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Todos os 9 filmes de ‘Invocação do Mal’, do pior ao melhor, segundo Rolling Stone

Criado por James Wan, ‘Invocação do Mal’ já soma nove filmes, consolidando-se como uma das maiores franquias de terror do cinema contemporâneo

Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)

Franquia Invocação do mal, do pior ao melhor, segundo Rolling Stone
Franquia Invocação do mal, do pior ao melhor, segundo Rolling Stone - Divulgação / Reprodução

Desde 2013, o universo de Invocação do Mal se tornou uma das franquias de terror mais populares do cinema moderno. Com histórias inspiradas em casos investigados pelos demonologistas Ed e Lorraine Warren, interpretados por Patrick Wilson e Vera Farmiga, respectivamente, a saga cresceu para além da trilogia principal, ganhando spin-offs que exploram figuras como Valak, a Freira e a boneca amaldiçoada Annabelle.

Nesta quinta, 4, os cinemas brasileiros recebem Invocação do Mal 4: O Último Ritual, que representa o encerramento da primeira fase da franquia e a despedida de Wilson e Farmiga dos papeis principais. Hoje, já são dez filmes que se interligam em uma cronologia própria, formando o chamado “Invocaverso”.

Mas, entre tantos títulos, quais realmente se destacam? Nesta lista, a Rolling Stone Brasil reuniu todos os filmes da franquia (com exceção de Invocação do Mal 4), ranqueados do menos marcante ao mais assustador.

9 – Annabelle (2014)

Em Annabelle, um casal aguarda a chegada de um bebê e, em clima de muito amor, o marido Jonh Form (Ward Horton, A Idade Dourada) decide presentear sua esposa com uma boneca artesanal. Durante uma noite, membros de uma seita satânica invadem a casa deles, os atacam e tornam a boneca a receptora de uma entidade do mal. 

Com a direção, agora fora das mãos de James Wan (Invocação do Mal), o filme tenta criar um clima de paranoia que deveria funcionar como motor do filme. O problema é que, após um início “OK”, fica em modo “tensão artificial”, acumulando cenas de espera que pouco resultam além de frustração. Mesmo a sequência inquietante com a máquina de costura, pensada para causar agonia, acaba soando repetitiva.

O marido bonzinho funciona como alívio moral, mas o laço familiar nunca convence de verdade; falta densidade emocional para que o terror seja realmente doloroso. Se isso não fosse desanimador o bastante, Annabelle toma uma decisão extremamente problemática: o sacrifício benevolente de uma personagem negra (previamente apresentada, claro) para salvar a “família margarina”. 

Mesmo com um motivo coerente, dentro da trama, para esta decisão, Annabelle se torna um filme que reforça o esteriótipo de que, no cinema de terror, o personagem negro não ganha a mesma densidade ou chance de sobreviver que os brancos. Isso comunica que sua vida vale menos, narrativamente.

Cena de Annabelle
Cena do filme da boneca Annabelle – Reprodução

8 – A maldição da Chorona (2019)

De toda a franquia, A Maldição da Chorona talvez seja o que menos carrega a identidade dos filmes. Curiosamente, o longa foi dirigido por Michael Chaves, que depois assumiria Invocação do Mal 3, mas aqui o resultado fica muito aquém do esperado.

A conexão com o universo vem apenas por meio do padre de Annabelle, mas a entidade central é uma das mais frágeis já apresentadas. A Chorona não passa de gritos, rajadas de vento e um visual mal resolvido: um CGI que, mesmo se não for, parece saído de uma pós-produção apressada. Falta peso, cor e, principalmente, diferenciais.

A narrativa também não ajuda. Os personagens raramente conversam entre si de forma que faça sentido, e isso prejudica a fluidez da trama. A maldição da protagonista surge de uma praga lançada pela última vítima de Chorona, mas o roteiro nunca se preocupa em explicar como a mulher foi amaldiçoada. Quanto mais se pensa no enredo, mais buracos aparecem.

A mistura de inglês e espanhol soa forçada, quase caricata, e as atuações não ajudam a sustentar a atmosfera de terror. No fim, a mitologia de Chorona se mostra rasa: a execução é descuidada e o filme parece um produto colado ao universo de James Wan apenas para carregar o selo sem, de fato, entregar a força que o público espera.

Imagem promocional de A Maldição da Chorona
Imagem promocional de A Maldição da Chorona – Divulgação

7 – Annabelle 3: De Volta Para Casa (2019)

Annabelle 3 tenta expandir o universo da boneca amaldiçoada, mas acaba tropeçando em velhos clichês. A ambientação de época é pouco convincente e parece mais que os personagens vivem em 2025 sem acesso a celulares do que, de fato, em um passado crível. O início ainda tem uma vibe de filme sobre ensino médio e jovens, antes de finalmente se entregar ao terror.

O longa é marcado por uma narrativa parada, brega e sem tempero. Mais uma vez, a fórmula se repete: demônio querendo roubar almas, o bode preto de sempre dando as caras, sessões de possessão e sustos que se anunciam a quilômetros de distância. Nada realmente surpreende, e nenhuma cena de terror consegue marcar.

Dirigido por Michael Chaves — o mesmo de A Maldição da Chorona e Invocação do Mal 3 — o filme reforça a sensação de que o cineasta não consegue extrair o melhor desse universo.

O que há de interessante aqui é o design dos espíritos libertados por Annabelle. A variedade de entidades e a tentativa de não se restringir a um simples “filme de casa mal-assombrada” dão algum fôlego à trama. Mas, no fim das contas, o resultado é um terror morno, repetitivo e, acima de tudo, entediante.

cena de Annabelle 3
As atrizes Madison Iseman, Katie Sarife e Mckenna Grace em cena de Annabelle 3 – Reprodução

6 – Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio (2021)

Em Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, Michael Chaves retorna à direção (nos fazendo temer pelo que vem a frente). Logo no início, o filme tenta manter a identidade visual da franquia, com a clássica câmera flutuante em plano-sequência, um recurso que remete diretamente aos dois primeiros longas. A história se passa em 1981 e traz novamente Ed e Lorraine Warren investigando um caso de possessão que rapidamente se transforma em algo maior.

O enredo faz paralelos interessantes entre o casal Warren e o jovem possuído junto da namorada, mas peca em detalhes de lógica: é estranho, por exemplo, que o menino não comunique a ninguém sobre o que estava acontecendo com ele. A partir daí, o filme caminha entre bruxas, maldições e, mais uma vez, demônios. Sem esquecer de puxar o padre de Annabelle de volta e até elementos da seita dos Discípulos do Carneiro.

No fim, o longa é uma tentativa de se diferenciar, trazendo um foco maior na investigação, mas os sustos continuam previsíveis, e a sensação é de repetição de fórmulas que já foram melhor executadas no passado do “Invocaverso”. 

Casal Warren em Invacação do Mal 3
Casal Warren em Invacação do Mal 3 – Reprodução

5- A Freira 2 (2023)

Aqui o universo de Invocação do Mal acerta ao trazer mais peso no terror em comparação ao primeiro longa. Se a estreia da entidade deixou a desejar, aqui o clima religioso e sombrio ganha força, com direito a figurinos bem trabalhados e uma ambientação que reforça a unidade narrativa e visual da franquia.

A trama poderia facilmente se chamar A Missão da Freira Irene, já que o filme acompanha de perto a personagem enfrentando novas manifestações do mal. Diferente da boneca Annabelle, cuja fórmula se desgastou rápido, a figura da freira demoníaca continua funcionando: ela é marcante, assusta e sustenta o clima de tensão.

Apesar disso, a produção sofre com certo ritmo arrastado. O roteiro investe em investigação, expande um pouco da história de Valak e mistura bons momentos de terror com cenas mais convencionais de gritos, correria e reza. No clímax, as freiras combatem literalmente o mal com orações e bênçãos, um recurso simples que contrasta com a atmosfera pesada construída até ali.

A Freira 2 é um daqueles filmes que não precisava existir, mas justamente por isso consegue surpreender como um terror competente, mesmo que enrolado e irregular em seu ritmo.

imagem promocional A freira 2
Imagem promocional do filme A freira 2 – Divulgação

4 – Invocação do mal 2 (2016)

James Wan retorna à franquia em Invocação do Mal 2 com uma direção segura, tanto na construção geral quanto no cuidado artístico. A montagem é um dos pontos altos, pensada com precisão para dar ritmo às sequências de susto e tensão. É aqui que conhecemos a freira demoníaca, além de outros elementos que se tornariam ícones do Invocaverso, como o Homem Torto.

O filme mantém o gênero que consagrou a franquia: o terror de casa mal-assombrada, explorando famílias pobres presas em residências velhas e cheias de segredos. Nesse cenário, os Warrens continuam sendo os personagens mais interessantes, com destaque para a preocupação de Lorraine em relação à possível morte de Ed, um drama íntimo que humaniza os investigadores.

Entre os momentos mais marcantes estão a cena de Ed enfrentando o demônio diretamente e a presença da menina possuída, vestida de vermelho, que funciona como um sinal de alerta constante para o espectador. Já a Freira surge como um demônio que atormenta Lorraine, abrindo caminho para o futuro spin-off.

Apesar do cuidado com os detalhes, Invocação do Mal 2 é um filme longo, de mais de duas horas, que muitas vezes se apoia em repetições. Ele vale por algumas sequências inspiradas, deixar a sensação de que, no fim das contas, é um terror irregular.

cena do filme invocação do mal 2
Cena do filme invocação do mal 2 – Reprodução

3 – A Freira (2018)

A Freira mergulha no terror católico, com direito a cruzes invertidas, rituais e o peso sombrio típico do universo de Invocação do Mal. A história se passa em um convento isolado, onde freiras dedicam a vida a proteger o mundo do mal, um cenário que ajuda a sustentar a atmosfera de mistério.

O filme se propõe a expandir a lore do Invocaverso, trazendo mais detalhes sobre Valak, embora não chegue a aprofundar tanto assim: explica de onde veio o demônio, mas não vai muito além. A narrativa tem um ritmo mais voltado para a investigação, o que pode dar a sensação de que há diálogos demais e ação de menos. É um longa “de muito papinho”, mas que ainda assim entrega momentos de bom terror.

Visualmente, A Freira aposta em um tom sombrio, sem cor e sem muito espaço para humor — apesar de trazer pitadas leves de alívio cômico, como já havia acontecido em Invocação do Mal 2. Não é um filme cheio de sustos memoráveis ou grandes reviravoltas, mas compensa com a criação de um clima denso e de mistério.

No fim, mesmo com a narrativa arrastada em alguns momentos, o longa “dá a volta” e consegue ser importante para a franquia, consolidando a posição de Valak como uma das entidades mais marcantes do universo criado por James Wan.

A atriz Taissa Farmiga em cena de A Freira
A atriz Taissa Farmiga em cena de A Freira – Reprodução

2- Invocação do Mal (2013)

O primeiro Invocação do Mal já mostra porque a franquia se tornaria um marco no gênero. Apesar de atuações às vezes duvidosas (mas cheias de verdade), o elenco consegue transmitir uma dinâmica familiar cativante, tornando o drama central tão envolvente quanto os sustos.

A direção, que aposta em perspectivas inclusivas e bem pensadas, eleva momentos icônicos: as palmas no escuro, o sonambulismo, os machucados inexplicáveis na mãe, a clássica puxada de pé. O design de produção reforça o clima sombrio, com uma casa antiga e carregada de história, ao mesmo tempo que já abre caminho para o futuro da franquia ao introduzir a boneca Annabelle.

O filme se equilibra devido à tensão crescente. Mas também no drama familiar que Invocação do Mal mais acerta: a partir da metade, o longa mergulha de vez na presença do mal.

A cena da possessão da mãe é o auge por ser uma sequência intensa, bem dirigida e que mostra como James Wan sabe manipular o ritmo para segurar o espectador. O roteiro se mantém bem amarrado, entregando um terror de impacto, mas também humano, que ajudou a consolidar a marca registrada do Invocaverso.

Exorcismo da personagem Carolyn Parron
Exorcismo da personagem Carolyn Parron em Invocação do Mal – Reprodução

1 – Annabelle 2: A Criação do Mal (2017)

Diferente do primeiro filme da boneca, Annabelle 2 já começa entregando assombração de cara, sem enrolação. A trama se passa em uma casa cheia de segredos e passagens escondidas, o que rende atmosfera e bons sustos, lembrando bastante o que funcionou tão bem em Invocação do Mal. Elementos como a música “You are My Sunshine“, o jogo de “find me”, a mulher mascarada, a menina manca e até detalhes de cenário, como a cadeira que sobre e desce a escada ou o elevador de mantimentos que criam situações de vulnerabilidade e alimentam o medo.

O longa ainda traz pequenas conexões com o universo maior, como a breve aparição da freira Valak. Mas o que realmente faz o filme se destacar são suas cenas de terror bem construídas, como a sequência da beliche com Annabelle

É verdade que, se você parar para pensar demais, algumas coisas não se sustentam. Mas a proposta aqui não é uma lógica impecável, e sim a construção de tensão. Nesse sentido, Annabelle 2 acerta em cheio: sabe o que está fazendo e resgata o clima de terror direto e eficiente que marcou o primeiro Invocação do Mal. Não à toa, acabou se tornando o melhor filme da lista.

LEIA TAMBÉM: Qual é a ordem cronológica da franquia ‘Invocação do Mal’?


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Jornalista em formação pela Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Giulia Cardoso começou em 2020 como voluntária em portais de cinema. Já foi estagiária na Perifacon e agora trabalha no núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.
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