Álbuns do ano

Rolling Stone EUA seleciona os 50 melhores discos lançados em 2008. Confira aqui a lista

Redação

TV on the Radio - Dear Science
TV on the Radio - <i>Dear Science</i>

1. TV on the Radio – Dear Science

O melhor disco de rock deste ano é também o que mais se parece com os Estados Unidos em 2008: com visões infernais de guerra e desespero econômico. Mas, no meio do medo e do delírio, há uma provocação: “Com certeza, nenhuma bomba está caindo sobre mim”, canta Tunde Adebimpe; ele também chama esta de “a era dos milagres/a era do som”. Esses rapazes do Brooklyn receberam este momento histórico com respeito – e responderam com art-music dançante. Chame de audacidade da esperança. O produtor e guitarrista Dave Sitek modernizou e aprofundou as batidas de fusion, punk e soul; há baladas que causam êxtase, funks rápidos e até um pouco de Tom Petty. E há “Lover’s Day”, a maior canção já feita sobre uma ligação amorosa, na qual o TV on the Radio recebe o milenário terror com a mais antiga forma de transcendência. “Ball so hard, we’ll smash the walls”, diz o cantor e guitarrista Kyp Malone. “We could build and engine out of all your rising stars.” Em Dear Science o céu é o limite.

2. Bob Dylan – Tell Tale Signs – The Bootleg Series vol. 8

Este é um dos mais consistentes e intensos discos de Bob Dylan, mesmo sendo apenas uma coleção de takes e músicas órfãs, muitas cortadas pelo bem de triunfos como “Oh Mercy” e “Time out of Mind”. Como qualquer noite de sua Never Ending Tour, cada faixa é um retrato de Dylan em encruzilhadas, entrando em novas vias com ritmo, compasso e empatia emocional: a introspecção de “Most of the Time”, o apocalipse de “Rings Them Bells” e a pesada “Ain’t Talkin’.” Os tempestuosos temperos da medicina de Dylan – uma sucessão de sons duros – são maravilhosos para si mesmos. Seu enfurecido crescimento na demo de “Dignity” no piano – “In the next room a man fightin’ with his wife/Over dignity” – soa como se ele estivesse pronto para brigar.

3. Lil Wayne – Tha Carter III

“Next time you mention Pac, Biggie or Jay-Z/Don’t forget Weezy Baby,” clama Lil Wayne, e ele merece este audacioso levante. O mais antecipado álbum de hip-hop da década é também o melhor, do alegremente ingênuo hit-cheio-de-esteróides-que-toca-sozinho “Lollipop”, ao tumultuado “Dr. Carter”, no qual Wayne lava roupa suja, revivendo o moribundo hip-hop. As piadas dadaístas atingem seus alvos, mas a grandiosidade de Lil Wayne não está apenas no que ele diz, mas no jeito como diz – as variações virtuosas de humor, comprimento, tom e timbre marcam o MC e fazem dele um dos melhores vocais pop do século 21.

4. My Morning Jacket – Evil Urges

Jim James e seu bando de barbudos se tornaram a mais poderosa banda de rock por terem abraçado o indie, o Southern e o hippie rock, mas também por ter transcendido o que estas categorizações significam. Evil Urges, quinto álbum de estúdio do grupo de Kentucky, tira o My Morning Jacket do espaçado e precavido estilo para selvagens e loucas novas proporções: James é indulgente num falsete ao estilo de Prince na música-título e “Highly Suspicious” aparece com uma batida de New Wave praticamente irreconhecível como música do My Morning Jacket – pelo menos até a temperada multi-guitarra ao estilo do Lynyrd Skynyrd aparecer. Em Evil Urges a banda jura lealdade a apenas um gênero: o deles mesmo.

5. John Mellencamp – Life, Death, Love and Freedom

O crescente fatalismo de John Mellencamp e a produção de blues soturno de T Bone Burnett fazem deste o mais soturno e admirável álbum de Mellencamp em anos. Foi também a trilha perfeita para o dia da eleição: catorze músicas sobre uma nação se rachando e de uma geração pendurada por cordas no pescoço. “But nothing lasts forever/Your best efforts don’t always pay,” Mellencamp canta em “Longest Days”. Ele não chama a si de Pequeno Filho da Mãe sem motivo. “Beware of those who want to harm you/And drag you down to a lower game”, pragueja em “Troubled Land”. “Just know the truth is coming,” ele completa, uma frase que agora parece com o dia eleitoral que merecemos.

6. Santogold – Santogold

Antes de cantar solo, a rapper Santi White liderou uma banda punk, estudou bateria africana e escreveu músicas com Lily Allen. Como Santogold, ela junta essas influências como cera quente, juntando eletro, ska, um poderoso dancehall e art-rock neste que é o mais eclético lançamento de 2008. Como M.I.A., Santogold se especializou em jams urbanas. Mas, em músicas como “LES Artistes”, ela também tem uma criativa ambição e ganchos pop para tocar em palcos maiores do que os que ficam nos subterrâneos do Brooklyn.

7. Coldplay – Viva la Vida or Death of All His Friends

Durante as sessões de gravação de Viva La Vida, Chris Martin consultou um hipniatra para ajudá-lo com a pressão de escrever o maior álbum da história do rock ‘n roll. E funcionou. O Coldplay ficou ambicioso, chamou o produtor Brian Eno, do Talking Heads e do U2, desenhou em exóticos instrumentos como a tabla indiana e o santur persa, escreveu sobre eventos mundiais ao invés de seus sentimentos e fez músicas que alcançaram tantas pessoas quanto sua base global de fãs. Acabaram com um disco que é muito expansivo e ao mesmo tempo intimista o suficiente para acender isqueiros por todo caminho entre Londres e Tókio.

8. Beck – Modern Guilt

“We do the best with the souls we’ve been given”, Beck canta, neste habilidoso balanço construído entre batidas de Odelay e a carga confessional da beleza folk de Sea Change, de 2002. Modern Guilt tem muita eletricidade e funk dançante – as guitarras go-go de “Gamma Ray”, o pegajoso trotear do Kraftwerk em “Youthless” – mas não o suficiente para você não conseguir ouvir o moralista triste e explorador psicodélico dentro dele. Os violões de Beck levam a uma encruzilhada na meia-noite em “Soul of a Man”, enquanto sua voz de alto tenor alcança o evangelho do The Doors em “Chemtrails” como um fantasma preocupado.

9. Metallica – Death Magnetic

É o retorno a grandiosa e episódica catarse de Master of Puppets, de 1986, e de And Justice for All…, de 1988. O ritmo estacado das guitarras de James Hetfield e a bateria de orquestra de Lars Ulrich comandam logo em “That Was Just Your Life”, e Kirk Hammett lidera as luzes para o massacre com uma vingança a la Hendrix em 1968. As letras de Hetfield são inabaláveis ensaios sobre o grande final, particularmente o terrível suicídio – cantando com a raiva e o vigor de um homem lutando por sua vida. “We die hard!” Hetfield clama, comandando a ressurreição do heavy metal deste ano.

10. Vampire Weekend – Vampire Weekend

Esta variação de sucesso da música africana deu o que falar durante este ano eleitoral, mas soará melhor em 2018 por suas incríveis canções. Registram simples melodias e magros ritmos. O falseto de “Oxford Comma” e os cliques de ska de “A-Punk” são imediatos, cheio de prazeres. “Cape Cod Kwassa Kwassa,” com suas secas e brilhantes linhas de guitarra e tambores, soam muito frescas nesta parada do revival New Wave promovido pelo rock independente. Casual como um casaco, muito otimista, cheio de batidas e surpreendentemente dançante, Vampire Weekend é construído até o final.

11. Fleet Foxes – Fleet Foxes

12. Guns n’ Roses – Chinese Democracy

13. Blitzen Trapper – Furr

14. Ryan Adams and the Cardinals – Cardinology

15. The Black Keys – Attack & Release

16. Randy Newman – Harps and Angels

17. B.B. King – One Kind Favor

18. Lucinda Williams – Little Honey

19. Erykah Badu – New Amerykah: Part 1 (4th World War)

20. Kings of Leon – Only by the Night

21. Kaiser Chiefs – Off With Their Heads

22. Jackson Browne – Time the Conqueror

23. Conor Oberst – Conor Oberst

24. Girl Talk – Feed the Animals

25. The Magnetic Fields – Distortion

26. Mudcrutch – Mudcrutch

27. Brian Wilson – That Lucky Old Sun

28. The Knux – Remind Me in Three Days…

29. Bon Iver – For Emma, Forever Ago

30. Duffy – Rockferry

31. MGMT – Oracular Spectacular

32. Jamey Johnson – The Lonesome Song

33. Ne-Yo – Year of the Gentleman

34. Stephen Malkmus – Real Emotional Trash

35. Nick Cave and the Bad Seeds – Dig, Lazarus, Dig!!!

36. The Hold Steady – Stay Positive

37. Nine Inch Nails – The Slip

38. Ra Ra Riot – The Rhumb Line

39. Taylor Swift – Fearless

40. Jonas Brothers – A Little Bit Longer

41. AC/DC – Black Ice

42. David Byrne and Brian Eno – Everything That Happens Will Happen Today

43. Nas – Untitled

44. The Raconteurs – Consolers of the Lonely

45. Be Your Own Pet – Get Awkward

46. The Academy Is… – Fast Times at Barrington High

47. Of Montreal – Skeletal Lamping

48. Raphael Saadiq – The Way I See It

49. Hot Chip – Made in the Dark

50. No Age – Nouns

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