Pianista Jerry Lee Lewis volta ao Brasil e relembra os velhos companheiros
Por Paulo Cavalcanti Publicado em 09/10/2009, às 09h48
Quando se trata de Jerry Lee Lewis, às vezes a lenda se confunde com a realidade. Ele foi um dos criadores do rock and roll, um verdadeiro rebelde que sobreviveu a escândalos e a todo tipo de excesso. Quase todos os seus contemporâneos já se foram desta para a melhor, mas Jerry Lee, aos 73 anos, continua mandando ver em clássicos como "Great Balls of Fire". Neste mês, o lendário The Killer retorna ao Brasil para uma série de shows.
Como é ser um dos últimos pioneiros do rock ainda tocando?
É sensacional, tenho muita sorte. Eu sempre dei duro para agradar ao meu público e isso me faz seguir. Por isso estou passando novamente pelo Brasil. Imagino se um dia vou parar! Eu convivi e trabalhei com Johnny Cash, Elvis Presley, Roy Orbison e outros. Sou praticamente o único vivo daquela geração. Mas é bom lembrar os tempos de ouro e dos momentos que tive ao lado deles.
Como eram aqueles dias nos lendários estúdios da Sun Records de Memphis?
Nós nos divertíamos muito. Éramos jovens, fazendo música e aproveitando a vida. Mas o trabalho duro era mesmo na estrada. Nós raramente parávamos em casa, só dava tempo de gravar uma coisa ou outra no estúdio e depois era uma turnê atrás de outra. Sabe como é, sem esforço, você não ganha!
E a lendária sessão de gravação que reuniu você, Elvis e Carl Perkins no final de 1956 nos estúdios da Sun?
É, foi legal. Eu era amigo de Elvis, Carl Perkins e Johnny Cash, quando nos encontrávamos tocando música uns dos outros. Até acontecer isso que foi chamado de "quarteto de 1 milhão de dólares"... Para muita gente, foi um encontro lendário, mas foi natural, aconteceu de estarmos lá. Cantamos principalmente gospel, que era o que todos nós conhecíamos bem.
Qual sua opinião sobre A Fera do Rock, de 1988, sua cinebiografia?
Hoje acho um pouco melhor, mas na época fi quei bem decepcionado com o resultado. Minha família também não gostou. Tinha uma ou outra coisa boa que me fez dar risada, mas eles não capturaram o verdadeiro Jerry Lee Lewis. Acho que ninguém conseguiria. Dennis Quaid estava bem, o que ajudou um pouco. Pelo menos usaram minhas mãos nas cenas de teclado!
Por um bom período você se dedicou à música country. Por que abandonou o estilo?
Eu amo ouvir e tocar country. Hank Williams foi um gênio e teve uma grande infl uência em meu estilo. O ruim é que hoje o que sai de Nashville é uma bosta, desculpe a expressão, mas é isso, pra mim soa tudo igual. Eu não sei o que essa gente está fazendo e acho que eles também não sabem. Acho que a música country deixou de ser boa quando eu deixei Nashville!
Seus discos clássicos estão sempre sendo relançados, mas sempre com capas e seleção de faixas desordenadas. Por quê?
É bom ter produtos nas lojas, mas infelizmente não tenho controle sobre nada. Por isso me incomoda ver sempre as mesmas músicas, mas em discos com capas diferentes. Eu gravei muito, assim existe bastante material para reciclar. Não posso fazer nada.
É difícil manter sua reputação como The Killer (O Matador)?
Na verdade, não. Eu sou o que sou. Não me importo em ser chamado de The Killer. Eu ganhei esse apelido na escola. Um dia um cara disse: "Vejo você mais tarde, Killer". E eu respondi: "Ok, te vejo no bilhar". Eu mal conhecia o cara. Por uma coincidência, fomos suspensos na mesma semana por brigar com o professor. E aí passamos a chamar um ao outro de The Killer. Foi assim que tudo começou.
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