Com a morte do lendário cantor e guitarrista B.B. King, o estilo perde o seu verdadeiro embaixador
Paulo Cavalcanti
Publicado em 11/06/2015, às 16h14 - Atualizado às 16h42Existem aqueles que nascem para ser músicos virtuosos. Outros se tornam extremamente bem-sucedidos no que fazem. E alguns, não muitos, viram personalidades maiores do que a vida. Mas são raríssimos os que agregam todas essas qualidades. O bluesman B.B. King, que morreu no dia 14 de maio, em Las Vegas, aos 89 anos, devido a complicações causadas pelo diabetes, foi um desses casos em que popularidade, musicalidade e um senso de herói folclórico se juntavam de forma homogênea. A vida e a trajetória de Riley B. King, nascido no dia 16 de setembro de 1925 em Berclair, Mississippi, personificaram o sonho americano torto: nascido em meio à pobreza rural, enfrentou inúmeras dificuldades, lutou contra o racismo e triunfou de forma notável.
King, assim como Elvis Presley, era um cidadão adotado da cidade de Memphis. O Rei do Rock era fã confesso do bluesman. King era chamado de Rei do Blues e ninguém contestou o título. Sempre jovial e bonachão, o cantor e guitarrista, acompanhado pelo instrumento que ele chamava de Lucille, era o incontestável embaixador do blues. Antes disso, na década de 1950, ele foi um músico vital, um dos gigantes da geração do blues pós-guerra que impulsionaram o surgimento do rock and roll. Nos anos 1960, influenciou os músicos ingleses de blues e fez mágica em templos da contracultura como o Fillmore, casa de shows de São Francisco. “O blues não é música para se associar à pobreza. Ele tem que ser tocado nos melhores lugares do mundo”, disse o artista certa vez. King vestia o smoking e se apresentava para chefes de Estado, mas também gostava de ser popular e querido, encantando as massas dos quatro cantos do mundo com hits como “The Thrill Is Gone” e “Sweet Little Angel”. Lucille se calou para sempre, mas a emoção do blues de King não se foi; segue com força eterna.