Dave Mustaine explica cover de Metallica no álbum de despedida do Megadeth

*Texto por Althea Legaspi e Kory Grow ||| Dave Mustaine está preparando seu último álbum com o Megadeth, apropriadamente intitulado Megadeth. Mais de 40 anos depois de Mustaine fundar a banda, ele vê o álbum — que chega após 13 indicações ao Grammy, uma vitória na categoria Melhor Performance de Metal e 16 discos — como um encerramento apropriado para a trajetória dos aclamados pioneiros do thrash metal.

Como parte do álbum, Mustaine confirma à Rolling Stone EUA os rumores de que regravou sua versão de “Ride the Lightning”, faixa-título do álbum do Metallica de 1984, para o qual ele recebeu créditos de coautoria após sua saída da banda em 1983. A releitura estará disponível junto de todo o disco em 23 de janeiro de 2026.

“Não era bem que eu quisesse fazer a minha versão. Acho que todos nós queríamos que o resultado fosse de um jeito específico, e para mim, isso representava algo muito maior do que o resultado final da música. Era uma questão de respeito.”

Esse respeito, segundo ele, é pelo vocalista e guitarrista do Metallica, James Hetfield. “Ninguém nunca fala comigo sobre isso”, disse ele sobre a habilidade de Hetfield. “Um dia ele é cantor, no outro é essa força da natureza, e eu sempre o respeitei como guitarrista.”

Em seguida, complementa, sobre a escolha de incluir sua versão de “Ride the Lightning” no álbum de despedida do Megadeth:

“Então eu queria fazer algo para fechar o ciclo da minha carreira agora, já que tudo começou com o Panic [banda de Mustaine antes do Metallica] e várias das músicas que acabaram no repertório do Metallica. Eu queria fazer algo que eu sentisse que seria uma boa música.”

O Metallica desenvolveu a música, usando alguns riffs de guitarra de Mustaine, em uma narrativa arrepiante sobre um homem injustamente condenado aguardando a execução. O título “ride the lightning”, um eufemismo para morrer na cadeira elétrica, veio do livro A Dança da Morte, de Stephen King.

A gravação do Metallica foi um thrash metal cinético com notas e solos de guitarra em velocidade de metralhadora e os gritos convincentes de misericórdia de Hetfield. A gravação do Megadeth é um pouco mais rápida e grave, já que está em um tom mais baixo, e Mustaine canta a letra com mais rosnado do que Hetfield, mas a guitarra soa igualmente poderosa.

A banda não tinha a intenção de gravar a música para o novo álbum. Na verdade, sua origem surgiu de uma sessão de gravação no estúdio. Mustaine diz:

“Nossas intenções eram puras. Eu não tinha nenhum motivo para dizer: ‘Ei, cara, essa coisa que temos há 40 anos, em que vocês nunca vão fazer turnê comigo, eu tocando essa música vai mudar tudo’. Não era nada disso. Era mais sobre: esta é a minha vida daqui para frente. Quero fazer coisas que sejam respeitáveis. E acho que fazer algo onde possamos homenagear o cara que… quer dizer, odeio dizer isso, porque é simplesmente arrogante demais, mas a guitarra do Metallica mudou o mundo.”

Como citado, o álbum com 10 faixas, que inclui o primeiro single já lançado, “Tipping Point”, tem lançamento previsto para 23 de janeiro. A banda anunciará uma série de datas de shows de despedida ainda este ano — o Brasil, mais especificamente São Paulo, os recebe em 2 de maio.

Mustaine afirma que o Megadeth não tem planos de tocar a música ao vivo. E acrescenta: nem Hetfield nem o baterista do Metallica, Lars Ulrich, sabiam da existência da regravação com antecedência.

“Não foi por falta de ideia ou coragem, nada disso. Sei que a última vez que conversei com James, estávamos falando sobre assuntos de negócios, e não falei com ele desde então. Então, eu esperava que pudéssemos obter a aprovação dele antes de lançarmos a faixa. Mas, como as coisas aconteceram dessa forma, acho que muitas pessoas ficaram felizes com a nossa decisão, então simplesmente seguimos em frente. E ficarei mais do que feliz em conversar com ele quando tiver a oportunidade, mas não tenho mais o número dele.”

Embora os dois possam ter perdido contato, Mustaine vê com bons olhos a possibilidade de ele e Hetfield voltarem a conversar.

“Também sei que o tempo cura as feridas, e não sei se ainda temos esse tipo de relacionamento. Sei que gostaria de sair com ele, ouvir música nova, fazer palhaçadas e coisas do tipo, mas talvez estejamos todos muito velhos. Não sei.”

Embora espere que isso possa abrir uma janela para que eles voltem a conversar, Mustaine deixa claro que essa música não se trata de renovar antigas amizades.

“Acho que o objetivo disso não era tentar reacender relacionamentos nem nada do tipo. Era sobre demonstrar respeito a um homem que… não acredito que ele ache que eu o respeito, e eu queria deixar isso claro. Eu queria prestar uma homenagem à banda. E agora que estou me preparando para ‘pendurar a guitarra’, queria ter certeza de que nada ficaria por dizer.”

+++ LEIA MAIS: Megadeth anuncia encerramento de suas atividades após álbum final e turnê em 2026
+++ LEIA MAIS: O emotivo comunicado em que Dave Mustaine anuncia o fim do Megadeth
+++ LEIA MAIS: Riff do maior hit do Metallica é plágio, sugere Dave Mustaine
+++ Siga a Rolling Stone Brasil @rollingstonebrasil no Instagram
+++ Siga o jornalista Igor Miranda @igormirandasite no Instagram