Foi um ano de hits de ritmos dos mais variados. Em comum entre nossos top 25 nacional e internacional, apenas as vozes femininas no topo da lista: Vanessa da Mata e Amy Winehouse. Mas o ano teve muito mais; clique sobre cada resenha para ouvir
Redação Publicado em 09/01/2008, às 16h17 - Atualizado em 23/01/2008, às 17h11
Nacionais
Vanessa da Mata e Ben Harper
A pergunta é: a "boa sorte" do título refere-se ao Ben Harper ou à Vanessa da Mata? Difícil saber. Nesta união entre a música pop brasileira e a norte-americana, o mais sortudo de todos é o ouvinte - que, aliás, pôde ouvir a composição em vários tipos de emissora de rádio, já que ela não ficou presa a um segmento específico (é MPB? É rock californiano? É pop universal?). Também é curioso lembrar que a canção foi gravada sem que os dois artistas sequer se conhecessem pessoalmente, a milhares de quilômetros de distância - e ainda assim tenha mantido um ar de intimidade e entendimento mútuo. Talvez a temática da faixa, uma separação, tenha ajudado. Ou talvez seja apenas uma questão de
entendimento musical mesmo, daqueles que vão bem além da comunicação verbal. Belíssima.
2" Vai Dizer ao Vento"
Paulinho da Viola
Tal qual Lupicínio Rodrigues fez em seu clássico "Nunca", Paulinho personaliza a própria saudade e pede a ela que vá divulgar ao mundo que ele já está recuperado da tristeza causada por alguma desilusão amorosa. Bem à moda dos sambas de quadra tradicionais, a faixa é uma das inéditas gravadas pelo portelense em seu Acústico MTV.
Bonde do Rolê
Para quem usava o funk carioca para diminuir o Bonde, um tapa na cara. E agora, "Office- Boy" é pancadão? Tem um riff de guitarra pegajoso, mas a batida está lá também. Como ninguém, o trio soube usar o estilo de forma original.
4 "Seja o Meu Céu"
Fernanda Takai
A cantora foi procurar no repertório de Nara Leão as canções que mais se encaixariam na sua própria história, como nesta faixa, um baião pop de Robertinho do Recife com letra do tropicalista Capinan.
Gui Boratto
Música eletrônica que não tem medo de ser acessível e quebra o preconceito de que composições de produtores do estilo são herméticas. Para dançar na pista ou para ouvir em casa.
Fino Coletivo
As melhores músicas da história são sobre desilusão - e isso não desgasta o tema. A faixa do Fino Coletivo é um exemplo disso. Ela chega devagar, com um refrão que celebra a dor de esperar um amor que não chega (ou não volta...).
Vanguart
Faixa que abre o esperado disco de estréia do grupo cuiabano. A letra reflexiva de Hélio Flanders, cantando em português, acompanhada pela bela cozinha de seus companheiros, emociona os ouvintes. Essa é a versão definitiva para um dos hits absolutos do Vanguart.
Luiz Melodia
Aqui Melodia vai ao baile de gafieira, atrás daquela dama que "se desmilingue tanto faz no samba quanto no suingue". E a carapuça serve tão bem ao cantor de Estácio de Sá que é quase de se duvidar que não tenha sido costurada por ele.
Orquestra Imperial
Max Sette se revela um dos grandes cantores desta geração,
esbanjando molejo neste verdadeiro tributo à "inspiração que chega desavisada". Composta por ele junto com Domenico, Pedro Sá, Rubinho Jacobina, Felipe Pinaud, Nina Becker e Sandra de Sá, a faixa ganha intensidade (e safadeza) através do arranjo esperto de teclado e metais, que sugere um movimento crescente dentro da cueca.
Nação Zumbi
A melhor música do disco Fome de Tudo traz o cruzamento frenético de todos os instrumentos da Nação Zumbi com o sample de uma orquestra, num crescente constante. O refrão entoado por Jorge Du Peixe funciona como um mantra cético injetado na mente do ouvinte.
Autoramas
O baixo acentuado e marcante de Selma faz a base da música de amor partido com melhor final do rock nacional: um sincero "foda-se".
12 "Sabo"
Hurtmold
Sobre a base de uma linha de baixo e bateria que transita entre o jazz e o blues, o Hurtmold desenvolve texturas sonoras que alternam momentos introspectivos, tribais e desembocam numa fúria elétrica cheia de distorções.
Pitty
Para os otimistas, "Pulsos" prega a vontade de mudar. Para os pessimistas, é uma fábula sobre o suicídio. E a graça está exatamente em escolher em qual dessas verdades você acredita.
CPM 22
A banda ganhou peso, mas não perdeu a identidade que tanto cativou seus seguidores. A melodia característica do grupo (sentida no vocal de Badauí), misturada à letra sobre relacionamentos, mantém vivas as raízes do grupo.
15 "Devolve, Moço"
Ana Cañas
Se não fosse clichê, talvez dizer que essa canção é um "caldeirão de influências" fosse a melhor explicação. Tem um pouco de soft jazz, um toque de MPB nada tradicional e muita personalidade.
Bebel Gilberto
Bebel quase sussurra na faixa que abre e da nome a seu terceiro álbum solo. A letra faz um convite a se entregar e viver o momento, enquanto um violão bem agradável faz o pano de fundo.
Power" Natiruts
Ao vivo é mais fácil sentir o impacto deste hit dos brasilienses. Os fãs respondem a cada palavra, com gritos reforçados pela força reggae da banda.
Fabiana Cozza
Composta por Roque Ferreira, a faixa ganha uma voz poderosa que - mais do que beleza - dá credibilidade e sentimento à história de amor abençoada pelos orixás.
19 "Sai da Frente"
Sabotage
É com músicas como esta que fica claro como Sabotage (morto em 2003) poderia ter contribuído muito mais para o rap nacional. Produzida pelo Instituto, fará parte de um disco de inéditas do rapper a ser lançado neste ano e soa como Jay Z trabalhando com Rick Rubin: um clássico atemporal.
Maquinado
A voz eletrificada de Lúcio Maia, AKA Maquinado, passeia solta na harmonia displicente e etérea, pontuada por bateria eletrônica, teclado moog e sua guitarra precisa.
Móveis Coloniais de Acaju
Uma mistura de ska, com caídas movidas a saxofone, flauta e trombone. O vocal de André declama a bela letra sobre relacionamentos amorosos, alternando momentos de desespero e alegria.
Cachorro Grande
Aqui a prova de que os gaúchos ganharam um maior refinamento, mas continuam com as antenas apontadas para a (boa) música setentista. Desta vez, a referência maior é o folk-rock de Bob Dylan e Neil Young.
Marina De La Riva
Para um país isolado no português (e cercado pelo espanhol), toda integração só pode ser saudável. Ainda mais quando é natural, vinda de uma herança genética - como mostra Marina De La Riva nesta faixa bilíngüe.
João Brasil
O carioca fez a ode definitiva daquela figura que é inevitável na vida de um homem a partir da puberdade: parceira dos momentos de aflição (ou não), a gloriosa e inestimável baranga.
Revoltz
O teclado de Marcella Yoshida no início da faixa entrega que o Revoltz vai buscar suas referências no pop-rock oitentista, enveredando mais para o lado dos B-52's. Um rock alegre, que traz ânimo a um gênero já desgastado.
Internacionais
Amy Winehouse
Há muito tempo o mundo da música pop não nos atingia com
tamanha força subversiva: o contraste entre a produção retrô e o refrão desafiador de fala arrastada é hilário no começo - depois, deixa a gente arrasado. Amy é certamente a artista de 2007. Com os holofotes em cima de sua dramática e drogada vida pessoal, ela encanta o mundo com seu vozeirão, estilo, letras e musicalidade soul e modernosa ao mesmo tempo.
LCD Soundsystem
Sete minutos de eletro-disco que capturam a felicidade estática de uma noite movida a drogas na dose perfeita, e a retomada da consciência agridoce que se segue a ela. Consegue tocar fundo no coração e animar qualquer festa de uma vez só.
Rihanna
Esta foi a maior loucura deste ano - leia-se o sucesso pegajoso que transformou este num hit mundial. E a tendência é que este sucesso só aumente, até que ninguém deixe de escutar em seus sonhos aquela voz robótica cantando "ella-ella-ella/ ê-ê-ê".
Justice
A faixa é uma explosão de alegria para as pistas com uma linha de baixo poderosa e um coro infantil insistente, exigindo: "Do the dance!" (dança aí!).
M.I.A.
Uma canção sobre sair com as amigas, só que M.I.A. a transforma num grito de guerra ao capitalismo global: "How many no-money boys are crazy? (...) How many start a war?" (Quantos garotos sem dinheiro são loucos? (...) Quantos começam uma guerra?).
Feist
Começa com violão e uma letra que poderia ter sido escrita pelo Conde de Contar da Vila Sésamo. Mas daí entram os metais, o banjo, os pianos, o coral e os dedos estalados - e tudo isso junto forma a mistura improvável que conquistou o mundo em 2007.
Simian Mobile Disco
A música afrodisíaca das pistas de 2007 ganhou um dos melhores clipes do ano. A voz quase sussurra por vezes e é difícil não se movimentar quando começam a tocar os donos, ao lado do Justice, do também hit "We Are Your Friends".
Hot Chip
Desde novembro na rede, este hit chama a atenção não só pelo impagável clipe inspirado pelo universo do Batman, como também pela delicadeza com que nos convida a cair na pista.
Radiohead
Era bem o que ninguém esperava do Radiohead depois de tanto tempo: uma canção de amor, em que Thom Yorke canta como se andasse passando muito tempo com seus discos de Al Green. Envolvente e perturbadora.
10 "Fluorescent Adolescent"
Arctic Monkeys
O começo tem todo um clima de rock anos 50 para depois ganhar uma levada quebrada, suingada, com a linda voz de Alex Turner coroando a divertida faixa que supostamente trata de um caso de amor colegial.
Kanye West
O funk robotizado é a nova onda do soul! Com sua festa de sintetizadores futuristas, movida a Daft Punk, Kayne declara que foi infectado pela obsessão que os norte-americanos mais antenados têm pela dance music francesa.
Klaxons
Uma das faixas mais indie e menos new rave do álbum. Refrão grudento, riffs pegajosos e backing vocals irresistíveis cheios de "uuuuuuh aaaahhhhh".
Mika
O surgimento do homem que canta como Freddie Mercury e mistura disco music nas suas composições deixou as pistas de 2007 bem felizes.
KT Tunstall
A carismática cantora escocesa manda ver com bateria destruidora, guitarra acelerada com um toque latino e refrão que alude a Villa Alegre, programa infantil clássico norte-americano dos anos 70.
Arcade Fire
Sobre um acorde de bandolim, uma batida propulsora de duas notas e um refrão cantado em coro, Win Butler murmura e uiva a respeito da necessidade de cair fora de um lugar ruim. Certamente a melhor música de Bruce Springsteen de 2007 que não foi escrita por Bruce Springsteen.
16 "Girlfriend"
Avril Lavigne
Este foi o grito de guerra dos punks de shopping center de 2007. Com sua batida enérgica e refrão grudento, Avril canta: "Hell, yeah, I'm the motherfucking princess" (que inferno, é isso aí, sou a porra da princesa).
Bloc Party
Com uma voz suave e um tanto dramática, o vocalista Kele Okereke conduz a faixa que fala de amor frustrado numa canção que é das mais melancólicas do segundo disco dos ingleses do Bloc Party.
18 "Long Road to Ruin"
Foo Fighters
A faixa, de quase 4 minutos, traz um riff vitorioso e épico, solo virtuoso e o mais empolgante refrão composto por Dave Grohl desde os bons tempos de "Everlong".
Queens Of The Stone Age
A guitarra e a letra de Josh Homme fazem desta uma das canções de rock mais densas e profundas de 2007. Nos versos, Mark Lanegan diz ser sozinho e pede companhia para ir fundo e até o fim. Você tem coragem de acompanhá-lo?
Chemical Brothers
Clima tenso, melodia crescente que faz você ter vontade de gritar após o primeiro minuto da faixa, esta é a responsável por um dos melhores momentos do disco We Are the Night e também pelo ápice do show do duo em São Paulo.
White Stripes
Você anda se perguntando por que este ano foi tão fraco de riffs de guitarra? O negócio é que Jack White gastou todos nesta música.
22 "Piece of Me"
Britney Spears
Britney arrumou um sintetizador roqueiro enlouquecido para combinar com sua cabeça raspada. Prova de que a cantora tem alma - e os produtores certos para construí-la para ela.
Modest Mouse
A mistura disco de cordas e metais feita pelos roqueiros indies de Seattle foi o hit para ouvir no carro em 2007. Isaac Brock é quem disse, e a gente foi junto: "The dashboard melted, but we still have the radio!" (o painel derreteu, mas ainda temos o rádio!).
Interpol
A música tem todo um jeito épico: letra um tanto desconexa, bateria quebrada, riffs sincopados e o discurso sempre soturno de Paul Banks "Let it come/ I've got a chance for a sweet saint life" (Deixe vir/ Porque tenho uma oportunidade para uma doce vida sadia).
25 "This Ain't a Scene, It's an Arms Race"
Fall Out Boy
Os emos entraram no mundo do R&B? Como poderia dar errado? De vários milhões de maneiras, para falar a verdade. No entanto, é com esta música que o conto de fadas norte-americano de Peter Wentz finalmente alcança a grandeza.
*Errata na edição de janeiro da RS Brasil, versão impressa: a canção da cantora Bebel Gilberto que ocupa a 16ª posição entre as 25 melhores de 2007 é a faixa "Momento" e não "Jabuticaba", como foi publicado
Andrea Bocelli ganha documentário sobre carreira e vida pessoal
Janis Joplin no Brasil: Apenas uma Beatnik de Volta à Estrada
Bonecos colecionáveis: 13 opções incríveis para presentear no Natal
Adicionados recentemente: 5 produções para assistir no Prime Video
As últimas confissões de Kurt Cobain [Arquivo RS]
Violões, ukuleles, guitarras e baixos: 12 instrumentos musicais que vão te conquistar