POLÊMICA

Sydney Sweeney, enfim, fala sobre polêmica de campanha com jeans

Atriz deu pouca importância à polêmica: ‘Eu realmente não deixo que outras pessoas definam quem eu sou’

Gabriela Nangino (@gabinangino)

Sydney Sweeney em comercial da American Eagle (Foto: Reprodução/Youtube)
Sydney Sweeney em comercial da American Eagle (Foto: Reprodução/Youtube)

Sydney Sweeney, estrela de séries de sucesso como Euphoria e The White Lotus, pronunciou-se pela primeira vez sobre a polêmica envolvendo uma propaganda da American Eagle, veiculada em julho de 2025.

No vídeo, Sweeney fazia um trocadilho com a palavra jeans e genes, que, no inglês, tem a mesma pronúncia. A campanha foi criticada por relacionar “bons genes” à pele branca, cabelos e olhos claros, reforçando o estereótipo eurocêntrico de beleza.

Em setembro de 2025, Sweeney já havia sido questionada pela Vanity Fair sobre o assunto, mas se recusou a fazer uma declaração. Nesta terça, 4, quase quatro meses depois, ela se manifestou pela primeira vez — se esquivando, entretanto, das perguntas sobre o caráter preconceituoso da campanha.

“Sempre acreditei que não estou aqui para dizer às pessoas o que pensar”, disse à GQ (via NME). “Eu sei quem eu sou. Sei o que valorizo. Sei que sou uma pessoa gentil. Sei que amo muito e sei que estou animada para ver o que acontece a seguir. Então, não deixo que outras pessoas definam quem eu sou”.

Duas vezes indicada ao Emmy, Sweeney está atualmente filmando a terceira e última temporada de Euphoria. “Eu meio que guardei meu celular”, explicou. “Eu estava filmando todos os dias. Estou filmando Euphoria, então trabalho 16 horas por dia e não costumo levar meu celular para o set, então trabalho, vou para casa e durmo. Então, não vi muita coisa sobre isso”.

Ela afirmou que ficou surpresa com a reação negativa e minimizou a gravidade do trocadilho, dizendo que aceitou o trabalho porque adora usar jeans e que isso não a afetou “de forma alguma”.

Entenda a polêmica

Na campanha “Sydney Sweeney Has Great Jeans” (em tradução livre, “Sydney Sweeney Tem Ótimos Jeans”), a atriz diz: “Genes são passados de pais para filhos, muitas vezes determinando características como cor do cabelo, personalidade e até cor dos olhos. Meus jeans são azuis.”

Esta declaração foi um prato cheio para o clima político já polarizado nos Estados Unidos. Além de reacender debates sobre representatividade e padrões de beleza impostos pela mídia, internautas também apontaram o viés supremacista e racista da propaganda. Segundo críticos, a fala de Sweeney implicaria que aqueles que não são brancos, loiros e de olhos azuis como ela, consequentemente, teriam “bad genes” (genes ruins).

A propaganda fazia uma referência a uma propaganda antiga da concorrente Calvin Klein, na qual Brooke Shields fazia o mesmo trocadilho, em 1980. Veja:

@thrivebyemily 🧬👖 It was never just about blue jeans. The fashion industry has long flirted with ideals of purity, lineage, and “reproductive value.” Rhetorics like this fuel the rise in facism. You can’t look at history and everything going on today and pretend this is just branding. It’s about who gets to represent “America’s best genes.” #fashionhistory #americaneagle #sydneysweeney #mediaanalysis #deconstructingads ♬ Lucifer’s Waltz – Secession Studios

Sweeney também foi muito elogiada por conservadores nas redes sociais. Alguns afirmaram que a campanha simboliza a “morte da cultura woke” (expressão que se refere à ‘lacração’, ou adoção de práticas inclusivas e voltadas à esquerda na mídia). Grandes figuras se posicionaram sobre o assunto, como o diretor de comunicações da Casa Branca, Steven Cheung, e o vice-presidente J. D. Vance.

Até mesmo Donald Trump fez uma declaração, quando descobriu que Sweeney era registrada no partido Republicano: “Agora eu adoro o comercial dela. Se Sydney Sweeney é uma republicana registrada, acho o comercial fantástico”, disse. Após as críticas, American Eagle retirou do ar a veiculação de parte de sua campanha.

Sweeney já foi muito criticada por papéis hiperssexualizados em sua filmografia. Ela também tem um histórico ousado de parceria em ações de marketing: anteriormente neste ano, ela colaborou com a Dr. Squatch para vender um sabonete. O produto, supostamente, seria feito com a água do banho da atriz.

O projeto mais recente de Sweeney, a cinebiografia Christy, conta a história da ex-boxeadora Christy Martin e estreia nos cinemas em 7 de novembro nos EUA (ainda sem previsão de estreia no Brasil). O suspense psicológico The Housemaid também tem estreia prevista para 19 de dezembro nos EUA.

Para as pessoas que possam decidir não assistir seus filmes devido a divergências políticas ou insatisfações com o comercial da American Eagle, Sweeney disse: “Acho que se alguém se fechar para uma história poderosa como a de Christy por causa de algo que leu online, espero que outra coisa possa abrir seus olhos para a arte e para o aprendizado.”

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Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo, Gabriela é mineira e apaixonada por arte e cultura. Ela também já foi dançarina e seu principal hobbie é conhecer todos os cinemas de rua de SP. Foi estagiária no Jornal da USP e, na Rolling Stone Brasil, fala sobre música, filmes e séries.
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