“GENIALIDADE”

O integrante do Pink Floyd adorado por Jimmy Page e ignorado por muitos

Guitarrista do Led Zeppelin destaca músico em questão como “gênio”: “absolutamente inacreditável em relação ao que estava fazendo”

Igor Miranda (@igormirandasite)

Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin, em 2023 (Foto: Kevin Mazur / Getty Images for The Rock and Roll Hall of Fame)
Jimmy Page, guitarrista do Led Zeppelin, em 2023 (Foto: Kevin Mazur / Getty Images for The Rock and Roll Hall of Fame)

A formação mais conhecida do Pink Floyd envolve David Gilmour (guitarra e voz), Roger Waters (baixo e voz), Richard Wright (teclado) e Nick Mason (bateria). Em sua configuração inicial, porém, o grupo trazia o nem sempre lembrado Syd Barrett em vez de Gilmour.

Na opinião de Jimmy Page, Barrett era um verdadeiro gênio. O guitarrista do Led Zeppelin é um grande fã do que foi apresentado pela banda em The Piper of the Gates of Dawn (1967), álbum de estreia ofuscado pelos populares trabalhos da década de 1970, e A Saucerful of Secrets (1968), disco seguinte com Syd tocando em apenas algumas faixas.

Em entrevista de 2017 ao jornalista Phil Alexander (via site Igor Miranda), Page chegou a comparar o subestimado Barrett a Jimi Hendrix, guitarrista revolucionário que também se destacou na década de 1960. Ele afirmou:

“Queria ter visto a primeira formação do Pink Floyd ao vivo! […] A composição de Syd Barrett nos primeiros álbuns do Pink Floyd foi inspiradora. Nada soava como Barrett antes do primeiro álbum do Pink Floyd. Eram tantas ideias e acertos. Você consegue realmente sentir a genialidade. Foi trágico que ele tenha ficado mal. Tanto ele quanto Jimi Hendrix tinham uma visão futurista em certo sentido.”

Syd Barrett, nos tempos com o Pink Floyd, em 1967 (Foto: Chris Walter / WireImage via Getty Images)
Syd Barrett, nos tempos com o Pink Floyd, em 1967 (Foto: Chris Walter / WireImage via Getty Images)

Os elogios não pararam por aí. Jimmy definiu o Pink Floyd, especialmente na fase com Syd, como “seriamente experimental”. Até mesmo a saída do músico, em 1968, trouxe coisas boas na opinião do músico do Zeppelin.

“Syd Barrett era absolutamente inacreditável em relação ao que estava fazendo. Ele decidiu sair do lugar e abriu caminho para várias coisas incríveis. A versão deles de psicodelia era muito legal. Havia músicas rotuladas de psicodelia que eram uma porcaria, sem citar nomes. Mas o que o Pink Floyd estava fazendo era seriamente experimental e isso diz muito.”

Jimmy Page, do Led Zeppelin, em 2023
Jimmy Page, do Led Zeppelin, em 2023 (Foto: Kevin Mazur / Getty Images para o Rock and Roll Hall of Fame)

Syd Barrett, o primeiro líder do Pink Floyd

Roger Keith “Syd” Barrett nasceu em 6 de janeiro de 1946 em Cambridge, Inglaterra. Ele cofundou o Pink Floyd em 1965 e atuou como vocalista, guitarrista e compositor até sua saída em 1968. Com o grupo, gravou os primeiros singles e o álbum The Piper at the Gates of Dawn (1967), além de contribuições para A Saucerful of Secrets (1968).

Já tomado por problemas de saúde mental, iniciou carreira solo em 1969 com o single “Octopus” e os álbuns The Madcap Laughs e Barrett, ambos lançados em 1970 com participação de músicos ligados a Pink Floyd e Soft Machine. Em 1974 encerrou as atividades musicais e retirou-se da vida pública, passando a dedicar-se à pintura e à jardinagem em Cambridge. Em 1988 foi lançado Opel, álbum de faixas e sobras de estúdio aprovado por ele.

A sua saída do circuito musical ocorreu em meio a relatos sobre problemas de saúde mental, como esquizofrenia, agravados pelo uso de drogas psicodélicas. O Pink Floyd registrou referências e homenagens a Barrett em trabalhos posteriores, incluindo a música “Shine On You Crazy Diamond” e trechos de The Wall (1979). Em 1996 Barrett foi incluído no Rock and Roll Hall of Fame como membro da banda.

Syd Barrett morreu em 7 de julho de 2006, aos 60 anos. A causa foi câncer de pâncreas.

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Igor Miranda é jornalista formado pela Universidade Federal de Uberlândia (UFU) e pós-graduado em Jornalismo Digital. Começou em 2007 a escrever sobre música, com foco em rock e heavy metal. É colaborador da Rolling Stone Brasil desde 2022 e mantém o site próprio IgorMiranda.com.br. Também trabalhou para veículos como Whiplash.Net, revista Roadie Crew, portal Cifras, site/canal Ei Nerd e revista Guitarload, entre outros. Instagram e outras redes: @igormirandasite.
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