Como David Bowie e Prince inspiraram o visual do ‘Frankenstein’ de Guillermo del Toro

Frankenstein, terror de Guillermo del Toro (O Labirinto do Fauno), que traz Oscar Isaac (Cavaleiro da Lua) no papel de doutor Frankenstein, já está disponível no catálogo da Netflix e o que tem chamado muita atenção dos espectadores são os figurinos que trazem a assinatura de Kate Hawley, que revelou ter se inspirado em dois ícones da música: David Bowie e Prince.

Fã do romantismo e ex-estudante de história da arte, Hawley mergulhou nas páginas do livro de Mary Shelley antes de iniciar o projeto, mas diz que trabalhar com del Toro sempre traz “uma mistura de trepidação e empolgação”. Segundo ela, o diretor trouxe muitas ideias, incluindo inspirações contemporâneas como David Bowie e Prince, este último sugerido pelo próprio Oscar Isaac, intérprete do personagem.

“Ele não é um cientista convencional, está construindo arte”, explica a figurinista. Os trajes de veludo, já gastos pelo tempo, revelam o declínio financeiro de Victor, enquanto o aumento do luxo e da extravagância em suas roupas reflete a vaidade e a corrupção moral que o consomem. A elegância sombria do figurino transforma o personagem em uma espécie de gênio romântico à beira do colapso.

Hawley também se inspirou na figura de Lord Byron, enxergando Victor como um artista em busca de sua musa. “Ele não é um cientista tradicional; o que constrói é arte”, explica. A origem aristocrática do personagem é refletida nos trajes de veludo espesso e desgastado, que carregam o peso do tempo e da decadência. “Há uma história sendo contada nesses tecidos — de alguém que perdeu o dinheiro, mas ainda guarda as roupas luxuosas de outros tempos”, comenta a figurinista. À medida que Frankenstein se envolve com Harlander, suas roupas se tornam mais extravagantes e teatrais, revelando o prazer do personagem em se deixar corromper pela ostentação e pela própria vaidade.

A infância de Victor remete ao período do Iluminismo, com alusões diretas ao universo de Mary Shelley, mas ao chegar à década de 1850, o filme amplia o escopo estético. Del Toro deixou claro que não queria um drama de época convencional “com muitos chapéus pretos de copa alta”, e sim uma abordagem moderna, em sintonia com o avanço tecnológico e o espírito transformador do período. A figurinista enfatiza que os trajes mantém raízes no universo de Mary Shelley. “É definitivamente uma homenagem ao mundo e ao período histórico dela”, afirmou.

O figurino de Elizabeth, interpretada por Mia Goth (Pearl), também carrega simbolismos. Um dos primeiros trajes criados por Hawley foi o vestido de casamento, que conecta toda a narrativa e incorpora elementos anatômicos, como as fitas e o espartilho que remetem à estrutura corporal do monstro. Inspirada na botânica e na natureza, a figurinista também desenhou o icônico vestido azul, feito com cerca de 60 metros de tecido impresso com padrões que lembram raios-X e formas orgânicas. As joias da personagem foram desenvolvidas em parceria com a Tiffany’s, que abriu seu acervo de 200 anos para o projeto, cedendo peças históricas com mais de 40 quilates de diamantes e criações raras de Louis Comfort Tiffany.

Já o visual da Criatura, vivida por Jacob Elordi (Euphoria), acompanha sua jornada de metamorfose. Após despertar, o monstro veste um casaco retirado do túmulo de um soldado da Crimeia, um símbolo da fusão entre corpos e memórias que compõem sua existência. “A marca do outro homem ainda está lá”, diz Hawley, destacando o contraste entre fragilidade e força que permeia o personagem.

Qual é a história de Frankenstein?

Descrito por Del Toro como seu projeto dos sonhos, Frankenstein adapta a clássica história de Mary Shelley sobre a criação de um monstro com partes de diversos cadáveres.

Quem está no elenco?

Além de Oscar Isaac (Cavaleiro da Lua), Mia Goth (Pearl), Charles Dance (Game of Thrones), Lars Mikkelsen (House of Cards), David Bradley (Harry Potter e a Pedra Filosofal) e Christian Convery (Sweet Tooth) e Christoph Waltz (Bastardos Inglórios) também estão no elenco de Frankenstein.

Fonte: Variety

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