ENTREVISTA RS

Um ano após o ‘CAOS’: Como o rapper Alee se vê atualmente

Em balanço sobre o aniversário de seu aclamado álbum, o artista reflete sobre maturidade, o perfeccionismo da “síndrome de Michael Jackson” e a arte de ser sutilmente impactante, enquanto já idealiza seu próximo projeto

Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)

Um ano após o 'CAOS' Como o rapper Alee se vê atualmente_@nydpedro
Um ano após o 'CAOS' Como o rapper Alee se vê atualmente - Crédito: @nydpedro

Há um ano, em 23 setembro de 2024, Alee mergulhava a cena do trap com CAOS. Hoje, olhando em retrospecto, o artista enxerga a desordem daquele período não como um fim, mas como um rito de passagem essencial. O caos foi o que o forjou, e hoje ele se vê mais maduro, focado e consciente do próprio processo criativo. “Revisitar esse lugar de caos é lembrar que foi preciso passar por aquele momento para evoluir”, reflete Alee. “A evolução precisa doer”.

O conceito por trás de CAOS nunca foi o barulho pelo barulho. Alee se posiciona como o maestro dessa desordem, o ponto de equilíbrio em meio à confusão. “Eu tenho que ser o equilíbrio no meio do caos”, explica. Sua missão era traduzir sentimentos turbulentos de forma sutil, criando uma obra que impactasse sem alienar. “É o assustar sem assustar”, define. Para ele, essa abordagem é estratégica: “Quando você assusta demais, você vira alvo. O momento agora é de colher os frutos, não de virar alvo”.

Essa busca pelo equilíbrio é fruto de um perfeccionismo intenso, apelidado de “síndrome de Michael Jackson”, característica que tornou a produção do álbum principal um desafio, mas também garantiu o nível de qualidade que ele exige de si. “Sou muito perfeccionista, então, para mim, as coisas têm que estar ótimas de verdade para eu querer tomar a iniciativa de lançar”, admite.

Esse rigor se estende a todo o seu processo. Alee se descreve como um criador incansável, movido por uma necessidade diária de produzir. “Eu já me sinto incomodado se eu não gravar uma música. Acho que o meu dia não foi produtivo”, conta. Geralmente solitário em suas composições, que nascem de freestyles, ele assume a liderança criativa de seus projetos, apresentando ideias já estruturadas para sua equipe.

Isso já está acontecendo com Pagão, seu próximo álbum. “Eu já fiz o release todo do Pagão, as letras, a capa, o visualizer, o que eu quero transmitir”, revela, mostrando que, para ele, a música é inseparável da visão completa da obra. Ele não busca quem faça por ele, mas “gente que agregue nas ideias, mais malucas que a minha”.

No fim, Caos foi o palco onde Alee transformou suas dores mais profundas em arte. Foi um exercício de coragem que ele resume em duas palavras: “superação e atitude”. Era sobre encarar os problemas de frente, sem medo de julgamentos. Um ano depois, a poeira baixou, mas a atitude permanece.

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Jornalista em formação pela Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Giulia Cardoso começou em 2020 como voluntária em portais de cinema. Já foi estagiária na Perifacon e agora trabalha no núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.
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