A cantora cuja voz soa como um orgasmo para Dave Grohl

Dave Grohl é quase um Nelson Motta gringo: tem algo a dizer sobre todo artista que já viveu. No caso de Chan Marshall, cantora conhecida pela alcunha Cat Power, o vocalista e guitarrista do Foo Fighters teve um elogio muito específico para sua voz.

Em entrevista de 2002 ao NME (via FooArchive), Grohl recebeu a tarefa de montar uma trilha sonora para momentos de intimidade física. No meio de diversas escolhas inusitadas – Bad Brains, Slayer e Earth, Wind and Fire – o músico também escolheu “Cross Bones Style”, música lançada por Cat Power no álbum Moon Pix (1998).

Ele explicou:

“A primeira metade da trilha são as preliminares. Como conhecer uma pessoa estranha num bar depois de beber além da conta, e você quer que seu primeiro beijo seja louco de paixão e meio de qualquer jeito. A partir daí, o ideal é diminuir a marcha e sentir a vibe. O som da voz de Chan Marshall é o orgasmo mais satisfatório que eu poderia imaginar.”

Esta não foi a última vez que Dave elogiou o talento de Chan Marshall. Em entrevista de 2005 ao The Times (via FooArchive), o líder do Foo Fighters listou as canções de sua vida e incluiu a faixa “Colors and the Kids”, também de Moon Pix.

Ele falou:

“Uma das músicas mais lindas que já escutei é ‘The Colour And The Kids’ (sic) do álbum dela chamado Moon Pix. A canção é linda de destruir seu coração, e romântica – me faz querer sequestrá-la, fugir com ela e ficar escondido pra sempre.”

Dave teve até a oportunidade de trabalhar com Marshall durante sua carreira. Ele tocou bateria em três faixas do álbum You Are Free (2003), considerado na época do lançamento o ponto alto da discografia da cantora em termos criativos e comerciais. Ao que tudo indica, não houve sequestro na ocasião.

A título de curiosidade, a playlist íntima de Dave Grohl traz:

Bad Brains – “At The Movies”
Led Zeppelin – “The Wanton Song”
Pixies – “Subbacultcha”
Aerosmith – “Dream On”
Cat Power – “Cross Bones Style”
Earth Wind And Fire – “Shining Star”
Sonic Youth & Lydia Lunch – “Death Valley 69”
Dead Kennedys – “Nazi Punks F#ck Off”
Slayer – “Reign In Blood”

Sobre Cat Power

Chan Marshall começou a se apresentar como Cat Power no começo dos anos 1990, quando ainda era uma banda de Atlanta — que tirou seu nome de um boné de caminhoneiro — e não um projeto solo. A cantora se mudou para Nova York em 1992, onde encontrou na cena experimental da cidade uma chance de se reinventar.

Sua música começou a chamar a atenção no underground por sua mistura de folk com blues e indie rock. Moon Pix foi o momento no qual ela se tornou uma estrela nestes círculos.

Infelizmente, a artista logo desenvolveu uma infâmia. Por grande parte de sua vida, Marshall sofreu de depressão grave e, durante o auge de sua carreira, isso tornou seu comportamento errático. Especialmente ao vivo. Ela parava shows ao menor sinal de algo errado, começava a chorar no meio do palco e assim ganhou fama de ser temperamental. Beber além da conta também não ajudava.

Após o lançamento do álbum The Greatest (2006), Chan se internou voluntariamente num hospital psiquiátrico por uma semana para lidar com seus problemas de saúde mental. Em junho de 2023, ela anunciou ao mundo via Instagram que estava sóbria havia 41 dias.

O álbum mais recente dela, Cat Power Sings Dylan: The 1966 Royal Albert Hall Concert (2023), é uma regravação do infame show no qual Bob Dylan foi chamado de Judas por um membro da plateia. O espetáculo saiu em turnê pelo mundo, e a cantora se apresentou na edição 2024 do C6 Fest com o show.

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