Líder do coletivo de rap Odd Future fala (pouco) sobre a sua polêmica carreira e o novo disco, Goblin
Por Paulo Terron Publicado em 11/07/2011, às 12h30 - Atualizado em 07/12/2011, às 15h15
Na hora marcada para a entrevista com a Rolling Stone Brasil, Tyler, the Creator estava mais preocupado com outras coisas, debatidas por ele no Twitter: programas de TV, jogos de Xbox e discussões sobre gírias usadas pelos skatistas de Los Angeles. Dava para perceber que o líder do Odd Future Wolf Gang Kill Them All não estava nem perto de manter o compromisso quando ele começou a trocar mensagem com Jasper Future, outro integrante do coletivo de hip-hop, sobre a animação Regular Show (do Cartoon Network, para quem os músicos supostamente estão criando um piloto de série) e a que ambos estavam assistindo. Quase duas horas depois, a gravadora brasileira (a Lab344, que coloca o álbum Goblin, o segundo de Tyler, no mercado nacional em breve) ainda tentava descobrir com o braço norte-americano da gravadora Beggars Banquet o que estava acontecendo. E a resposta: nada, aparentemente.
Nos últimos dias, o rapper de 20 anos andava entediado. Ele fraturou o pé durante uma performance e não podia andar de skate com os amigos nem fazer shows. Quando finalmente foi "laçado" pela empresária Kelly Clancy, o rapper não escondeu o desgosto. "Está tudo horrível" é a primeira frase dele, respondendo a um "tudo bem?" "Não consigo me movimentar, então é um saco", ele completa, com a mesma falta de vontade em se explicar e sem mudar o tom grave da voz.
Mas o momento é empolgante para Tyler. Com Goblin, ele se aproveitou pela primeira vez de um esquema profissional de lançamento e distribuição. Foi também a primeira vez em que ele viu suas músicas formarem um disco em formato físico, uma mudança radical em relação ao antecessor, Bastard, distribuído online gratuitamente. Por que a mudança? "Não sei... Quero dizer, por que eu ia querer continuar lançando as coisas como eu fazia? É uma pergunta meio esquisita." Sim, mas a fama do Odd Future nasceu dessa reformatação do "faça você mesmo", sem o apoio de grandes empresas. "Foi legal, mas não estávamos ganhando dinheiro algum, então..." Quer dizer que agora vale a pena? "Sim, continuarei lançando mais coisas dessa forma futuramente."
Aproveitando o oba-oba em torno do Odd Future, o músico pretende também expandir a carreira para diretor de vídeos. "Não sei de onde veio [o interesse], simplesmente apareceu de surpresa", diz, com um suspiro de impaciência. "É um talento natural, como todo o resto que faço. Ninguém me ensinou a fazer rap ou a tocar piano, aprendi tudo sozinho. Foi a mesma coisa com os filmes." São dele os dois primeiros clipes do disco novo, "Yonkers" (no qual ele come uma barata, vomita e se enforca) e "She" (um suspense com elementos de terror, paranoia e ocultismo), e ele já definiu Goblin como "um filme" várias vezes. "As imagens simplesmente saem, não são específicas", ele explica. "A forma como o vídeo sai é exatamente como a música soa para mim. Não posso fazer um clipe para cada faixa do disco, então fica a cargo de cada um criar suas próprias imagens. É um filme na minha cabeça, mas talvez não seja para os outros."
Seja em letras de músicas, seja em entrevistas, Tyler, the Creator é uma metralhadora ao citar influências e origens musicais. Neste dia em particular, ele não está interessado em se aprofundar no tema. Os primeiros álbuns que chamaram a atenção dele, ainda pré-adolescente, foram 2001 (Dr. Dre), The Velvet Rope (Janet Jackson) e Behind the Front (Black Eyed Peas). Essas obras tiveram algum impacto na forma de ele compor? "Acho que sim." Ele escuta mesmo de Herbie Hancock a Joy Division? "Sim." O piano foi o primeiro instrumento pelo qual se interessou? "Foi." Escreve ao piano? "Todas as minhas músicas podem ser tocadas ao piano." Nos álbuns há um diálogo entre ele e um terapeuta fictício, Dr. TC. É assim que ele vê as músicas dele, como confissões sobre a vida? "É." E como se sente ao escrevê-las? "Ahn... Pelo menos eu posso me conhecer. Não penso muito quando estou escrevendo." E quando está cantando ao vivo? "É legal fazer shows, gosto de estar no palco."
O ânimo de Tyler só parece receber uma pequena injeção de adrenalina quando o foco sai da música e vai para o âmbito pessoal. As críticas a ele são sempre focadas em um mesmo ponto: a suposta homofobia das letras. Essa limitação de assunto incomoda? "Não sei... Superei isso. Antes me incomodava bastante, agora nem ligo mais", conta. "Eu sou motivado por negatividade."
Andrea Bocelli ganha documentário sobre carreira e vida pessoal
Janis Joplin no Brasil: Apenas uma Beatnik de Volta à Estrada
Bonecos colecionáveis: 13 opções incríveis para presentear no Natal
Adicionados recentemente: 5 produções para assistir no Prime Video
As últimas confissões de Kurt Cobain [Arquivo RS]
Violões, ukuleles, guitarras e baixos: 12 instrumentos musicais que vão te conquistar