O motivo por que os álbuns hoje em dia ’soam como compilações’ para Metro Boomin
Produtor afirma que excesso de produtores e convidados enfraquece coesão dos discos — e pede volta da visão artística
Kadu Soares (@soareskaa)
Metro Boomin, um dos principais produtores do hip hop atualmente, criticou publicamente a cena. Segundo ele, muitos álbuns mainstream perdem identidade porque “soam como compilações”, sem uma ideia ou pensamento artístico completo como base.
Em entrevista à rádio Streetz 94.5, em Atlanta, Metro afirmou que o problema cresce à medida que muitos produtores, cantores e colaboradores entram em um mesmo projeto e nenhum deles assume o papel de “diretor artístico” para criar coesão:
“Acho que o que você precisa no hip hop é de alguém que não seja você para comandar o projeto. Mesmo que você tenha alguns produtores diferentes envolvidos, ótimo, mas ainda precisa ter alguém no comando para garantir que tudo o que eles estão trazendo esteja alinhado com o que estamos fazendo”, explicou.
Para ele, esse excesso de “cozinheiros” significa que cada faixa acaba competindo internamente, em vez de dialogar entre si. O resultado, diz o produtor, é um disco fragmentado, sem fluidez e sem corpo, o oposto do que ele considera arte consistente.
O alerta vem de alguém que domina o cenário há mais de uma década e acumula sucessos e colaborações, o que confere peso ao argumento. Metro defende que o hip hop, na sua melhor forma, deveria retomar o valor de álbum como obra total, com começo, meio e fim pensados como unidade.
Além disso, na mesma entrevista, Metro falou sobre a disputa entre Kendrick Lamar e Drake no ano passado. Ele foi o produtor da faixa “Like That”, que possui o verso de Kendrick Lamar que deu início à briga. No entanto, Metro minimizou toda a situação, dizendo que não levou nada disso a sério: “É WWE, cara”.
A cena atual entre sucessos fáceis e identidade perdida
A crítica de Metro Boomin reflete uma tendência visível no rap contemporâneo: a busca por reproduções, transmissões imediatas e visibilidade, muitas vezes em detrimento da originalidade. Em 2025, é cada vez mais comum ver álbuns que funcionam como listas de reprodução de sucessos, com produção de peso, participações certeiras e batidas voltadas para o sucesso comercial.
Esse modelo comercial favorece o formato single e colaborações pontuais, mas compromete a construção de narrativas sólidas e coerência artística. O que resta, frequentemente, são discos fragmentados, memoráveis por faixas isoladas, mas esquecíveis como um todo.
Ainda assim, há sinais de resistência e de artistas e produtores que tentam resgatar a integridade do álbum como forma artística. Em meio à saturação de conteúdos e ao ritmo acelerado de lançamentos, nomes que priorizam unidade visual, conceitual e sonora ganham destaque entre quem busca mais do que apenas sucessos.
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