Los Hermanos se apresenta para nova geração de fãs em São Paulo

O grupo viu uma plateia renovada na apresentação da última quinta, 10

Paulo Terron

Marcelo Camelo no primeiro show da nova turnê do Los Hermanos em São Paulo
Marcelo Camelo no primeiro show da nova turnê do Los Hermanos em São Paulo - Fabio Bitão

Se depender da massa de fãs, o Los Hermanos – que se apresentou no Espaço das Américas, em São Paulo, na última quinta, 10 – pode retomar a carreira, paralisada desde abril de 2007, como se nunca tivesse parado. Ou melhor: pode voltar à atividade em tempo integral, pois agora parece ser maior do que era há cinco anos.

Clique aqui para ver fotos do show.

A abertura do show, às 22h15, colocou grande parte da plateia de oito mil pessoas para cantar cada palavra de “O Vencedor” e, como se não fosse o suficiente, ainda entoar o riff do naipe de metais. O clima de karaokê seguiu com “Retrato Pra Iaiá” e “O Vento”, só diminuindo – sem se extinguir – nos momentos mais lentos de “Morena” e “Primeiro Andar”. Com “Além do que se Vê”, entretanto, o volume da cantoria voltou ao máximo – e acompanhada de palmas para marcar o ritmo.

O sistema de som do Espaço das Américas, por outro lado, foi oscilante. A definição e o volume estavam melhores do que em shows anteriores (o de Noel Gallagher, por exemplo), mas falhou em diversos momentos da noite. Por outro lado, os defeitos levaram a pelo menos uma imagem marcante: em “A Flor”, rara ocasião em que uma faixa é cantada por Marcelo Camelo e Rodrigo Amarante, o microfone do segundo não funcionou, obrigando os guitarristas a não só trocar versos, mas a cantar em um só.

“É impossível se acostumar com isso aqui”, disse Amarante, apontando para os fãs depois de mais um momento ao estilo coral. “Obrigado, gente.”

Outro recurso técnico, o gigantesco telão, teve um desempenho admirável: ele envolve o palco em um semicírculo, exibindo luzes, vídeos previamente gravados e, na maior parte do tempo, imagens dos músicos, captadas por câmeras fixas.

A turnê, que comemora os 15 anos do Los Hermanos, também tem o mérito de resgatar músicas do primeiro álbum da banda, pouco executadas em turnês passadas. Assim, ganharam versões enérgicas (e bem recebidas) “Azedume”, “Descoberta”, “Tenha Dó”, “Quem Sabe”, “Pierrot” e “Anna Júlia”. Ainda assim, o repertório com mais destaque – de longe – é o extraído de Ventura (2003), com 11 faixas tocadas.

Entrevista Rolling Stone: Marcelo Camelo: ícone de uma geração posicionada entre o rock e a MPB, o músico renega o papel de porta-voz.

Mesmo com um público de idade variada, ficou claro que a noite no Espaço das Américas foi dominada por uma renovação de fãs, boa parte com idade insuficiente para ter visto o Los Hermanos quando a banda estava em atividade não-esporádica. Resta saber se depois dessa ótima recepção o quarteto vai se dedicar a criar novas músicas para essa geração.

O Los Hermanos segue com a turnê com mais um show em São Paulo nesta sexta (11, entradas já esgotadas) e depois segue para Porto Alegre, Curitiba, Belo Horizonte e Rio de Janeiro.

TAGS: los hermanos marcelo camelo rodrigo amarante