Estrelando o filme Mulheres no Poder, Dira Paes acredita no humor como ferramenta crítica
THIAGO NEVES
Publicado em 11/11/2015, às 16h20 - Atualizado às 18h28Aos 46 anos, dira paes é uma atriz de muitas possibilidades. Desde a ingênua personagem Solineuza, em A Diarista, à igualmente celebrada interpretação de Celeste, na minissérie Amores Roubados, a paraense provou ser capaz de injetar versatilidade na imagem de mulher forte que passa invariavelmente. Em seu novo trabalho, Dira converte essa força em poder e influência. No filme Mulheres no Poder, do diretor Gustavo Acioli, a atriz vive a senadora Maria Pilar, que, por meio do posto político, tenta influenciar processos de licitações públicas, visando o próprio enriquecimento.
Amplamente discutido, o tema da corrupção é o centro do enredo, que propõe uma nova abordagem à pauta: a do riso. “Não é uma discussão simples, e o filme busca justamente mostrar esse ponto. A corrupção é um modo de fazer política, e minha personagem é cooptada por essa estrutura”, argumenta a atriz. Para Dira, o humor é uma poderosa ferramenta crítica, possibilitando uma nova percepção do debate. “A comédia distancia o ambiente daquilo que ele é cotidianamente.
Acho que, indo além do riso, o espectador talvez perceba outros questionamentos sobre a corrupção”, explica.
Uma das inspirações para Mulheres no Poder foi a crescente (porém, ainda pequena) ocupação de cargos públicos por mulheres. O roteiro foi escrito durante as eleições presidenciais de 2010, quando duas delas postulavam o cargo de presidente do país. No entanto, para Dira, o ambiente político ainda é marcado pelo machismo.
“O longa também provoca nesse aspecto. O trágico é que o cenário atual é o exato oposto da trama. Já imaginou se os homens tivessem de lutar por participação política? As mulheres são mais de 50% da nossa população, mas essa divisão não se reproduz no Congresso”, pontua a atriz. “Isso precisa ser dito da forma mais clara possível, pois o machismo e a misoginia são realidade. Me entristece muito ainda termos que discutir isso no século 21.”