“Shaking that ass”

Groove Armada e boa banda tocam hits dos dez anos de carreira, em SP

BRUNA VELOSO

Groove Armada fez única apresentação no Brasil nesta quarta, 30, em SP
Groove Armada fez única apresentação no Brasil nesta quarta, 30, em SP - Charline Messa

Véspera de feriado em São Paulo, 14 ºC, propensão a ficar debaixo do cobertor. Mas tem Groove Armada em única apresentação no Brasil, e o duo vale o esforço.

Duo? É assim que o GA é chamado, já que foi criado na metade da década de 90 pelos produtores Tom Findlay e Andy Cato. Mas o Groove não é formado apenas pela dupla – mesmo que não oficialmente uma banda, trata-se de uma mistura de sons. O Credicard Hall estava preparado para uma balada, mas quem apareceu por lá assistiu a um show de rock, ragga, funk – e, é claro, techno e house.

A banda subiu ao palco por volta da 00h20. A platéia, que antes se remexia ao som do The Twelves, quase dobrou em questão de minutos. O Groove – seis pessoas dividindo-se entre bateria, teclados (Tom e Andy, que também comandam as pick-ups), guitarra, baixo e percussão – sobe ao palco. Pouco depois surge a vocalista Veba, de vestido branco, botas, terno e gravata. “My Friend”, do álbum Goodbye Country (Hello Nightclub) faz todo mundo cantar. Veba anda pra lá e pra cá, dança e explora o espaço. Em “Song 4 Mutya”, ativam-se os lasers. “I Can Feel the Pressure”, diz Veba pouco depois, no hit “Love Sweet Sound” – e banda, som e público crescem juntos.

George é o guitarrista. Cabelo a la rockstar representante do britpop (o GA nasceu na Inglaterra), troca de guitarra diversas vezes durante o show. Martin bate com força, mas sem exagero, na bateria; Max usa a distorção no baixo para criar o “esqueleto” das músicas, o que, em um grupo “eletrônico” convencional, seria feito apenas pelas pick-ups. Antes de “Lightsonic Rerub”, o calor da platéia chega ao palco, e George tira o casaco que, de longe, parece de couro. O vocalista M.A.D aparece pela primeira vez e diz que “it’s good to be back” (eles se apresentaram na capital paulista em 2002, no Skol Beats). O som que vem do teclado de Andy embala o rosto da garota que aparece no telão (que só foi ligado depois de quase meia hora de show), iluminada pelo sol, ao passo em que M.A.D tenta controlar o movimento da massa a sua frente – uma das mãos no microfone, a outra mexendo como se estivesse girando um botão de volume não digital.

À 1h20, vem “I See You Baby”- todos parecem inflar o “shaking that ass” que segue no refrão. A banda sai do palco pra depois voltar com Veba cantando “Easy”, com um telão lisérgico embalando o público que cantava em coro.

É a vez de M.A.D voltar. Mas antes, a palavra Discotheque estampada ao fundo, acompanhada de uma voz sampleada que repetia os dizeres, chama o povo pra dançar. Andy desce do teclado para pegar o trombone (o que também fez em “Lightsonic…”) e vem o que todo mundo esperava: em “Superstylin´”, é quase possível sentir tremer o chão de madeira do Credicard Hall. A guitarra vem marcada por uma batida de reggae que só não é 100% jamaicana por conta da distorção. Para M.A.D, aquilo é “original dance music”, como disse ao microfone. Tom há muito já havia deixado o teclado de lado para grudar na percussão de Patrick e acompanhar com palmas. Palmas essas que também surgem das mãos do público, durante e ao fim do hit mais conhecido da banda – ou duo, para dizer o oficial.

O Groove Armada deixa o palco, sem bis (que a platéia também não se animou a pedir). No telão, surge o logo. Uma e quarenta da manhã: o show chegou ao fim, mas a noite não – 2Headz, Buga e Anderson Noise comandariam as pick-ups até quase amanhecer.

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