POLÍTICA

Trump assina projeto de lei sobre os arquivos de Epstein após falhar em convencer seguidores mais radicais a desistirem

O presidente pressionou seu partido a votar contra o projeto antes de voltar atrás quando ficou claro que ele seria aprovado

Charisma Madarang

Donald Trump
Donald Trump (Foto: Tasos Katopodis/Getty Images)

Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump assinou na última quarta, 19, um projeto de lei que obriga o Departamento de Justiça a divulgar seus arquivos sobre o falecido condenado por crimes sexuais Jeffrey Epstein, cedendo à pressão dentro do próprio partido após passar meses tentando derrubá-lo.

Em uma longa postagem no Truth Social, Trump fez o anúncio e atribuiu a si o mérito pela aprovação do projeto, apesar de só tê-lo apoiado quando ficou claro que ele passaria contra sua vontade. O presidente também insistiu que o escrutínio sobre os chamados arquivos de Epstein era uma distração para diminuir os avanços de sua administração. “Os democratas usaram a questão ‘Epstein’, que os afeta muito mais do que ao Partido Republicano, para tentar distrair das nossas VITÓRIAS INCRÍVEIS”, escreveu Trump.

Durante a campanha de 2024, Trump prometeu tornar os documentos públicos caso fosse reeleito, mas mais tarde mudou de ideia. Em julho de 2025, o Departamento de Justiça emitiu um memorando afirmando que Epstein havia morrido por suicídio enquanto estava sob custódia e que não há razão para acreditar que exista uma “lista de clientes”, encerrando efetivamente a investigação.

O memorando causou uma ruptura dentro do governo Trump e também entre apoiadores do MAGA, levando o presidente a criticar aliados por se importarem com os “arquivos de Epstein”, que ele chamou de “porcaria”. Enquanto Trump e autoridades da Casa Branca tentavam apresentar os documentos como algum tipo de “farsa” arquitetada pelos democratas, o Wall Street Journal revelou a história sobre a carta de aniversário de 2003 de Trump para Epstein — que o presidente, antes amigo próximo do financista, descartou como “uma coisa falsa”. Mais tarde, descobriu-se que Bondi havia dito a Trump, em maio, que seu nome aparecia nos arquivos de Epstein, contrariando sua alegação, feita a um repórter em julho, de que o Departamento de Justiça não o havia informado disso.

Embora Trump tenha agora assinado o projeto, sua assinatura não garante que todos os arquivos serão divulgados. O texto ainda inclui exceções importantes, que podem manter muitos documentos confidenciais ou atrasar sua divulgação.

Maria Farmer, que acusou Epstein de agredi-la e testemunhou contra Ghislaine Maxwell durante o julgamento, elogiou a aprovação do projeto. “Esperei quase três décadas por respostas sobre como minhas denúncias de abuso por parte de Jeffrey Epstein e Ghislaine Maxwell foram investigadas pelas autoridades federais”, disse Farmer em um comunicado. “Após ficar no escuro por décadas, ter meus repetidos pedidos por transparência e ação ignorados e viver por quase cinco administrações que fecharam os olhos para essa enorme distorção da justiça, o Congresso ouviu finalmente as sobreviventes.”

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