REVELAÇÕES

Thomas Raggi fala sobre seu primeiro álbum solo e futuro do Maneskin

O guitarrista da banda italiana estreou carreira solo em grande estilo com álbum colaborativo ‘Masquerade’: ‘Me tornou mais versátil’

Gabriela Nangino (@gabinangino)

Thomas Raggi, do Maneskin
Thomas Raggi (Foto: Kristy Sparow/Getty Images)

Guitarrista e compositor da banda italiana Maneskin, Thomas Raggi apresentou ao mundo seu primeiro álbum solo, Masquerade, no dia 5 de dezembro. Produzido por Tom Morello (Rage Against the Machine), o disco colaborativo de 8 faixas chega pouco mais de um ano após o hiato de Maneskin e consolida Raggi na cena do rock italiano.

Em entrevista à NME, o músico conversou sobre a filosofia do disco e as diversas parcerias que formou para fazê-lo. “Tudo fluiu naturalmente porque eu já tinha composto muitas músicas e também tinha uma ótima relação com o Tom [Morello]”, comentou. “Eu já tinha conversado com ele várias vezes e ele me convidou para vários shows, então foi muito natural falar com ele sobre essa ideia”.

Morello já havia participado da faixa “Gossip” no último disco lançado pelo Maneskin, Rush (2023). “Aprendi muito com ele, porque ele tem uma visão muito forte; ele é um guitarrista incrível e um dos meus ídolos, então foi fantástico tê-lo como mentor”, relembrou Raggi. “Temos abordagens diferentes porque ele é muito científico e pensa de uma forma bem diferente, então a sinergia entre nós foi sensacional.”

Colaborações

O projeto une diferente gerações e estilos do rock em um elenco de peso. Entre as colaborações, estão Chad Smith, Matt Sorum (ex-baterista do The Cult e do Guns N’ Roses), Beck, Nic Cester (Jet), Alex Kapranos (Franz Ferdinand), Maxim (The Prodigy), Sergio Pizzorno (Kasabian), Luke Spiller (The Struts) e a cantora pop Upsahl.

Era um desafio ultrapassar os limites a cada vez porque, se você está na sala com um artista e tem uma visão diferente, é claro que você tem que encontrar o ponto ideal. Mas acho que foi legal porque me tornou mais versátil.

O grupo engloba desde amigos pessoais de Raggi até oportunidades únicas que surgiram durante a produção do disco.

Luke [Spiller] é um grande amigo meu, e conheço o Matt Sorum há alguns anos” exemplifica. Conheci o Chad Smith no VMA e ele é um grande amigo do Tom. Eu estava com o Tom no estúdio e ele disse: ‘Smith está na outra sala, então seria legal dar um oi e mostrar o disco para ele’. Então perguntamos se ele queria ouvir e tocar em alguma coisa e ele disse: ‘Com certeza, vamos nessa!'”

O artista ressalta que cada convidado imprimiu sua própria assinatura nas canções. “Por exemplo, o Maxim é um cara do rock, mas também curte uma vibe eletrônica, então tentei fazer uma combinação entre o estilo dele e o meu. Com o Serge [Pizzorno], começamos a compor uma balada juntos, mas depois de um tempo mudamos de direção e conseguimos fazer funcionar com essa mistura de art-rock à la Kasabian/Thomas. Eu criei a ideia do riff e ele improvisou na minha frente, aí em 20 minutos a música estava pronta. Foi incrível”, celebrou.

Além das canções inéditas, o álbum também inclui um cover de “You Spin Me Round“, do Dead Or Alive, com Alex Kapranos. “Inicialmente, eu e o Tom estávamos pensando em fazer um cover no disco, porque se você pensar em bandas legais da história do rock, elas fizeram muitos covers. O Guns N’ Roses fez ‘Knocking On Heaven’s Door‘ e existem milhões de outros exemplos”, explicou.

“Eu estava conversando com o Alex e pensando no que fazer, e ele disse que [essa música] o lembrava de quando ele era super jovem e estava tentando cantar pela primeira vez. E para mim, foi uma das primeiras músicas dançantes que ouvi no passado, então foi legal que houvesse um significado por trás dela para nós dois.”

Os convidados assumiram, muitas vezes, a posição de vocalista, mas isso não foi um problema para Raggi, pois todo o processo de criação partiu do seu trabalho na guitarra. “Acho que a guitarra é a parte principal [do disco] porque cada música começou com um riff, então, nesse sentido, é o meu disco”, afirmou. “Além disso, cantei pela primeira vez e tem duas músicas com a minha voz, então acho legal ter explorado isso.

Tudo começou com um instrumental na guitarra, aí eu pensava numa batida de bateria e a voz era o último passo. Então eu tentava cantar algumas melodias e depois fiz algumas aulas e percebi que talvez a minha voz não fosse tão ruim assim!

Segundo Raggi, uma grande inspiração para o projeto foi disco homônimo de Slash, lançado em abril de 2010. Este foi o primeiro álbum de estúdio solo oficial do guitarrista após a sua saída do Guns N’ Roses em 1996, onde ele reuniu grandes nomes como Ozzy Osbourne, Fergie, Adam Levine e Lemmy Kilmister, do do Motörhead.

O futuro do Maneskin

Este é o segundo lançamento solo do Maneskin, após Funny Little Fears de Damiano David. Raggi destaca que a banda continua junta, mas está fazendo uma pausa de um ano para experimentar coisas diferentes. “Mas é claro que vamos voltar e compor novas músicas, e quando fizermos isso, será algo muito impactante”, esclareceu.

Esse processo, para o guitarrista, pode inclusive estimular o processo criativo do Maneskin quando eles se reunirem novamente no estúdio. “Traremos muitos elementos diferentes porque cada um passou por uma jornada diferente”.

Por fim, Raggi citou algumas “parcerias dos sonhos” com quem ele deseja trabalhar um dia: os escolhidos foram Robert PlantLenny Kravitz e Yungblud. “Adoro a ideia de trazer outras pessoas, mas quando estava pensando neste disco, tudo foi muito natural e eu estava apenas experimentando e juntando tudo, então vamos ver”.

Escute Masquerade a seguir:

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Jornalista em formação pela Universidade de São Paulo, Gabriela é mineira e apaixonada por arte e cultura. Ela também já foi dançarina e seu principal hobbie é conhecer todos os cinemas de rua de SP. Foi estagiária no Jornal da USP e, na Rolling Stone Brasil, fala sobre música, filmes e séries.
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