"MALIGNO E REPUGNANTE"

Sabrina Carpenter responde vídeo anti-imigração da Casa Branca que utiliza sua música

Publicação da Casa Branca nas redes sociais enaltece as batidas do ICE; cantora caracteriza a agenda de Trump como ‘desumana’ e se une a outros artistas em oposição ao governo

Gabriela Nangino (@gabinangino)

Sabrina Carpenter (Foto: TheStewartofNY/Getty Images)
Sabrina Carpenter (Foto: TheStewartofNY/Getty Images)

Nos shows da turnê Short N’ Sweet de Sabrina Carpenter, a cantora, confirmada no lineup do Lollapalooza Brasil 2026, utiliza a música “Juno” para fazer uma brincadeira com os fãs: ela escolhe uma pessoa para subir ao palco e a “prende” com um par de algemas cor-de-rosa.

Na segunda-feira, porém, a Casa Branca adaptou essa brincadeira em um vídeo do TikTok. A conta utilizou a música “Juno” como trilha sonora de um vídeo sobre protestos contra as operações do ICE (Serviço de Imigração e Alfândega dos Estados Unidos), e fez uma montagem de registros de agentes detendo e algemando imigrantes ilegais.

O vídeo faz parte da promessa de campanha de Donald Trump de implementar “o maior programa de deportação” da história dos Estados Unidos. Na legenda, a Casa Branca citou a letra da música de Carpenter: “Você já tentou essa [posição]?”

A postagem não agradou nem um pouco Sabrina Carpenter. “Este vídeo é maligno e repugnante. Nunca me envolvam, nem a minha música, para beneficiar a sua agenda desumana”, escreveu em resposta no X.

Carpenter se une a uma longa lista de músicos que se manifestaram contra as operações do ICE e a política de Trump. Addison Rae disse estar “decepcionada e perturbada” com as operações, e acrescentou que os EUA “não poderia existir sem imigrantes”. Shakira, por sua vez, compartilhou que ser imigrante “significa viver com medo constante”: “um país pode mudar suas políticas de imigração, mas o tratamento de todas as pessoas precisa ser humano”, disse à BBC News. Em 2025, Bad Bunny também cancelou a passagem de sua turnê mundial pelos Estados Unidos, pois temia que agentes do ICE invadissem seus shows.

Artistas contra Trump

Essa não é a primeira vez que a Casa Branca apropria canções populares para fazer trocadilhos com a sua propaganda política. Em novembro de 2025, um vídeo sobre deportação utilizou a música de Olivia Rodrigo, “All-American Bitch“.

A cantora criticou duramente a Casa Branca e o Departamento de Segurança Interna (DHS) pela publicação: “Nunca usem minhas músicas para promover sua propaganda racista e odiosa”, escreveu. Olivia já havia participado de protestos contra o ICE em junho, quando declarou que estava “profundamente chateada” com as “deportações violentas de meus vizinhos sob a atual administração” (via NME).

A conta também usou a música “The Fate of Ophelia“, de Taylor Swift, como trilha sonora para diversas imagens de Trump — crítico declarado da cantora — e militares, comemorando “O Destino dos EUA”. Os representantes de Swift não responderam ao pedido de comentário, mas Swift se opôs publicamente a Trump nas eleições de 2020 e 2024. Vídeos recentes que usavam músicas do MGMT e do The Cure também foram removidos das plataformas digitais devido a pedidos oficiais.

Durante sua campanha eleitoral, diversos artistas tentaram impedir Trump de utilizar suas músicas, através de declarações públicas e notificações extrajudiciais — incluindo grandes nomes como ABBA, Beyoncé, Foo Fighters e The Rolling Stones. Céline Dion criticou o uso não autorizado de “My Heart Will Go On” em um comício em agosto de 2024, e os representantes do espólio de Isaac Hayes moveram ações pelo uso repetido da música “Hold On, I’m Comin“: a família entrou com um processo judicial que exigia indenização de US$ 3 milhões.

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Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo, Gabriela é mineira e apaixonada por arte e cultura. Ela também já foi dançarina e seu principal hobbie é conhecer todos os cinemas de rua de SP. Foi estagiária no Jornal da USP e, na Rolling Stone Brasil, fala sobre música, filmes e séries.
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