#InvasãoVangeLeonel invade SP com tributo múltiplo à artista, escritora e militante
De festa íntima a bloco nas ruas: programa celebra 10 anos sem Vange com múltiplas linguagens em São Paulo
Redação
Entre 11 e 26 de outubro, São Paulo será o palco da #InvasãoVangeLeonel, uma ocupação cultural que reverencia Vange Leonel (1963–2014) em sua dimensão artística, política e afetiva. A ação — concebida e dirigida por Cilmara Bedaque, companheira de Vange por 30 anos — propôs uma articulação entre música, literatura, debates, exibições e festas para reafirmar sua potência em múltiplos formatos.
A maratona de celebrações começa no dia 11, com uma edição especial da festa Chá com Bolachas, no Bar DAS. Nos dias 14 a 16, a SP Escola de Teatro recebe rodas de conversa sobre literatura, música e ativismo, mediadas por Pedro Alexandre Sanches, reunindo pessoas que acompanharam sua trajetória ou foram impactadas por ela. Em 22 de outubro, sobe o momento musical central: o Show Tributo, na Casa Rockambole, com participações de Fernanda Takai, Nando Reis, Catto e outros artistas influenciados por Vange e sua obra.
No dia 24, o Cine Bijou abre espaço para o lançamento do livro Joana Evangelista (Alameda Editorial) junto à exibição de imagens raras, videoclipes e depoimentos que revisitam facetas pouco vistas de sua trajetória. Por fim, no dia 26, as ruas de Santa Cecília serão invadidas pelo #BlocoSoviético, que encerra a #InvasãoVangeLeonel com festa coletiva, resistência queer e memória pulsante.
Mais que uma simples homenagem retrospectiva, a #InvasãoVangeLeonel é ato de ativação simbólica e convoca o público novo e antigo a dialogar com os temas que atravessaram a obra de Vange — feminismos, visibilidade lésbica, autonomia estética — e reafirmar sua presença no repertório cultural brasileiro contemporâneo.
Desde suas primeiras edições, o Bloco Soviético cultivou marchinhas com caráter crítico e satírico, reinterpretando clássicos pop com letras políticas e provocativas — por exemplo, “O teu discurso não nega, machista / perder privilégio é uma dor / só quero andar tranquila na pista / a opressão não é amor”, (versão de “O Teu Cabelo Não Nega“) ou “Reaça escravocrata“, (sobre a melodia de “Mulata Bossa Nova“) e paródias de “Máscara Negra” com versos sobre Lenin e revolução. Com seus desfiles desde 2013, o bloco ajudou a impulsionar o carnaval de rua paulistano em momentos nos quais ele ainda engatinhava.
Conheça Vange Leonel
Vange Leonel (1963–2014), nascida Maria Evangelina Leonel Gandolfo, deixou marcas profundas em múltiplos campos: música, literatura, ativismo e imprensa. Ela foi vocalista da banda pós-punk Nau, lançou seu primeiro álbum solo Vange (1991) — com o clássico “Noite Preta”, trilha da novela Vamp — e mais tarde editou o EP Vermelho (1996), ao lado de sua parceira Cilmara Bedaque. Também se destacou como cronista lésbica, autora teatral e voz ativa nas lutas feministas e LGBTQ+ nos anos noventa e dois mil.
A programação completa da invasão e detalhes sobre ingressos e locais estão disponíveis nos canais oficiais. Quem for participar, vá com o coração aberto: será mais que um tributo — uma convocação à memória ativa.