava com Michael Douglas (Instinto Selvagem) e Kathleen Turner (Corpos Ardentes) na pele dos Roses, casal em um processo de divórcio autodestrutivo.

Agora, Olivia Colman (A Favorita) e Benedict Cumberbatch (Doutor Estranho) encarnam esse casal que parece perfeito à primeira vista, até que a carreira dela, de chef de cozinha, decola e a dele, de arquiteto, despenca. De repente, a vida de comercial de margarina e sorrisos ensaiados se transforma em um campo de batalha doméstico cheio de ciúmes, ressentimentos e pequenas sabotagens cotidianas — tudo isso com muito charme britânico.

O grande trunfo do filme é a química explosiva entre os protagonistas. Colman mantém sua precisão habitual de texto refinado e ácido, enquanto Cumberbatch surpreende ao se soltar e revelar seu lado mais cômico. É impossível não rir de situações que, em outro contexto, seriam dramáticas: insultos carregados de ironia, humilhações sutis e ataques bem calculados à casa e ao ego alheio.

Uma das mudanças mais marcantes em relação à versão de DeVito é a inversão de papéis de gênero. Se no filme de 1989 a mulher era retratada como diminuída diante do homem — um reflexo da época —, agora ela é uma profissional de sucesso, deixando o marido à mercê dela. Essa virada dá frescor à história e provoca reflexões divertidas sobre poder, sucesso, masculinidade, guerra de gêneros e competitividade conjugal.

Nesta nova versão, o humor é mais verbal e sofisticado, com diálogos afiados e coadjuvantes que ajudam a alimentar a rivalidade, mesmo que alguns acabem ficando apagados. A ausência do advogado-narrador de Danny DeVito é sentida: Allison Janney (Eu, Tonya) aparece como advogada da mulher, mas sua presença é discreta e sem o mesmo peso narrativo. Ainda assim, o roteiro de Tony McNamara mantém o público entretido com malícias, pequenas armadilhas e situações absurdas.

A direção de Jay Roach (Entrando Numa Fria) não tenta reinventar a roda, mas sabe orquestrar o duelo conjugal com ritmo e leveza. A combinação entre humor ácido, sarcasmo britânico e sabotagens domésticas garante risadas constantes e momentos de pura diversão. Esta nova versão consegue ser distinta do original, trazendo uma abordagem mais leve, moderna e verbal, sem perder o espírito da guerra doméstica do romance de Adler.

Em suma, Os Roses: Até Que a Morte Os Separe é uma versão atualizada, bem-humorada e deliciosa do clássico literário. Entre insultos inteligentes, estratégias domésticas maquiavélicas e momentos de afeto distorcido, Colman e Cumberbatch provam que o divórcio pode ser cruel… mas também hilário. Perfeito para quem gosta de rir do caos conjugal dos outros e, quem sabe, se sentir grato por ainda não ter encontrado sua alma gêmea.

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Angelo Cordeiro é repórter do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo. Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, escreve sobre filmes desde 2014. Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Pisciano, mas não acredita em astrologia. São-paulino, pai de pet e cinéfilo obcecado por listas e rankings.
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