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‘Stranger Things’: Volume 2 da 5ª temporada revela novos conceitos, mas não avança de verdade

Emoção e tensão preparam o terreno para o final da série em 31 de dezembro de 2025

Giulia Cardoso (@agiuliacardoso)

'Stranger Things': Volume 2 da 5ª temporada revela novos conceitos, mas não avança de verdade
'Stranger Things': Volume 2 da 5ª temporada revela novos conceitos, mas não avança de verdade - Crédito: Netflix

O Volume 2 da 5ª temporada de Stranger Things chegou com a missão ingrata de ser a ponte entre o caos inicial e o aguardado desfecho no Ano Novo. O resultado é um “capítulo do meio” que, surpreendentemente, traz maturidade emocional. São episódios inquietantes e honestos com a trajetória dos personagens, preparando o terreno para o adeus, mas que tropeça nos mesmos vícios que a série carrega há anos: a incapacidade de ser concisa.

O maior acerto destes novos episódios é a atmosfera. Há uma sensação constante e opressiva de que algo vai dar muito errado a qualquer momento. A série consegue sustentar a tensão e a expectativa de revés, lembrando que ninguém está a salvo.

Nesse cenário de urgência, o elenco brilha. Noah Schnapp (Will) recebe finalmente o destaque que merece. Seu arco é tratado com uma delicadeza ímpar, resolvendo uma tensão de anos (sua sexualidade) não apenas como drama adolescente, mas como uma arma narrativa contra Vecna. Ao lado dele, Sadie Sink (Max) continua a ser o coração pulsante da temporada, mesmo com as limitações de sua condição, enquanto a pequena Holly Wheeler surpreende ao elevar as apostas do horror.

É satisfatório ver o roteiro fechar ciclos pendentes. Por exemplo, a resolução entre Jonathan e Nancy e a dinâmica infalível entre Steve e Dustin relembram o ínicio da série, onde eles (e nós) ainda estavam tentando descobrir seu lugar no mundo. A série tem até seu próprio momento “Vingadores: Ultimato”, quando todos, finalmente, se reúnem e elaboram um plano unificado, algo que o público esperava há temporadas.

Também vale destacar o retorno às raízes nos detalhes: a volta dos Democães e a “ciência de garagem”, que retorna através das anotações antigas de Brenner ou professor Clarke se juntando ao grupo. E momentos em que Will consegue contra-atacar entrando na mente do Vecna e ferindo ele fisicamente. 

Quando o “épico” vira enrolação

No entanto, nem toda a nostalgia do mundo salva Stranger Things de seus excessos. O Volume 2 reforça a questão crônica da série: ela enrola demais. É totalmente desnecessário e exaustivo ter episódios de mais de uma hora quando o roteiro não justifica essa duração.

Em vários momentos, a trama se torna irritante, esticando conflitos que poderiam ser resolvidos em minutos. Se a quarta temporada teve a “barriga” da Rússia, aqui o problema são as distrações desinteressantes. O núcleo militar da Dra. Kay (Linda Hamilton) inova pouco em seus planos, enquanto a Kali, mesmo retornando, é apagada a maior parte do tempo, “apenas” servido para relembrar que Onze não pode sobreviver ao final da série.

Visualmente, a série também oscila. Enquanto os efeitos práticos são um deleite, outros momentos de grande escala soam pobres e falsos, quebrando a imersão que a direção de arte tentou construir.

Ao fim, este Volume 2 limpa a mesa, descarta as distrações e resolve as pendências pessoais para que o Volume 3 possa focar apenas na batalha. Stranger Things entrega maturidade e tensão, provando que, mesmo com seus problemas de ritmo, ainda sabe como nos fazer torcer por essas crianças de Hawkins. 

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Jornalista em formação pela Universidade Cruzeiro do Sul, em São Paulo, Giulia Cardoso começou em 2020 como voluntária em portais de cinema. Já foi estagiária na Perifacon e agora trabalha no núcleo de cinema da Editora Perfil, que inclui CineBuzz, Rolling Stone Brasil e Contigo.
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