CURIOSIDADE

Como o assassino em série Ed Gein influenciou Alfred Hitchcock em ‘Psicose’?

A nova temporada da série antológica Monstro, de Ryan Murphy, explora como os crimes de Ed Gein inspiraram Psicose e mudaram para sempre a história do terror no cinema

Angelo Cordeiro (@angelocordeirosilva)

Como o assassino em série Ed Gein influenciou Alfred Hitchcock em 'Psicose' (Divulgação/Netflix/Universal Pictures)

A terceira temporada da antologia Monstros, criada por Ryan Murphy e Ian Brennan para a Netflix, volta a causar polêmica ao mergulhar na mente de um dos criminosos mais infames da história dos Estados Unidos. Intitulada Monstro: A História de Ed Gein, a série examina não apenas os crimes do assassino, mas também o impacto cultural de sua figura — especialmente na criação de Psicose, o clássico de Alfred Hitchcock que transformou o cinema de terror para sempre.

Lançado em 1960, Psicose marcou uma ruptura no gênero. Antes dele, o terror era dominado por monstros fantásticos — vampiros, múmias e criaturas criadas em laboratório. Hitchcock mudou o jogo ao revelar que o verdadeiro horror podia vir de pessoas aparentemente comuns. Inspirado no romance de Robert Bloch, o diretor baseou o personagem Norman Bates (Anthony Perkins) em Ed Gein (vivido na série por Charlie Hunnam, Sons of Anarchy), um homem real que desenterrava corpos e usava partes deles em rituais macabros, movido por uma obsessão doentia com a própria mãe.

A série da Netflix revisita esse processo criativo, dramatizando o modo como Hitchcock (interpretado por Tom Hollander) teria usado Gein como referência ao conceber Psicose. O roteiro mostra o diretor em dilema moral — consciente de que transformava uma tragédia real em espetáculo — e o ator Anthony Perkins (vivido por Joey Pollari) hesitando em aceitar o papel que o marcaria para sempre.

Em uma das cenas mais comentadas, o fictício Hitchcock diz ter escolhido Perkins por enxergar nele traços de Ed Gein — uma associação que, segundo o artigo do ScreenRant, não tem base histórica. Na realidade, Hitchcock escalou o ator por sua aparência frágil e comportamento tímido, perfeitos para enganar o público antes da reviravolta final.

A série também sugere que Perkins, um homem gay em uma Hollywood repressora, teria sido visto como “desviante”, o que reforçaria a ligação simbólica com Gein. O paralelo, no entanto, é criticado como injusto e reducionista, já que ignora o contexto homofóbico da época e o sofrimento pessoal do ator.

Ao mesmo tempo, a série reflete sobre o próprio papel do cinema e da TV em transformar violência real em entretenimento. Assim como Hitchcock se inspirou em Gein para criar Psicose, Monstro: A História de Ed Gein se vale novamente dessa história para provocar o público — num ciclo de fascínio e desconforto que atravessa gerações.

Qual é a história de Monstro: A História de Ed Gein?

Conhecido como “O Açougueiro de Plainfield”, Ed Gein foi condenado por assassinato na década de 1950, mas também era suspeito de violar túmulos e de envolvimento em outros crimes brutais. Sua história chocou os Estados Unidos e permanece como uma das mais perturbadoras da crônica criminal do século XX.

O novo capítulo da série antológica vai explorar a vida e os crimes do serial killer, que acabou inspirando alguns dos maiores vilões da cultura pop, como Norman Bates, de Psicose, e Leatherface, de O Massacre da Serra Elétrica.

Fonte: ScreenRant

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Angelo Cordeiro é repórter do núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo. Formado em Jornalismo pela Universidade São Judas, escreve sobre filmes desde 2014. Paulistano do bairro de Interlagos e fanático por Fórmula 1. Pisciano, mas não acredita em astrologia. São-paulino, pai de pet e cinéfilo obcecado por listas e rankings.
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