ENTREVISTA RS

Kesha relembra início de carreira há 15 anos: ‘Poderosa e destemida’

Kesha está pronta para revisitar suas primeiras músicas: “Sou como uma espécie de doula da dopamina para os bêbados na pista de dança”

BRIAN HIATT

Kesha
Kesha (Foto: Aeon/GC Images/Getty Images)

“Por muito tempo, me senti muito dividida sobre como lidar com os meus primeiros álbuns”, disse Kesha à Rolling Stone Music Now. Mas, após chegar a um acordo em sua longa e conturbada batalha judicial com o ex-produtor Dr. Luke — e lançar seu próprio selo, a Kesha Records — ela finalmente se sente confortável em olhar para trás com carinho para seus primeiros dias repletos de glitter.

Com o lançamento da nova versão deluxe de 15º aniversário de seu álbum de estreia, Animal, e de seu sucessor, Cannibal, previsto para esta semana, Kesha falou profundamente sobre a criação desses lançamentos no novo episódio do Rolling Stone Music Now. “Eu voltei e percebi que aquilo era simplesmente eu”, diz ela. “Eu amo o fato de eu ser tão brincalhona e de simplesmente não ligar para nada. E amo o fato de eu ser tão ingênua a ponto de me divertir na frente de todo mundo. Que mulher incrível e destemida! Eu a admiro muito. Ela não tinha ideia de como seria doloroso ser tão imperfeita na frente do mundo inteiro, mas que mulher foda.”

Em outro trecho do episódio, Kesha fala sobre seus primeiros sucessos (que ainda viralizam), sobre escrever letras “bobas”, sobre seu futuro na música e muito mais. Alguns destaques seguem abaixo; para ouvir o episódio completo, acesse o seu aplicativo de preferência aqui.

Kesha agora é “grata” por “Tik Tok”.
“Eu ficava pensando: ‘É muito idiota’”, diz ela. “Mas aí eu ouvia de novo e pensava: ‘Não, é muito divertido’… Sou muito grata por essa musiquinha boba, porque sou tipo a doula da dopamina para os bêbados na pista de dança.”

Kesha não tem permissão contratual para lançar uma nova versão de “Tik Tok” que altere a letra “me sentindo como P. Diddy”.
“Ainda não posso lançá-la”, diz ela. “Mas nos meus shows, só para que todos saibam, a letra foi oficialmente alterada para ‘acordar de manhã tipo, foda-se o P. Diddy‘. E isso representa tudo o que eu não posso dizer.”

Seu antigo contrato com a gravadora não permitia que ela escolhesse quais músicas seriam lançadas.
“Para ser honesta, eu não tinha nenhum controle sobre o que poderia ser lançado”, diz. “Eu ia para o estúdio todo santo dia e compunha, tentando fazer a melhor música que alguém já tinha ouvido. E além disso, por causa de um contrato que assinei, eu não tinha nenhum direito sobre a minha voz gravada no universo. Para sempre. Então eu meio que estava fazendo a única coisa que eu podia controlar, que era tentar fazer as melhores músicas que eu conseguisse.”

Kesha se via como uma voz para os excluídos na música pop.
“Eu ouvia Iggy Pop e pensava: ‘Que se danem esses perdedores da Brentwood High School'”, diz Kesha, rindo. “Todas essas patricinhas básicas, elas não me entendem. Eu queria ser isso para a música pop. Queria que as garotas que não se sentiam como as garotas perfeitas tivessem uma garota que elas pudessem chamar de ‘essa é minha garota’.”

As letras propositalmente bobas e os efeitos de AutoTune em suas primeiras músicas geraram percepções que a incomodavam.
“Eu me orgulho de ser inteligente e de saber cantar”, diz. “E o mundo inteiro pensar que eu não sabia cantar e que era burra… Isso foi difícil para mim. Talvez eu não devesse ter me importado tanto, mas é o mundo inteiro… E é a minha vida inteira. Então, isso foi difícil para mim e eu só tive que deixar o tempo passar e deixar minha integridade, minhas escolhas e minha criatividade falarem por si mesmas. Mas levou um tempo para eu finalmente sentir que as pessoas estão começando a me enxergar por completo.”

Kesha está empolgada com o que está por vir.
“Eu realmente quero me libertar completamente em termos do que é possível sonoramente”, diz. “Eu só quero ver o que é possível. Talvez eu continue fazendo músicas pop porque eu amo músicas pop, mas eu só quero me sentir muito livre.”

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